Opinião
A geração Z está a chegar às empresas

O conhecido físico Stephen Hawking disse uma vez que “o mundo mudou muito mais nos últimos cem anos que em qualquer outro século da história. A razão não é política ou económica, mas tecnológica”.
De facto, hoje olhamos à volta e entendemos que a evolução tecnológica, o acesso à tecnologia e a forma como usamos essa tecnologia está não só nas empresas, mas também no cidadão comum.
Na realidade, há uns dias, dou por mim a pensar como serão os modelos de gestão empresarial daqui a 20 ou 30 anos, quando olhava e pensava nos meus filhos, os quais já são produtos da geração Z. Eles usam a tecnologia hoje, de uma forma que eu, na idade deles, apenas sonhava quando via o Star Trek. Vejamos: o mais velho (16 anos) já organiza trabalhos de grupo via Skype, o outro (14 anos) grava os seus trabalhos na cloud, a filha mais velha (5 anos) não sabendo ler, interage com o Youtube por voz, para fazer as suas pesquisas de vídeos e músicas que quer ver e ouvir e, a mais nova (2 anos) domina o iPad e o comando da televisão com uma destreza invejável.
Isto é, daqui a 20 ou 30 anos, e vendo estes pequenos exemplos lá de casa, entendo que o mundo empresarial irá sofrer uma revolução profunda nos seus hábitos de gestão. Estarão na liderança das empresas, pessoas com hábitos intrínsecos de uso da tecnologia. Nestas próximas décadas, com o desaparecimento do mundo laboral da geração baby boomers (os nascidos até 1960) e geração X (nascidos até 1980), os modelos organizacionais das empresas estarão totalmente diferentes, e provavelmente mais eficientes, com uma capacidade de exploração de dados e informação interligados inerentemente aos objetivos e produtividades empresariais, dado que as atividades estarão associadas (quase) sempre ao uso direto e indireto de tecnologias.
Vendo as ações dos meus filhos no mercado de trabalho, antevejo que as comunicações unificadas serão uma commodity, a cloud nas empresas já não será sequer uma questão, a interação com interfaces aplicacionais será por voz e por gestos, onde o teclado ou o rato deixarão provavelmente de fazer, em grande medida, sentido de uso ou mesmo de existirem, até porque os sistemas de tradução automática de voz para texto estarão embebidos “by default” no desenvolvimento aplicacional. As assistentes pessoais, como a Siri ou a Cortana, estarão sem descanso, de manhã à noite, em busca de melhorias pessoais e empresariais.
Tendo em conta estas análises, que são corroboradas por muitos analistas que estudam aprofundadamente a temática empresarial e tecnológica futura, importa aos executivos verificarem os seus processos de gestão e de inovação, que lhes permita fazerem os seus processos de transformação necessários para se manterem competitivos e capazes de dar novas e melhores experiências de uso aos seus clientes, dos seus produtos e serviços, caso contrário nada lhes restará para gerir nas suas empresas daqui a 20 ou 30 anos. Em termos práticos, falamos da aplicação de modelos intrínsecos e contínuos de transformação digital.
Verificando esta aceleração do uso de tecnologias, questiono também se os meus filhos estarão a ser preparados na escola para os novos desafios, alguns dos quais ainda não sabem que são desafios, ou para tecnologias que ainda nem foram inventadas. Isto é, questiono também se a transformação digital chegou às escolas de ensino básico ou secundário ou às universidades. Acima de tudo, será que se estimula o “pensar”, o “analisar”, o “interpretar”, ao contrário do “decorar”, do “debitar”, do “executar” da revolução industrial que fomos ensinados.
Acredito que o sucesso individual e empresarial far-se-á na criatividade, a qual será uma variável mais complexa de replicar pelo mundo das tecnologias. A geração Z está a chegar cheia de tecnologia “nos bolsos e nas cabeças”, preparem-se.