Opinião
A importância das mulheres no ensino da gestão de recursos humanos
Muito se tem debatido sobre o papel das mulheres em contexto de trabalho, em contexto organizacional, mulheres em funções de liderança, para dar apenas alguns exemplos. A reflexão agora proposta, que considero estar na base de todas estas temáticas, é a da importância das Mulheres no Ensino da Gestão de Recursos Humanos.
Quando falamos de Ensino e quando falamos de Gestão de Recursos Humanos, falamos de pessoas e de como lidar com elas, seguramente falamos de mulheres!
Nas últimas décadas, tem vindo a assistir-se a um interesse crescente da investigação sobre a relação entre as mulheres e o trabalho. Contribuem para este crescente interesse fatores de ordem económica, social e demográfica.
O ingresso da mulher no mundo do trabalho e a consequente alteração do papel da mulher como trabalhadora e mãe; o facto de ambos os elementos do casal trabalharem fora de casa e a consequente responsabilização de ambos os elementos do casal na educação dos filhos; o aumento da participação dos homens na vida familiar; o casamento mais tardio e a diminuição do número de filhos; e ainda o aumento de famílias monoparentais – são alguns dos fatores que têm implicações na forma de organização e na conciliação do papel familiar com o papel de trabalhador. Estas alterações, para além de afetarem a estrutura e a dinâmica familiar – particularmente da mulher – bem como a configuração do trabalho, contribuem ainda para atenuar os estereótipos associados aos papéis desempenhados por homens e mulheres, quer no trabalho quer na família, conduzindo a uma relação de posições mais igualitária em termos de género.
As relações entre papéis de vida, como a família e o trabalho, têm assim sofrido profundas alterações, muitas delas geradoras de conflitos e de dificuldades de conciliação entre tarefas familiares e profissionais.
O tema ganhou particular relevância associado a estudos sobre o papel da mulher na sociedade e na família, sendo objeto de ampla literatura científica e de vasta divulgação social. Prevalecem perspetivas no campo da sociologia, do direito e da política que têm contribuído para um interesse crescente sobre o tema. Por outro lado, os estudos sobre o conflito família/trabalho têm ganho grande relevância nas últimas décadas, refletindo dificuldades de conciliação e de integração, suscitando, assim, a necessidade de contributos de outras áreas que favoreçam uma compreensão mais alargada do fenómeno, ao nível do comportamento individual e do funcionamento familiar.
O Ensino é, sem dúvida, uma área do trabalho tradicionalmente feminina. Não será certamente por acaso que todas as profissões ligadas ao ensino e ao cuidar do outro estão povoadas de mulheres. É que, efetivamente, quer no ensino, quer na Gestão de Recursos Humanos, são determinantes para o sucesso algumas competências que, tendencialmente, muito caracterizam as mulheres. Falamos, por exemplo, de competências ao nível do relacionamento interpessoal, competências de comunicação, competências na gestão de conflitos. As tão faladas softskills, cada vez mais valorizadas pelos empregadores, são um legado que foi deixado às mulheres desde sempre. Na expressão utilizada por um aluno brasileiro de um curso de Pós-Graduação em Recursos Humanos que lecionei na Universidade Estadual de Santa Catarina, Florianopolis: “Professora, Mulher entende de gente!
* Leonor Almeida, coordenadora do Mestrado em Gestão do Potencial Humano do ISG