Opinião
Melhor educação e gestão com parcerias público-privadas

Não há segredos sobre as razões que explicam o atraso nacional. O que existe são hesitações sobre o que fazer para corrigir esse atraso. A campanha eleitoral para as eleições de dia 10 de março é um bom exemplo.
O atraso português explica-se sobretudo por uma educação formal deficiente e uma gestão empresarial pouco eficaz. É possível ler mais sobre esta teoria no cristalino capítulo que o economista Ricardo Reis lhe dedicou no livro “Portugal e o Futuro”, publicado em 2011. Ou no estudo que sustenta a suas conclusões, dos economistas britânicos Nick Bloom e John Van Reenen, que se dedicaram por um lado à exaustiva tarefa de avaliar a eficácia das práticas de gestão em 17 países diferentes (Portugal, como se vê no quadro, tem dos piores gestores do estudo) ou a medir quanto um ano extra de educação em Portugal gera de riqueza adicional (Portugal ocupa novamente o pior lugar do grupo).
Seria por isso natural que a campanha para estas eleições estivesse concentrada nestes dois pontos. Como pode um futuro Governo gerar melhor educação e gestores mais preparados. Mas a dispersão de temas dos candidatos parece destinada a confundir mesmo o mais paciente dos eleitores.
Nas empresas participadas pela Core Capital, a sociedade gestora de capital de risco que fundei com os meus sócios Pedro Araújo e Sá e Nuno Fernandes Thomaz, aplicamos estes princípios nas empresas participadas pelos fundos que gerimos. Depois de capital fresco, introduzimos nestas empresas equipas de gestão que, além de larga experiência setorial, passaram na escola mais 13 anos do que a embaraçosa média nacional: 7,7 anos. Os resultados são espetaculares.
Não se trata, portanto, e como explicou Ricardo Reis, de investimento público em educação: Portugal gasta em % do PIB tanto como os Estados Unidos, Alemanha ou Espanha. Trata-se da qualidade da escola na capacidade de gerar mais riqueza. No estudo, usaram o mercado de trabalho americano e canadiano, onde existem emigrantes de muitos países. E descobriram que um emigrante português ganha 2% mais por cada ano extra de escola portuguesa. Um grego 4.1%, o espanhol 4.8% e os alemães 8.3%. Para concluir: “a qualidade da nossa escola é muito, mas mesmo muito, inferior à dos nossos parceiros.
Não se trata, igualmente, da qualidade de gestão nas grandes empresas. Essa é feita por gestores com longos anos de educação, muitos deles fora de Portugal. São as empresas que não estão no topo que preocupam, onde os gestores têm em média 9 anos de educação formal (o 9.º ano de escolaridade). Estas empresas são as menos produtivas – dessas, quase 40% não geram Ebitda para cobrir custos financeiros.
Os políticos sem limitações populistas (isto é, que não pensam como aqueles da esquerda e direita radicais) conhecem as vantagens da associação entre Estado e privados. Porque não fazem mais?
Nas empresas, a forma mais eficaz de levar a melhor gestão às pequenas e médias empresas é via capital de risco privado. O Governo só tem de intensificar os programas do Banco de Fomento onde cada euro seu está alinhado com o risco dos euros privados, deixando em seguida estas boas práticas funcionar.
Na educação, colocando mais escolas públicas e privadas em sã concorrência, como acontece hoje entre a Universidade Católica e a Universidade Nova (e que boas se tornaram), permitindo que o dinheiro público siga a qualidade do ensino medida por incrementos de riqueza por cada ano extra de educação. Mas não é disto que se fala nesta campanha eleitoral.