Opinião
Invista em formação, pela sua saúde

Haverá muitas mais razões que apenas sete para se dar mal ao não apostar em formação. Mas sete são críticas e farão diferença face ao futuro que se aproxima.
1) É um erro grosseiro dizer que não se investe em tempos de crise. Ora porque se está desempregado, ora porque não se sabe o futuro, ora ainda porque se tem receio e não se sabe o que aí vem. Tudo pensamentos que em nada ajudam e em nada musculam a preparação de cada um. O resultado deste tipo de pensamento é chegar ao final do tempo de crise desgastado, sem formação e ainda a olhar para o lado e a ver todos quantos apostaram em formação a passarem à frente. Em crise investe-se, sim. Talvez se deva investir mesmo mais que em períodos de milking the cow, i.e., em períodos de não crise;
2) O mercado está estagnado em uma série de setores e as contratações estão a ser frequentemente postecipadas. Este adiamento dá tempo para formação; querendo crescer há que desenvolver um trabalho formativo que o lance para uma vida profissional com algum sentido e algum sabor – nada somos só com vida pessoal e sem trabalho; desenganem-se os que acham que sim, só porque sim;
3) O mercado de emprego não voltará tão cedo a dar sinais de procura forte e muito menos a revelar um salário interessante. Seria necessário mudar o paradigma da economia. É preciso vencer uma pandemia e para além dela é necessário recuperar a economia. Depois, eventualmente em paralelo, perceber que os modelos de negócio terão de se reinventar na lógica do valor. O recrutamento, nestes próximos tempos, estará muito condicionado. E a adicionar a isto ainda não vencemos a pandemia. Assim sendo, os próximos anos serão anos claramente de formação pois serão concomitantes à recuperação;
4) As pessoas melhor posicionadas para uma pós pandemia, ou para uma convivência prolongada com o vírus (que talvez seja provável), serão aquelas que estarão mais bem preparadas a se posicionarem na linha da frente para as primeiras grandes oportunidades que estão a surgir. Essas são as que fizeram formação, tout court;
5) O tempo de que dispomos é apesar de tudo interessante. Muitas pessoas ainda estão em trabalho remoto e assim continuarão. Se alguém tiver de se deslocar irá beneficiar de menos tempo de trajeto e, consequentemente, mais tempo liberto para o próprio. Ao contrário, se alguém está em casa, em trabalho remoto, e apesar do esforço, deve mesmo aprender a conciliar tudo porque nunca terá uma oportunidade como esta para gerir tão bem o seu dia a dia;
6) A formação permite focar o futuro e aquilo que importa, abstraindo-se, na medida do possível, do frenesim das notícias diárias, do sensacionalismo com que se jogam números e das discussões infindáveis sobre se é “assim ou assado”. Sobretudo quando quem discute não o faz intervindo; fá-lo sendo não mais que um mero comentador desportivo dado que as suas ações em nada alteram o curso da realidade, seja ela qual for;
7) Finalmente, mas não menos importante, a formação é uma forma de valorização que engrandece enormemente a autoestima. E sua autoestima não é um brinquedo de somenos importância dado que será um ativo importantíssimo para passar o que se tem a passar e para aguentar o que se tem a aguentar. Experimentem deixar-se levar pela maré negra e a autoestima será sujeita a um maremoto das emoções e, então, ver-se-á a resiliência por um canudo. O fortalecimento mais interessante e que remunera sempre é o da formação. Em payback, em equilíbrio e em criação de oportunidades.
Invista, pois, em formação. Fortaleça-se, pela sua saúde.