Opinião

Inteligência emocional e gestão de conflitos nas organizações

Ana Paula Monteiro, coautora do livro “Gestão de conflitos nas Organizações”

Não existem ambientes organizacionais sem conflitos. Uma das funções dos líderes consiste em prevenir, gerir e resolver conflitos, tendo como objetivo manter um ambiente de trabalho equilibrado, motivador e que permita o desenvolvimento profissional.

As oportunidades e os riscos dos conflitos são muito influenciados pelas percepções e emoções dos envolvidos e do modo como os mesmos são geridos. Percebemos desta forma a importância da inteligência emocional para a gestão colaborativa de conflitos, apontando a investigação científica que pessoas com níveis de inteligência emocional (IE) mais elevados são mais capazes de diminuir o stress e de gerir positivamente os conflitos nas organizações.

A IE é a capacidade de expressar e identificar os próprios sentimentos e os dos outros da melhor forma, dando a possibilidade de realizar uma gestão adequada tanto das nossas emoções, como nas relações entre colegas, chefias e subordinados. A utilização da IE mostra-se vantajosa na gestão de equipas e permite que, por exemplo, um gestor compreenda a especificidade de cada colaborador, bem como aquilo que o faz feliz e quais as suas frustrações e medos.

A inteligência emocional no processo de liderança significa utilizar as emoções de forma refletida, ou seja, que o líder intencionalmente as aplique a favor dos resultados. Os gestores, que têm uma melhor compreensão das suas emoções e dos sentimentos dos seus colaboradores e têm consciência do modo como o seu comportamento afeta os outros, têm mais probabilidades de alcançar melhores resultados e são considerados líderes mais eficazes. A IE está também associada a uma liderança transformadora e conduz a efeitos positivos no desempenho do trabalho, na regulação de emoções, na diminuição do stress, na superação de desafios e diminui os efeitos negativos dos conflitos.

As emoções têm um impacto considerável nas decisões e influenciam a escolha da estratégia de gestão do conflito. A IE permite a compreensão do ponto de vista do outro (empatia), diminui as divergências e as tensões entre os membros de equipa (clima positivo), pode potenciar a performance e a motivação dos colaboradores.

O conflito despoleta basicamente emoções negativas (raiva, ira, medo e aversão), pelo que a sua gestão construtiva implica ir além da tensão, hostilidade e competição que habitualmente se estabelecem entre os envolvidos. De facto, tem inerente a necessidade de construir uma solução para os problemas que estão na base do conflito, o compromisso e responsabilidade de ambas as partes e frequentemente a capacidade de restaurar o relacionamento.

A aplicação da inteligência emocional na gestão dos conflitos passa por:

  • Entender as próprias emoções e as do outro;
  • Adaptar o comportamento (ao outro e à situação);
  • Melhorar a comunicação;
  • Admitir os próprios erros;
  • Superar em conjunto obstáculos e adversidades;
  •  Manter relações interpessoais positivas;
  • Centrar-se no problema e olhar para o futuro.

Ana Paula Monteiro  é professora auxiliar no departamento de Educação e Psicologia da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, e coordenadora e coautora do livro “Gestão de conflitos nas Organizações”, 2024 (PACTOR).

 

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