Investidores da Uber anunciam ter falhado na mudança da cultura da empresa

Dois investidores da Kapor Capital, investidora da Uber, anunciaram ter falhado na sua tentativa de mudar a cultura “agressiva” da empresa.

Dois business angels da Uber anunciaram que os seus esforços para mudar a “agressiva” cultura interna da empresa não têm funcionado, pelo que tornam o assunto público na esperança de que outros possam exercer pressão adicional sobre a mesma.

Mitch e Freda Kapor, da Kapor Capital, fizeram-no através de uma carta aberta aos investidores e ao conselho de administração da Uber que foi publicada esta semana no Medium.

“O grande sucesso da Uber em termos de crescimento de mercado, receitas e valorização é impressionante, mas tal nunca poderá desculpar uma cultura dominada pelo desrespeito, pela exclusão, falta de diversidade e tolerância ao bullying e ao assédio de todas as formas”, referem os investidores na carta aberta.

“Como investidores iniciais da Uber, a partir de 2010, há anos que tentamos trabalhar nos bastidores para exercer uma influência construtiva na cultura da empresa. Temos estado disponíveis sempre que a Uber se tem visto a braços com a crítica pública, para fazer sugestões e darmos-lhe apoio publicamente, na esperança de que a liderança tomasse os passos certos para fazer as mudanças necessárias e gerar mudanças reais”, acrescentaram.

Os investidores consideram-se “dececionados e frustrados”, acrescentando mesmo que chegaram a um “beco sem saída no tentar influenciar a empresa a nível interno” e sem deixar o assunto chegar ao domínio público.

O ex-procurador-geral dos EUA, Eric Holder, e Tammy Albarran, que investigam conjuntamente as acusações de assédio na Uber, emitiram uma declaração em nome da empresa, na qual referem que “pretendemos ser minucioso, imparciais e objetivos e estamos a conduzir esta investigação com a maior integridade e profissionalismo”.

Os temas do assédio sexual e da discriminação são hoje inevitáveis no mundo da tecnologia, depois das declarações num blog de uma ex-engenheira da Uber sobre a cultura corporativa de empresa em que alega diversos casos de assédio sexual enquanto lá trabalhou.

Para Mitch e Freda Kapor, “há muitas pessoas talentosas e dedicadas na Uber que querem realmente que a empresa tenha uma melhor atitude e que precisam de ser ouvidas e respeitadas”, acrescentando que estão preocupados com o facto de a empresa se limitar a tentar gerir esta crise mas que, logo de seguida, volte ao negócio como o fez até aqui.

“Enquanto investidores, claro que queremos ver a Uber a ter sucesso, mas este deve ser medido por mais do que apenas o retorno financeiro. A resposta de Uber a esta crise em particular será decisiva para a empresa”, consideram.

Segundo a CNBC, Ellen Pao, que em 2012 tinha instaurado e perdido um processo judicial alegando que o seu empregador Kleiner Perkins Caufield & Byers a discriminavam devido ao seu género, é outra das investidoras da Kapor Capital.

Comentários

Artigos Relacionados