Opinião
Maintenant je sais (parte 1)

Maintenant je sais
Je sais qu’on ne sait jamais! (Jean Gabin)
Há uns tempos, partilhei aqui algumas das lições do Senhor Silva Gomes… E ao fazê-lo relembrei tantas outras que fui recebendo ao longo da Vida e que não resisto a partilhar.
São, graças a Deus, muitos os ensinamentos que me foram sendo dados ao longo da Vida por pessoas com quem me fui cruzando de forma mais permanente ou mais efémera. Família, amigos, chefes, clientes, pessoas com quem apenas me cruzei de passagem. Mas todos me disseram ou mostraram alguma coisa relevante e que entendo que vale a pena ser partilhada.
Só espero que sejam tão úteis para quem as ler como têm sido para mim!
- Não é porque sou mais inteligente, é porque sou mais velha
A antiguidade não é um posto… Mas a experiência e o que com ela aprendemos (se nos dermos a esse cuidado) valem muito. Quantas vezes resolvemos problemas de forma simples… só porque antes já tínhamos andado às voltas à procura da maneira de resolver alguma coisa parecida…? Aproveitar o que a experiência nos dá e a que deu a quem nos rodeia deveria ser a pedra de base de todos os processos de Gestão de Conhecimento!
- Chorar não nos faz mais fracos
Emoção e razão têm de andar juntas e, de facto, chorar não nos enfraquece. A capacidade de sentir o que se passa à nossa volta, de ler o que os outros pensam, de saber como os trazer para o nosso lado sem destruir o lado deles… são fatores fundamentais.
- Se saber não ocupa lugar… Partilhá-lo não o destrói
A curiosidade pelo que não se conhece, o estudo e a busca do conhecimento devem ser uma constante na nossa Vida, porque sem eles não teremos o poder de adivinhar as oportunidades, responder aos desafios e conquistar vitórias. E não ocupa mesmo espaço. Mas não vale a pena ser egoístas e querê-lo todo só para nós. O prazer de transmitir o que sabemos e ajudar os outros a crescer é das melhores coisas da Vida!
- Percebo as coisas mais complicadas, se mas explicarem simplesmente
O gosto que alguns têm de complicar para fazer valer o seu conhecimento dos factos é um dos sinais de pequenez mental que mais se encontra na sociedade atual. No mundo profissional – onde o uso de siglas herméticas ou de equações intermináveis afastam os incultos do que se está a passar e garantem apenas aos eleitos acesso aos problemas e soluções, e lhes defendem a supremacia sobre os seres inferiores que não os acompanham. E também na nossa vida pessoal – do ar enorme que os nossos filhos fazem quando nos atrevemos a fazer uma qualquer pergunta sobre o computador, telemóvel ou app… à explicação interminável e complexa que um qualquer técnico nos dá sobre uma avaria que, por vezes, se resolve trocando uma peça! Descomplicar e tornar a vida fácil para todos devia ser obrigatório!
- Como se come um elefante…?
Às postas! Problemas complexos, realidades desafiantes, situações caóticas… nada os torna tão menos complicados do que uma dissecação dos vários componentes e o reconhecimento de que não se pode fazer tudo ao mesmo tempo. Se tentarmos pôr comida sólida na boca, ao mesmo tempo que bebemos água… o que acontece?
- Odeio detalhes! mas odeio quando eles falham….
Pois… é chato termos de nos preocupar com minudências. É uma seca executar as tarefas de pormenor, quando nos apetece estar a pensar em voos grandiosos. Mas nada se faz sem o trabalho de formiga no nitti gritti e não há estratégia perfeita que resista a uma execução manhosa.
- Não podemos comer o bolo e ficar com ele na mão
Era bom não termos de fazer escolhas e, muitas vezes, embrulhamos a nossa vida porque não temos a capacidade de o fazer. Na escolha do nosso parceiro, na forma como gastamos o dinheiro, na opção de mercados a conquistar, nas férias que fazemos, no emprego que aceitamos… Se não formos capazes de perceber que não podemos ter tudo… não vamos chegar a parte nenhuma! Remember Steve Jobs? Saber dizer que não…?
- É nossa obrigação fazer bem o que temos que fazer
Ter brio, querer que saia perfeito, não desistir enquanto o resultado não nos agrada e ter a noção de que, no trabalho, no estudo, na nossa vida – há tarefas que nos pertencem e que temos a obrigação de assumir e executar, sem esperar que nos deem palmadinhas nas costas e nos digam que bons que somos.