Microsoft procura parceria com start-ups para vencer batalha com Amazon
A Microsoft e a Amazon estão a adotar uma nova tática para vencer a batalha pelos negócios de computação em nuvem. As gigantes de tecnologia estão a estabelecer parcerias com start-ups, com a promessa de as ajudar a comercializar os seus produtos.
A Microsoft anunciou em setembro uma parceria com a Abnormal Security, que estabelece que a start-up de segurança de e-mail com sede em San Francisco mude o seu software para a nuvem Azure. Em troca, a Microsoft compromete-se a vender os serviços da Abnormal aos seus clientes corporativos.
A Amazon também recorreu a este modelo de parceria para fortalecer os seus negócios. Em janeiro, assinou um acordo com a Apptio, empresa de software com sede em Bellevue, nos EUA, que ajuda os utilizadores a gerir os seus gastos com a nuvem. A Apptio concordou em expandir a utilização da Amazon Web Services e a Amazon começou a comercializar os serviços da start-up juntos dos seus clientes.
“Todas estas plataformas adorariam que as start-ups funcionassem sobre elas”, disse Matt McIlwain, diretor-geral da empresa de capital de risco Madrona Venture Group, com sede em Seattle, citado pelo The Wall Street Journal.
Para as duas gigantes da computação em nuvem, esses acordos de parceria podem ajudar a sustentar o crescimento num segmento de negócios que é cada vez mais competitivo. Já os parceiros podem aproveitar o vasto alcance de vendas da Microsoft e da Amazon, tendo acesso a uma série de clientes que muitas start-ups e pequenas empresas poderiam ter dificuldade a alcançar de forma independente.
AWS vs Azure
A Amazon tem uma participação de mercado de 45% no fornecimento da chamada infraestrutura de nuvem pública, à frente da Microsoft com quase 18%, de acordo com a empresa de pesquisas Gartner, que coloca outras rivais abaixo dos 10%. A Amazon avançou à imprensa internacional que a nuvem gerou cerca de 12,5% das vendas totais da empresa no ano passado. A Microsoft, que calcula a receita da nuvem de forma diferente, disse que essas vendas representam mais de 30% da sua faturação total.
Nos dois anos desde a sua fundação, a Abnormal usou a AWS, gastando vários milhões de dólares anualmente no serviço. Mudar para outro fornecedor pode ser complicado e caro. No entanto, o executivo-chefe da Abnormal, Evan Reiser, explicou que vender o seu serviço de segurança para grandes clientes corporativos ligados à Microsoft é tão atraente que compensa a desvantagem de trocar de fornecedores de nuvem.
Efeitos da pandemia
A Microsoft e a Amazon depararam-se com a adoção acelerada dos seus serviços em nuvem durante a pandemia, à medida que as empresas recorriam a ferramentas para trabalho remoto. O uso elevou as expetativas dos investidores, deixando pouco espaço para erros. Enquanto as ações da Microsoft subiram mais de 30% neste ano, as da Amazon aumentaram mais de 70%, impulsionadas pela força da sua nuvem e das vendas no retalho online durante a crise de saúde.
Se, por um lado, a Amazon popularizou o modelo de nuvem, por outro lado, a Microsoft intensificou o seu desafio para ganhar mais empresas lucrativas e de rápido crescimento. As duas têm lutado ferozmente, incluindo por contratos multibilionários com o governo. O Pentágono revelou este mês que está a avançar com um contrato de computação em nuvem com um potencial de 10 mil milhões de dólares (8,45 mil milhões de euros) com a Microsoft, depois de a Amazon ter perdido a licitação e de ter contestado o negócio.
O foco inicial da Amazon na nuvem proporcionou um salto na conquista de negócio de start-ups. Muitas delas foram as primeiras a adotar os serviços de computação da Amazon, o que lhes permitiu evitar gastar na compra de seus próprios servidores e software.
A Amazon lançou discretamente, há três anos, o AWS Connections, programa destinado a ligar start-ups a alguns dos seus maiores clientes. A start-up de seguros digitais Slice Insurance Technologies Inc., sediada em Nova Iorque, usou o programa da Amazon para ganhar negócios de um fornecedor de seguro-saúde que opera na Austrália, disse o CEO da start-up, Tim Attia.
Para a Microsoft, o modelo de parceria faz parte de um esforço mais amplo para garantir mais negócios, que podem começar pequenos, mas se tornar enormes.
Saam Motamedi, membro do conselho da Abnormal e sócio geral da Greylock Partners que apoiou a start-up, disse que “a Microsoft tem promovido agressivamente a sua nuvem Azure para essas empresas jovens”. Para a Microsoft, o acordo com a Abnormal é um sinal de que o modelo de parceria funciona.








