Há uma “siri” dos médicos em Portugal que já fala com cerca de mil doentes

Software criado pela portuguesa UpHill funciona como um assistente virtual que liberta os profissionais de saúde de “papelada” e chamadas telefónicas. Para acompanhar a apresentação do novo software, a tecnológica lançou uma campanha nas redes sociais sobre a ineficiência dos cuidados de saúde.
A UpHill lançou um novo software que reúne funcionalidades relacionadas com a comunicação entre as equipas de saúde e os doentes, bem como a automatização de tarefas. O produto já está a ser utilizado em seis hospitais portugueses e os resultados dos primeiros projetos serão conhecidos no final do ano.
Criada com a missão de melhorar a qualidade da saúde através da capacitação dos profissionais nos momentos de decisão, a start-up já desenvolveu cerca de 100 algoritmos clínicos que funcionam como um GPS para guiar as ações das equipas e fornecem, em tempo real, orientações detalhadas sobre a melhor forma de abordar cada doença. “O objetivo sempre foi garantir os melhores cuidados para todos os doentes, mas agora estes passam a fazer parte da solução”, explica em comunicado.
“Esta é a ponte que faltava para ligar os profissionais de saúde aos doentes e libertá-los de tarefas repetitivas, burocráticas e de baixo valor acrescentado, que são, simultaneamente, fator de frustração e exaustão. O software monitoriza a evolução de sintomas ao longo do tempo, interpreta os resultados, identifica sinais de alerta, avisa as equipas e automatiza algumas ações recomendadas”, afirma Eduardo Freire Rodrigues, cofundador e CEO da UpHill, lançada em 2015 por três médicos, na mesma nota.
Na prática, a solução desenvolvida pela empresa tecnológica permite que vários profissionais acedam ao estado e progresso do doente em tempo real, tenham sempre a informação necessária para tomar decisões e acompanhem o doente fora dos serviços de saúde, sem que isso signifique passar mais horas ao telefone ou a enviar emails.
Além de automatizar estas tarefas, que ficam a cargo do software, a tecnologia desenvolvida pela UpHill garante também que toda a informação recolhida é contextualizada e utilizada para identificar situações de agravamento da doença e antecipar ações, como o agendamento de consultas, ajuste terapêutico ou encaminhamento do doente para o serviço de saúde mais adequado.
Segundo os dados da Administração Central de Serviços em Saúde (ACSS), no ano passado, ficaram por realizar meio milhão de consultas no Serviço Nacional de Saúde (SNS). A atividade aumentou e o tempo de espera diminuiu face aos anos anteriores, mas apenas porque houve menos doentes a procurar estes serviços – registaram-se menos 85 mil pedidos de consultas face a 2019.
“Neste cenário, a UpHill representa a diferença entre fazer uma viagem planeada, previsível e segura, assistida por copilotos em tempo real, ou percorrer uma rota em zig-zag à mercê de curvas e contracurvas, avanços e recuos de caminhos fragmentados em que a única garantia da chegada ao destino é trabalho sobre-humano do condutor”, conclui Eduardo Freire Rodrigues.
Para acompanhar a apresentação do novo software, a tecnológica lançou uma campanha de awareness nas redes sociais que pretende alertar para a ineficiência dos cuidados de saúde e a necessidade de encontrar soluções para os problemas previamente identificados.
A UpHill foi fundada em 2015, tem presença no setor hospitalar e farmacêutico europeu, levantou cerca de 5.1 milhões de euros em investimento e estabeleceu, no final do ano passado, uma parceria com a Direção-Geral da Saúde para a digitalização das normas e orientações clínicas.