Opinião

Estão as instituições de ensino superior a corresponder à procura de GRH?

Casimiro Ramos, coordenador de Mestrado no ISG

Independentemente de análises criticas que se possam fazer às insuficiências do ensino superior em Portugal, a verdade é que a evolução do acesso ao mesmo, apesar do decréscimo da taxa de natalidade, tem sido assinalável.

Das 81 mil vagas disponíveis em 1995/96, evolui-se para mais de 122 mil vagas em 2017/18, um acréscimo que, por si só, é relevador da aposta na educação qualificada dos jovens portugueses. De acordo com os dados disponibilizados pela Direção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência (DGEEC), no seu portal, desde o ano letivo de 1995/96, que a área das Ciências Sociais e Empresariais é a que mais vagas disponibiliza (em média 33,9% das vagas totais) para candidatos a inscrição pela 1.ª vez, no 1.º ano de licenciatura.

A área das Ciências Sociais e Empresariais integra vários cursos de licenciatura, que vão desde Jornalismo, Psicologia, Sociologia, Economia, Direito e Gestão que, entre outras, abordam a gestão das relações humanas, nomeadamente a Gestão de Recursos Humanos.

Esta última, apesar de ser uma licenciatura que no período de 1995/96 a 2017/18 somente disponibilizou em média 1.069 vagas (3,2% em média das vagas em Ciências Sociais e Empresariais) a evolução da procura por este curso no ensino público e privado, ao longo do período em análise, merece a nossa atenção e reflexão.

Em 1995/96, as licenciaturas e bacharelatos em Gestão de Recursos Humanos (GRH) integravam a oferta de 11 estabelecimentos de ensino, sendo que somente um deles era uma instituição pública.

O aumento da oferta pública evidencia-se, sobretudo, a partir do ano letivo de 2000/01 e mais acentuadamente em 2006/07 quando, juntamente com a oferta privada, se iniciou a integração de candidatos com mais de 23 anos, tendo o número de vagas aumentado 79,8% e as inscrições alcançado o número máximo de 1.010 inscritos, contra os 595 inscritos no ano letivo anterior. Nesse ano já existiam 20 estabelecimentos de ensino a oferecer a formação em G.R.H., número que decresceu ligeiramente até 2017/18, ano em que este curso fez parte da oferta formativa de 17 estabelecimentos do ensino superior, sendo que 6 desses estabelecimentos eram públicos e 11 eram privados.

As inscrições nas licenciaturas em G.R.H, à semelhança da generalidade dos restantes cursos, sofreu uma redução da procura pelos candidatos ao ensino superior, no triénio de 2012/2013 a 2014/2015 (menos 20%), para a partir de 2016/17 voltar a registar um aumento das inscrições que correspondeu em 2017/18, a um crescimento de 11,5% do número de inscritos.

Ilustrativo desta evolução é também a comparação entre no número de inscritos pela 1.ª vez, no 1.º anos e o número de vagas disponibilizadas que, em 2017/18, atingiu a taxa de preenchimento de vagas próxima da verificada no excecional ano de 2006/2007 (92,6%), de 88,3%.

Fonte de dados: DGEEC

Em 2017/18, dos 11 estabelecimentos de ensino superior privado que tinham a licenciatura em GRH na sua oferta formativa (56,2% das vagas), 49% das mesmas foram disponibilizadas por 6 estabelecimentos de ensino que integram o mesmo Grupo e do qual faz parte o ISG – Instituto Superior de Gestão, instituição que tem visto de forma crescente, a procura dos candidatos por esta oferta formativa.

Se alargássemos a nossa análise ao número de mestrados e pós-graduações que as diversas instituições de ensino disponibilizam para formação nesta área, constataríamos ainda mais claramente a aposta crescente nos últimos anos, na formação de Gestores de Recursos Humanos.

Mas será que a procura dos candidatos por formação em Recursos Humanos é uma resposta às necessidades das empresas com profissionais especializados nesta área? Se for esse o caso, poder-se-á dizer que, pela parte dos formadores (instituições de ensino superior), estes têm estado a corresponder e que os futuros formados, corresponderão também.

Referencia bibliográfica (fonte de dados): http://www.dgeec.mec.pt/np4/EstatVagasInsc/

* Casimiro Ramos, Coordenador do Mestrado em Gestão do Potencial Humano do ISG – Instituto Superior de Gestão

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