Opinião
E quando o novo mundo chegar?
Já é indisfarçável que o tema central do futuro próximo das economias e comércio mundial vai girar em torno das relações bilaterais entre EUA e China, com a União Europeia em papel secundário. Alguns contornos dessa evolução já são conhecidos e muitos estarão por desbravar, naquilo que vai ser o nascimento de uma nova era tecnológica, pela proliferação do 5G.
Não há volta a dar: o mundo irá transformar-se no que diz respeito aos grandes players mundiais, seja na centralidade geográfica ou nos setores de atividade dominantes, tal como os consumidores e sociedade em geral, que passarão a organizar-se de um modo cada vez mais distinto dos moldes tradicionais.
A vulgarização da robotização marcará os próximos tempos, o texto dará lugar à voz, o comodismo resultante do acesso a “quase tudo” imperará e o fascínio pelos momentos de lazer crescerá exponencialmente e terá um preço. É o tempo dos algoritmos sugerirem preferências, moldarem modos de vida e substituírem, em alguns casos, a tomada de decisão.
A inteligência artificial galopará em progressão geométrica na medida que for sendo aplicada e validada pelo mercado nos mais variados domínios da vida privada. Estamos perto de uma realidade em que biliões de dispositivos irão estar conetados à rede em permanência, desde os drones, aos veículos autónomos, sensores, frigoríficos e até a entrada em casa.
E todos os setores de atividade terão de ser repensados: desde a medicina ao ensino, desde a atividade seguradora à consultoria, desde a construção ao retalho. É muito possível que dentro de pouco tempo a nossa casa seja construída com sensores inteligentes que detetam automaticamente erros de construção, humidade, desperdício de água e eventuais problemas elétricos. E que vejamos jogos de futebol através da holografia e realidade aumentada e virtual, como se estivéssemos no próprio estádio. É isto o 5G!
Ora, nesta fase decisiva muito se tem falado sobre quem dominará o mundo neste novo paradigma. As inovações da Huawei culminaram ainda agora no lançamento do telemóvel Mate com tecnologia imersiva e que surpreenderam os mais descrentes da sua performance técnica, sobretudo por não ter nenhuma app ou serviço da Google.
Espera-se uma resposta forte precisamente da Google, que embora atrasada no time to market, seguramente não quererá ficar atrás nesta luta titânica pelo controlo do acesso e gestão da informação no mundo. Não me refiro ao Android 10 que é o primeiro passo para o 5G, mas sim a uma revolução maior.
O facto da Huawei ter tomado a dianteira não é fruto do acaso. Para além da questão política inerente ao poderio das grandes forças mundiais, que não é tema deste artigo, é bom que se reconheça que há muito trabalho de casa a ser levado a cabo. Anualmente, formam-se em computação quântica, matemática, engenharia de sistemas, biotecnologia, etc… quase 5 milhões de chineses, oito vezes mais do que norte-americanos. Não é por isso de estranhar que quase 60% das implementações 5G na Europa estejam a cargo da empresa chinesa.
Este é um tema que ninguém poderá deixar de acompanhar, por ser tão crítico como apaixonante. E, sobretudo, porque vai moldar as nossas vidas e alterar comportamentos. Não há como disfarçar: nada ficará como dantes!
E a propósito, é o tempo das empresas, independentemente da sua dimensão e setor, levarem a cabo uma ferramenta de gestão tantas vezes descurada como mal elaborada: a sua análise SWOT! Aquelas que o fizerem corretamente estarão mais preparadas para perceber o que lhes irá acontecer um dia destes e, com isso, antecipar caminhos e soluções! As que acham que não é preciso questionarem-se nem adotar uma visão holística do seu negócio, estarão a prazo. Curto!