Inteligência artificial: Portugal ainda está numa fase de experimentação, diz estudo.

A inteligência artificial no setor público a nível europeu esteve em análise no estudo promovido pela EY e pela Microsoft. Portugal também foi contemplado.

“Portugal ainda se encontra numa fase de experimentação de soluções em áreas específicas da organização, enquanto que nos casos europeus estes já se encontram numa fase de inclusão de mais áreas na utilização de soluções de inteligência artificial (IA)”. Esta é uma das revelações do estudo “Inteligência Artificial no Setor Público”, desenvolvido pela EY com a Microsoft, e que envolveu um inquérito realizado em 12 países europeus (Áustria, Bélgica, Dinamarca, Espanha, Finlândia, Holanda, Irlanda, Itália, Noruega, Portugal, Suécia e Suíça) junto de funcionários públicos que desempenham um papel de liderança no desenvolvimento e gestão das agendas de IA.

As instituições do setor público destacaram a importância de soluções de inteligência artificial para melhorar o ambiente organizacional e os recursos internos das organizações, mas ainda é necessário dimensionar as soluções e funções de inteligência artificial a implementar, constata o estudo. De acordo com esta análise, 65% dos inquiridos europeus considera a IA como uma prioridade face a 64% dos inquiridos portugueses.

No conjunto das conclusões apurados pela EY e pela Microsoft, destaque para o facto de 54% dos inquiridos portugueses revelar que tem estruturas de IA limitadas face a 48% das instituições europeias, enquanto 50% refere que não implementou IA em nenhuma área da organização, em comparação com a média europeia que ronda os 28%.

Na análise ao tema das competências na IA, o estudo “Inteligência Artificial no Setor Público” mostra que mais de 50% dos inquiridos portugueses considera ter mais competências do que a maioria dos países europeus, no que se refere a tecnologia, dados, cultura, ética e talento.

Em matéria de dados e tecnologia, competências fundamentais para IA no setor público, Portugal regista uma média de 3.8 relativamente à média europeia com 3.4 no que diz respeito aos dados. Na competência tecnologia, Portugal regista uma média de 3.6 comparativamente a 3.1 da avaliação realizada nos restantes países europeus.

O estudo mostra ainda que a maioria das tecnologias de Inteligência Artificial usadas por empresas públicas são soluções limitadas que permitem aumentar a eficiência e a qualidade do serviço, permitindo aos funcionários públicos concentrarem-se em tarefas que geram valor. O estudo exemplifica com o caso do Instituto da Segurança Social, I.P. que utiliza tecnologias de Machine Learning através do chatbots, sete dias por semana, durante 24 horas, para que possam responder a questões práticas. A expetativa é que esta solução de IA acrescente valor ao ISS através da redução de tarefas rotineiras e tempo na resolução de burocracias, tornando-a mais eficiente e próxima do cidadão.

Apesar de as instituições do setor público estarem na fase inicial de implementação de soluções de Inteligência Artificial, ainda com poucas soluções, reconhecem a capacidade desta tecnologia na criação de valor. 5% dos inquiridos nacionais considera que tem um impacto significativo junto dos stakeholders face a 4% dos países europeus. Quando se questionou de que forma a inteligência artificial melhora a capacidade das organizações na resolução de problemas, as instituições portuguesas afirmam que 5% resolve questões complexas com recurso a IA e 36% refere-se à resolução de tarefas simples. Por sua vez, 4% dos inquiridos europeus afirma que resolve questões complexas e apenas 26% tarefas simples.

Refira-se que o estudo, que contou com a participação de 200 empresas, 23 das quais portuguesas, analisou três pilares do setor público – administração pública, saúde pública e transportes públicos – e permite recolher as perceções dos decisores, as práticas de liderança e os principais use cases, tanto em termos de adoção atual como potenciais para o futuro. Constatou-se que o setor da saúde tem a maior taxa de adoção de IA, com 71% dos inquiridos a responderem que já implementaram um ou mais use cases de IA. Por sua vez, 70% dos entrevistados deste segmento afirma que já implementaram uma solução de IA.

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