Opinião
A quem incomodam os milionários?
![Eugénio Viassa Monteiro, professor da AESE-Business School](https://linktoleaders.com/wp-content/uploads/2016/11/eugenio-monteiro.jpg)
Apareceu nos media uma notícia sobre o número de milionários nas principais cidades da Índia, com a indicação da riqueza total nelas produzida.
Eis a ordenação:
Riqueza em 2016 | Nº de Milionários | Nº Bilionários[1] | |
Mumbai | $820 bn | 46.000 | 28 |
Delhi | $450 bn | 23.000 | 18 |
Bangalore | $320 bn | 7.700 | 8 |
Hyderabad | $310 bn | 9.000 | 6 |
Kolkota | $290 bn | 9.600 | 4 |
Pune | $180 bn | 4.500 | 5 |
Chennai | $150 bn | 6.600 | 4 |
Gurgaon | $110 bn | 4.000 | 2 |
Algumas pessoas que se ‘preocupam’ com os pobres, mas pouco fazem por eles, ficam perplexas e aterradas com o crescente número de milionários a açambarcar a riqueza. Outras preferem encarar isso com serenidade e sem preconceitos: ao mesmo tempo que há mais milionários, o número de pobres ter-se-á reduzido muito mais, dizem.
É bom que haja milionários que utilizem bem os seus recursos para criar riqueza e postos de trabalho; os novos postos reduzem o número de pobres. De lamentar seria que os milionários malgastassem os recursos ou não os depositassem em bancos, para outros poderem utilizar. Espera-se que paguem os impostos devidos, coisa fácil de se conseguir, pois não são clandestinos e vivem em casas vistosas!…
Alguns terão consciência social para potenciar o país a alcançar objetivos úteis, como tornar o país mais interligado e muito mais digital e moderno. Outros criaram instituições de saúde, quando os Governos eram incapazes, melhoraram instituições de ensino, criaram fundações de apoio a realizações sociais, etc.
É certo que há muita pobreza, pessoas sem meios. Mas isso, num país onde o rendimento médio é razoável, é um problema de distribuição da riqueza, de justiça, e há que instaurar uma política de cobrança dos impostos devidos, para com eles assegurar os serviços básicos para todos.
Há 3 anos, no total da população indiana, menos de 40 milhões pagavam impostos sobre os rendimentos. É uma base muito reduzida e, apesar de já se ter duplicado, ainda parece pouco.
São as receitas do Estado (central e estaduais) que devem garantir um ambiente de segurança; elas podem garantir um futuro a todos os cidadãos, possibilitando o acesso à instrução – primeiro a obrigatória e, depois, aquela a que um jovem tenha capacidade de aspirar; cuidados de saúde, vacinações e acesso aos centros de saúde e hospitais, quando necessário. Também a expansão e manutenção das infraestruturas, para que o cidadão se possa movimentar para os locais de trabalho ou de estudo, para o mercado, levando/trazendo produtos.
A justiça na fixação e cobrança dos impostos deve ir em paralelo com a sua eficaz e correta utilização, para resolver ou antecipar os problemas da sociedade, em particular a disparidade entre ricos e pobres.
A evolução positiva dos países, com crescente bem-estar, dá-se quando o Governo responde às suas incumbências: às antes referidas e ao fomento de Instituições sociais intermédias, onde os cidadãos, em especial a classe média, se inserem, para defender os seus interesses em mútua colaboração e trazendo novas aspirações e exigências. As associações facilitam a participação criando compromissos entre os cidadãos e dão eficácia às realizações; com pessoas organizadas em instituições de tipo político, intelectual, de lazer, etc., ‘a força da união’ retira o cidadão do isolamento e atomização que o deixa vulnerável.
[1] Bilionário em inglês que significa possuidor de mais de “um milhar de milhões”