Lisbon Investment Summit: a experiência de quatro investidores que já foram empreendedores

Muitos empreendedores experientes passaram de fundadores de start-ups para investidores. Será esta transição algo natural para os empreendedores? Quatro investidores, que outrora foram fundadores dos seus negócios, deram a conhecer hoje a sua experiência no Lisbon Investment Summit.

Um aluno torna-se professor e um futebolista torna-se treinador, mas será que os empreendedores acabam por se tornar investidores? Será esta uma “evolução” natural na carreira dos fundadores e trabalhadores de start-ups? Este tema foi discutido no segundo dia do Lisbon Investment Summit por quatro investidores de fundos de capital de risco.

Para Filip Dames, fundador e parceiro da Cherry VC, um fundo de capital de risco sediado em Berlim, o facto de já ter sido empreendedor facilita bastante as relações com as start-ups, mas diz ser necessário ter cuidado para não interferir de modo negativo no desenvolvimento da empresa em que está a investir. A entrada de Filip para “o lado negro da força”, aconteceu de forma natural.

Na opinião do investidor alemão, o seu cargo deve ser visto como estratégico e não operacional, ou seja, não fazer muito mais para além de investir o seu dinheiro e de servir de mentor para não interferir de maneira negativa no desenvolvimento natural da start-up. Dames acrescenta ainda, em tom de brincadeira, que “é estranho fazer as mesmas reuniões, mas estar do outro lado da mesa. É sempre difícil não interferir demasiado” no projeto em que se investe.

Marc Rougier, parceiro da francesa Elaia Partners, defendeu que evoluir com uma start-up é algo gratificante. O investidor francês referiu que ser investidor é como estar no lugar do pendura com o fundador da start-up ao volante. Não convém mexer no volante para não perturbar o caminho, mas pode sempre dar indicações para levar o projeto a bom porto.

Sean Seton-Rogers, parceiro e cofundador do fundo de capital de risco inglês PROfounders Capital, referiu não haver relação direta entre bons empreendedores e bons investidores. Seton-Rogers, que passou para o lado de investidor há mais de uma década depois de ter falhado um negócio como fundador de uma start-up, referiu que os fundadores constroem o veículo e os investidores dão o combustível necessário para arrancar e ajudam a start-up a gerir os recursos durante a viagem.

Pietro Bezza, cofundador e gestor da Connect Ventures, discorda com o inglês no sentido em que há uma mais valia se os empreendedores que passaram a investidores tiverem sido bem-sucedidos no primeiro cargo. No entanto, diz que, apesar de ter tido uma boa experiência como empreendedor, também teve de aprender a ser um investidor. Bezza refere que o seu cargo ao lado das start-ups tem também de passar por ser “cheerleader” visto que as equipas precisam de dedicação, motivação, entusiasmo e, o mais importante, respeito.

Apesar de terem tido experiências diferentes, todos os investidores concordam com a ideia de que quando um empreendedor se defronta com um problema prefere falar com alguém que já tenha passado pelo mesmo. Concluindo, apesar de não haver uma evolução simples de empreendedor para investidor, o facto de já ter havido uma experiência como fundador ou trabalhador de uma start-up dá confiança às pessoas que recebem os investimentos.

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