Opinião
Europeus nunca quiseram tanto viajar… e isso é bom para Portugal

Um estudo da European Travel Commission (ETC), divulgado há poucos dias, indicou que, apesar da crise internacional que atravessamos, 70% dos europeus pretendem realizar pelo menos uma viagem nos próximos seis meses. É um número superior em 4% aos resultados do ano passado, o que, segundo a ETC, revela um apetite crescente por viagens.
Estes resultados, tão animadores, certamente deixarão os empresários da atividade turística em Portugal com um sentimento duplo, de grande satisfação e de esperança.
Grande satisfação, em primeiro lugar, porque os resultados demonstram, se necessário fosse, que o Turismo é uma área que resiste às crises como poucas outras e que, por isso, é uma aposta certa, apesar de o seu percurso estar repleto de dificuldades. Mesmo nos tempos mais negros da pandemia, quando as viagens estavam proibidas, o setor nunca deixou de acreditar que o regresso à normalidade seria pujante, como se veio a verificar.
Esperança, porque Portugal é visto, cada vez mais, como um destino preferencial para quem quer viajar. O nosso é um país seguro, tranquilo e acessível. É um país que dispõe de uma diversidade turística invulgar e que oferece a quem o visita experiências inesquecíveis – o que lhe valeu, mais uma vez, ser considerado o Melhor Destino Turístico da Europa nos World Travel Awards. Esta grande apetência dos europeus por viajar terá, seguramente, reflexos muito positivos na procura por destinos em Portugal.
De notar que, no mesmo inquérito, 52% dos europeus disseram estar a ponderar fazer duas viagens nos próximos seis meses e 62% tencionam viajar na Europa durante o outono e inverno. Este é outro dado que merece toda a atenção por parte dos empresários e entidades nacionais. Portugal foi vendido, demasiado tempo, como um destino de sol e praia, o que concentrou os visitantes nos meses de verão. Felizmente, nos anos mais recentes verifica-se que essa sazonalidade exacerbada tem vindo a atenuar-se. São cada vez mais os visitantes que preferem conhecer o nosso país fora da época alta e que se perdem de amores pela pacatez – e pelas temperaturas amenas! – dos meses de outono, inverno e primavera.
Sou um otimista nato. Acredito que o turismo vai continuar a ser, e de forma crescente, o motor do desenvolvimento em Portugal, sobretudo nos territórios de menor densidade e mais afastados dos centros de decisão. Inquéritos como o da ETC fazem-me acreditar que este otimismo tem justificações objetivas e que o turismo fará de Portugal um país mais desenvolvido.