Discriminação continua presente no local de trabalho, diz estudo da Cegoc
O estudo internacional “Diversidade e inclusão nas organizações: desafios e competências de uma transformação cultural” revela que 63% dos colaboradores já sofreram pelo menos uma forma de discriminação no trabalho.
A discriminação continua muito presente no local de trabalho, as políticas globais de D&I precisam de ser mais amplamente divulgadas e cabe às organizações implementar e avaliar as ações a desenvolver porque o mindset das pessoas está preparado para a mudança. Estas são, em linhas gerais, três grandes conclusões do estudo “Diversidade e inclusão nas organizações: desafios e competências de uma transformação cultural”, um trabalho conjunto da Cegoc, do grupo Cegos e com o apoio da Associação Portuguesa da Gestão das Pessoas (APG), agora divulgado.
Foi desenvolvido junto de 4.007 colaboradores (12% portugueses) e 420 diretores e responsáveis de RH (14% portugueses) com funções em organizações dos setores público e privado, que empregam 50 ou mais colaboradores. Envolveu sete países, a saber: França, Alemanha, Itália, Espanha, Reino Unido, Portugal e Brasil.
Os resultados do estudo mostram que 87% dos colaboradores consideram sentir-se plenamente incluídos na sua organização e que mais de 70% compreende claramente os conceitos de diversidade e inclusão. Contudo, 83% já testemunharam algum tipo de discriminação e 63% referem inclusive já ter sofrido pelo menos uma forma de discriminação no local de trabalho.
Revela o estudo que os atos de discriminação são realizados, em primeiro lugar, por colegas e depois por gestores diretos. Pelo contrário, os intervenientes mais dispostos a combater a discriminação são os colegas e os gestores (segundo os colaboradores) e os profissionais de RH (segundo os D/R RH). Acresce o facto de os conflitos relacionados com a diversidade dentro das organizações serem geralmente resolvidos pelo departamento de Recursos Humanos.
Ainda no âmbito global das conclusões do estudo, destaque para o facto de 49% dos colaboradores verem-se como “promotores” da diversidade na sua organização e 11% como “defensores ativos”. Por outro lado, 65% dos colaboradores acreditam que a política de diversidade contribui para o desempenho global da organização.
Para uma maior inclusão, os colaboradores e os D/R RH estão sobretudo focados em três aspetos, a organização do trabalho, o recrutamento e a formação. 34% dos gestores sentem que as ações empreendidas pela sua organização (informação, formação, apoio de RH, etc.) os ajudam “bastante” a lidar com questões sensíveis de diversidade e inclusão, enquanto 39% dos colaboradores e 43% dos D/R RH consideram que o seu gestor direto atua como um aliado sólido no tratamento das questões relacionadas com estas temáticas.
Caso mudassem de emprego no futuro, 84% dos colaboradores afirmaram que teriam em conta as questões de inclusão como um critério “importante” na escolha de um novo empregador.
“Este estudo dá-nos pistas importantes sobre as ferramentas, alavancas e condições favoráveis que existem para colaboradores e organizações evoluírem em matérias de D&I. Verificámos, por exemplo, que o recrutamento, a sensibilização e a formação são claramente vistos como alavancas para a ação, mas ainda não estão suficientemente exploradas”, comenta Maria João Ceitil, Head of Talent & Innovation na CEGOC.
Constata ainda que “é alentador verificar que as novas gerações se revelam muito mais plurais, tolerantes e inclusivas. Estes profissionais (Gerações Y e Z, sobretudo) nasceram e/ou cresceram intimamente ligados à expansão da tecnologia e da internet e, talvez por isso, tenham desde cedo incorporado uma perceção natural do mundo como um lugar globalizado, interconectado e plural”.