Grandes empresas europeias financiam a inovação

De forma a manterem-se na linha da frente, muitas grandes empresas da Europa estão a apoiar e criar start-ups para inovar nas suas áreas de atuação, como a Airbus, BASF ou a Volvo.

A criação de fundos de investimento corporativos para financiamento de start-ups é cada vez mais comum entre as grandes empresas de todo o mundo, e as gigantes europeias não fogem à regra. Consoante a sua área de atividade, são inúmeras as grandes empresas europeias que criaram os seus próprios fundos de investimento para a inovação, que apoiam start-ups (ou têm as suas próprias start-ups) e que exploram inovações nos setores chave. Eis alguns desses fundos, identificados pela Sifted, e o trabalho que estão a desenvolver.

Setor automóvel: aceleradoras
Houve um aumento significativo de programas de aceleração no setor automóvel nos últimos anos. O Startup Garage, da BMW, e o Startup Autobahn, da Daimler, foram os primeiros a entrar em cena, mas desde 2017 que quase todos os grandes fabricantes automóveis têm um programa de aceleração. Variam consoante a duração do programa, o financiamento oferecido e se os fabricantes têm capital próprio ou não.

Aviação: Airbus testa entregas de drones
A subsidiária da empresa aeroespacial europeia, a Survey Copter, em parceria com a região de Hauts-de-France, está a realizar testes conjuntos de entregas através de drones.
Esta é uma das áreas com mais investigação e testes. A empresa de logística UPS também fez uma parceria com a CVS, uma rede de farmácias, para testar a entrega de medicamentos através de drones, e a Wings (que pertence à Alphabet) tem uma parceria com a Walgreens e a FedEx para testes semelhantes.
Na Europa, empresas como a irlandesa Manna.aero tencionam iniciar o serviço de entrega de comida através de drone no próximo ano.

Indústria química: aumentar a capacidade das baterias
A alemã BASF e a nipónica NGK Insulators juntaram esforços para desenvolver baterias de enxofre e sódio que podem ser usadas para armazenar grandes quantidades de energia por períodos mais longos do que as baterias de íões de lítio usadas hoje em quase tudo (desde telemóveis a carros elétricos).

As baterias de enxofre e sódio (Na-S) existem desde a década de 1960, mas como funcionam a temperaturas muito altas (entre 300º a 350º Celsius), podem representar um risco de segurança. Este centro de inovação quer desenvolver baterias Na-S a funcionar a temperaturas mais baixas.

Energia: Turbinas flutuantes
A Shell comprou a Eolfi, empresa holandesa de turbinas eólicas flutuantes que permitem aumentar exponencialmente o número de locais onde estas podem ser instaladas no mar. Por exemplo, o mar do Japão é muito profundo para as turbinas eólicas tradicionais que precisam de ser fixas no fundo do oceano. Com as turbinas flutuantes, a costa marítima japonesa poderia ser otimizada no que respeita à produção de energia.

Serviços financeiros: bancos de pequena dimensão
O banco espanhol Santander gastou 350 milhões de libras (408 milhões de euros) para comprar a maioria na fintech Ebury, uma start-up que disponibiliza serviços de câmbio, gestão de caixa e financiamento comercial para pequenas e médias empresas. Embora tenha sede em Londres, a Ebury foi fundada por espanhóis e tem escritórios de desenvolvimento em Madrid e Málaga. Com esta compra, o Santander espera que o sistema de utilização simples da Ebury ajuda a conquistar mais clientes junto do segmento das PMEs, ao passo que para a Ebury abre as portas para os mercados da América Latina e da Ásia.

Comida e bebida: aposta nas algas
A Nestlé fez uma parceria com a Corbion, empresa holandesa de alimentos e bioquímica, para desenvolver produtos à base de microalgas e assim juntar essa oferta ao portefólio de alimentos sem carne da Nestlé. A multinacional não especificou que tipo de alimentos pretende produzir a partir das microalgas.
Os seres humanos comem microalgas há milhares de anos, como, por exemplo, os astecas que incluiam spirulina nos alimentos.

Cuidados de saúde: transplantes de órgãos de suínos para  humanos
A farmacêutica alemã Bayer participou na ronda de financiamento Série B de 100 milhões de dólares (90,4 milhões de euros) da eGenesis, uma start-up norte-americana que usa edição genética para alterar órgãos de porco, de forma a que estes possam ser transplantados com segurança em humanos. Esse tipo de xenotransplantes pode resolver a escassez crónica de órgãos para doação, mas a tecnologia ainda não chegou ao ponto de ser testada em seres humanos.

Logística: lidar com os retornos de mercadoria
A Maersk Growth, o braço de investimentos da AP Moller-Maersk, assumiu uma participação minoritária na ZigZag, start-up sediada em Londres que ajuda empresas como a Topshop e a Gap a lidar com “as devoluções compulsivas”. Muitas cadeias de venda de roupa enfrentam dificuldades com os consumidores que encomendam artigos online e que depois devolvem a maior grande. Aliás, algumas marcas veem mais de metade das vendas online devolvidas, o que se torna extremamente dispendioso para as marcas. O software da ZigZag ajuda a gerir e a minimizar os custos do processo de devolução.

Mobilidade: carros com empatia
Carros que sintam empatia é a ideia que está por trás de um projeto de desenvolvimento da BMW, incluindo carros que podem sentir as emoções dos seus ocupantes e robôs que podem reproduzir o sentido humano do tato. A Volvo está a apostar nos camiões elétricos de recolha de lixo. Mudar os sistemas de recolha de lixo para veículos elétricos ajudará as cidades a cumprir as metas de redução de emissões de carbono e juntamente reduzir os níveis de ruído durante as horas de recolha.

Comentários

Artigos Relacionados