Empresas portuguesas adotam IA para otimizar operações, revela relatório

Para a maioria das empresas portuguesas, a otimização de operações (90%), o aumento de vendas (37%) e a melhoria da experiência dos clientes e utilizadores internos (32%) são as principais motivações para adotar a Inteligência artificial.

A edição deste ano do relatório Ascendant Digital 2024, da Minsait, revela que as empresas começam a definir as bases para incorporar inteligência artificial nos seus processos e poderem capitalizar todo o seu potencial de crescimento. No caso de Portugal, 90% das empresas identifica a otimização das operações como a principal motivação para a adoção da Inteligência Artificial.

Intitulado “IA: Uma revolução em curso”, o estudo baseia-se nos dados das mais de 130 empresas nacionais que participaram num inquérito que decorreu até março deste ano, em parceria com a AESE Business School. A nível global, o estudo envolveu mais de 900 organizações do Sul da Europa e da América Latina, de 15 setores de atividade.

O relatório confirma que, embora as empresas de todos os setores tenham por base um baixo nível de adoção da IA, estas estão conscientes do desafio que implica promover e captar todo o seu valor à medida que esta tecnologia avança. Inclusivamente, muitas estão já a lançar-se na implementação concreta, especialmente de IA generativa, o que deu origem a um elevado número de referências numa fase muito anterior ao que normalmente acontece com outras tecnologias emergentes.

Embora atualmente apenas 10% das empresas, a nível global, tenha um plano de IA totalmente integrado nas suas estratégias, somente 36% destas já começou a desenvolvê-lo e três em cada quatro planeia tê-lo a médio prazo, o que demonstra a importância estratégica que a IA terá nos negócios.

Performance nacional
De acordo com o relatório Ascendant, entre as empresas portuguesas que já iniciaram este caminho, 90% fizeram-no com a motivação de incorporar a IA na otimização de operações e redução de custos, 37% para aumentar as vendas e 32% para uma evolução da experiência dos seus clientes e utilizadores internos. De forma geral, existem reservas quanto à exploração de outras áreas ou à facilitação de ações autónomas por parte da Inteligência Artificial.

Entre as áreas da cadeia de valor em que as organizações portuguesas estão a aplicar a IA, destaque para o desenho de produtos e serviços (93%), operações de cliente (85%), estratégia (85%) e vendas (80%) que têm incentivado o desenvolvimento de casos de uso em áreas como a análise preditiva para a tomada de decisões, a investigação e conceção de novos produtos e serviços, a conceção e personalização de campanhas, a previsão da procura dos clientes ou a geração de códigos informáticos.

Entre as principais barreiras identificadas pelos inquiridos portugueses destacam-se a falta de um modelo de governação de dados e a sua gestão (39%) e a existência de infraestrutura tecnológica adequada (39%), seguindo-se a falta de profissionais qualificados (34%).

Apenas 24% das organizações nacionais identifica a instabilidade da regulação e a ausência de um quadro regulamentar estável como uma barreira ao aumento da sua adoção. No entanto, a recente aprovação da Lei Europeia da IA ​​(AI ACT), o primeiro regulamento sobre Inteligência Artificial no mundo que regula novos cenários de oportunidades, serve como incentivo para que as empresas reforcem os seus investimentos nesta área.

Globalmente, das empresas que participaram no estudo, 78% já possuem infraestrutura na cloud para promover a inteligência artificial e uma em cada três possui acordos com parceiros tecnológicos especializados.

A utilização setorial da inteligência artificial ainda é muito desigual, embora a nível global o relatório demonstre que a Banca, a Energia, os Seguros e as Telecomunicações já tenham permitido medidas para mudar o seu foco para a IA ou incorporar produtos e serviços baseados nela na sua proposta de valor. Por sua vez, áreas como Consumo & Retalho, Indústria ou Administrações Públicas encontram-se em fases mais incipientes para poderem explorar ao máximo o potencial deste recurso.

O relatório inclui vários casos de uso já implementados em empresas e instituições, a nível internacional, que também têm uma componente relevante de desenvolvimento sustentável, atuando na proteção do ambiente, na geração de conhecimento, no combate à desinformação, ou na eliminação da exclusão digital.

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