Entrevista/ “As pessoas ainda têm algum receio de comprar calçado online”
Joana Lemos é a fundadora da Freakloset, uma marca de sapatos portuguesa com um design minimalista que se adapta a diferentes estilos e personalidades e que já exportou para mais de 24 países. Leia a entrevista do Link to Leaders a esta jovem empreendedora.
Licenciada em Gestão de Administração de Empresas pela Universidade Católica de Lisboa, mestre em marketing pela ESADE de Barcelona e em design, na nova-iorquina Parsons School of Design e no IADE, a fundadora da Freakloset tem a ambição de internacionalizar a marca, focando-se no Reino Unido, Alemanha, Holanda e Estados Unidos.
Como surgiu a Freakloset?
A ideia surgiu da minha tese de mestrado na ESADE, incentivada pela vontade de criar um produto inédito, que se adaptasse a diferentes estilos e personalidades. Após uma rigorosa análise de mercado, decidi avançar com a criação da marca em Portugal, tendo, desde então, trabalhado para encontrar os melhores parceiros, materiais, o melhor processo de produção e o melhor design para garantir que apresentamos um produto único, nacional, que prima pela qualidade, detalhe, conforto e design.
Como descreve a marca?
A Freakloset é a nova marca de calçado premium 100% português que chega aos mercados nacional e internacional com uma proposta de valor única: reinventar os modelos mais clássicos, icónicos e intemporais de calçado, tornando-os totalmente personalizáveis com novas cores e novos materiais.
Quais os maiores desafios e entraves que encontraram pelo caminho?
O maior desafio foi sem dúvida encontrar uma fábrica que estivesse preparada para produzir sapatos personalizados, ou seja, um a um, sem ser produção em massa. Este foi um dos objetivos superados, sendo que neste momento temos uma fábrica excelente em São João da Madeira, com a qual estamos muito satisfeitos. Outro grande desafio é o facto do nosso foco ser a venda online. Sentimos que com calçado as pessoas ainda têm algum receio de comprar online, sendo que não podem experimentar o modelo antes. Para combater este desafio temos devoluções e trocas gratuitas para todo o mundo, e tentamos estar presentes em mais lojas, de forma a que os clientes podes experimentar os sapatos antes de compra e aumentar a experiência offline.
Como percebeu o potencial de negócio da sua ideia de personalização de calçado? Os portugueses foram recetivos?
Apercebi-me que não existia nenhuma marca de calçado clássico em que se pudesse escolher as cores das diversas partes do sapato, sem ser um processo longo e exaustivo. Foi aí que tive a ideia de criar um software de personalização simples, rápido e divertido, que permitisse a escolha de diversas combinações de cores, aplicáveis em quatro áreas do sapato, em poucos minutos. Solas coloridas também era algo que esteticamente achava muito interessante e não existia nenhuma marca de personalização que o permitisse fazer. Os portugueses mostraram-se muito recetivos ao conceito. No entanto, foi nos países nórdicos onde obtivemos maior adesão ao produto, sendo que existe uma grande apreciação pelo design minimalista.
O que distingue a Freakloset de outras marcas que já existem no mercado de sapatos construídos à medida do cliente?
A simplicidade do software, o design minimal, as cores e os materiais inovadores utilizados nos sapatos, cujo objetivo principal é trazerem conforto.
Como selecionam os produtos com os quais trabalham para personalizar o calçado.
Antes de utilizarmos qualquer tipo de material, fazemos dezenas de testes de forma a selecionarmos apenas aqueles que mostram uma elevada qualidade e durabilidade, que favorecem o conforto do sapato e que se adaptam à estética da marca.
Na moda, a personalização é um mercado em ascensão?
Sim, cada vez mais sentimos que as pessoas têm necessidade de se diferenciarem e terem peças únicas feitas especialmente para elas. Vemos muitas evidencias disto no mercado, sendo que há muitas marcas de luxo a introduzirem a personalização, o que mostra que cada vez mais as pessoas gostam de estar mais envolvidas no processo de criação do produto e querem dar-lhe o seu cunho pessoal.
Uma vez que a personalização encarece o produto, como consegue angariar clientes?
Através da diferenciação do produto e da experiência de compra, que vai desde o processo de personalização até ao momento em que o cliente recebe a caixa em casa.
Onde podemos encontrar os vossos produtos? E os preços?
Os nossos produtos/preços estão disponíveis no nosso site (www.freakloset.com) e no nosso showroom em Lisboa, que fica na Rua do Passadiço, 72 (perto da avenida da liberdade).
Estamos também presentes nas lojas:
SCAR-ID Store: Rua do Rosário 253, Porto
The Feeting Room: Calçada do Sacramento nr 26, 1200-394 Lisboa
MNDS Shoes: Zwaanshals 508/3035 KS, Rotterdam, Holanda
Online:
MINTY SQUARE: www.mintysquare.pt
FANCY: www.fancy.com
TUEDDER: www.tuedder.com
Como descreve o vosso tipo de cliente?
Ao contrário dos clientes que aderem ao fast fashion, o nosso tipo de cliente é aquele que prefere a qualidade, durabilidade e unicidade do produto, e que não se importa de pagar um pouco mais por estes aspetos.
Target: Homens e mulheres dos 30 aos 50, classe média/alta.
Os Freakloset já desfilaram na Semana da Moda de Londres. Faz parte dos vossos planos continuar a apostar na internacionalização?
Sim, um dos grandes objetivos da marca é de facto a internacionalização. Neste momento estamos a focar-nos nos mercados do Reino Unido, Alemanha, Holanda e Estados Unidos.
Quantas pessoas fazem parte da empresa?
Neste momento somos uma equipa de três pessoas constituída por mim, pelo Diogo Simões, CFO e operações, e pela Arianne Amores, Design e marketing.
É fácil ser-se empreendedor em Portugal?
Pode-se de dizer que é cada vez mais fácil, devido à grande quantidade de incentivos, apoios e ferramentas que se encontram disponíveis no mercado. No entanto, existem sempre muitos desafios, responsabilidades e obstáculos a serem ultrapassados, mas ao mesmo tempo é muito recompensador poder criar algo meu numa idade tão jovem, e sendo jovem tenho mais do que energia para ultrapassar todos estes obstáculos.
Projetos para o futuro?
Crescer e solidificar a marca e a introdução de novas categorias de produtos.
Respostas rápidas:
O maior risco: Abrir a minha empresa acabada de sair da faculdade.
O maior erro: Tentar fazer tudo sozinha sem pedir ajuda a quem sabe e pode ajudar.
A melhor ideia: Freakloset – personalização.
A maior lição: Ter sempre um plano B, e nunca ficar dependente de quem quer que seja, deste um cliente grande a um fornecedor.
A maior conquista: Termos vendido para mais de 24 países, e a participação na London Fashion Week.
*Start-up registada no Viable Report