Opinião
Desafios da internacionalização quando falamos de start-ups

O ecossistema empreendedor português tem sensivelmente 10 anos. Sendo relativamente novo, é um ecossistema vibrante. Os vários unicórnios ligados de alguma forma a Portugal são o exemplo da maturidade do nosso ecossistema, que tem, agora, novos desafios e novos objetivos.
Podemos dizer que, ao contrário da grande maioria das PME portuguesas, as start-ups já nascem com um olhar internacional. No seu ADN são projetos escaláveis, portanto, sem limites geográficos. Porém, escalar a operação para outro país é um desafio enorme. Os mercados têm características diferentes, que é preciso conhecer, e a infraestrutura bancária e regulatória é diferente de país para país.
Assim, alguns dos desafios que se colocam à internacionalização destes projetos são: a capacitação das start-ups para atuarem em mercados mais exigentes; o acesso a informação sobre estes mercados; a visibilidade internacional; e a capacidade de atração de financiamento.
Tendo isso em mente, a AICEP tem desenvolvido, ao longo dos últimos anos, várias ações no acompanhamento da internacionalização das start-ups portuguesas.
Ao nível da sua capacitação, implementou um programa de aceleração, o Portugal to Take Off, que permitiu capacitar as start-ups portuguesas para a entrada no mercado americano, bem como aumentar a sua rede de contactos junto de potenciais clientes e líderes industriais da Califórnia. Está, aliás, prevista uma nova ação no mercado americano em 2023.
A AICEP assegura ainda, através da sua rede externa, o acompanhamento das start-ups portuguesas fornecendo informação sobre os vários mercados para onde estas pretendem expandir-se, sobre possíveis interlocutores para estabelecimento de parcerias, bem como de possíveis clientes, e ainda informação sobre procedimentos e enquadramento regulatório de cada país.
O aumento da visibilidade das start-ups portuguesas é também uma preocupação, sendo essencial, tanto para o estabelecimento de negócio e de networking, como para a captação de investimento. Assim, a AICEP tem vindo a fazer a promoção das start-ups a nível internacional potenciando a sua presença em palcos de feiras relevantes para a nossa comunidade empreendedora, como sejam a Viva Technology, em França, e a South Summit, em Espanha. Em 2023, prevê-se repetir estas presenças e assegurar a presença das start-ups portuguesas, em parceria com a Startup Portugal, no Collision (Canadá), na Websummit (Brasil), bem como no palco Industrial Startups Stage, da Hannover Messe 2023 (Alemanha).
Para mostrar o potencial da comunidade empreendedora portuguesa e para potenciar a sua internacionalização, a AICEP está também a promover a ligação entre ecossistemas internacionais (nomeadamente incubadoras e venture capital em Singapura, Finlândia e Espanha) e algumas das nossas principais incubadoras em ligação à Startup Lisboa, à UPTEC Porto e à Startup Braga.
Atendendo à dimensão limitada do mercado português, a AICEP tem vindo também a desenvolver iniciativas que procuram potenciar o interesse de investidores estrangeiros no nosso ecossistema. Através da iniciativa Startups Connecting Links, só em 2022, mais de 1500 start-ups nacionais foram postas em contacto com Grandes Empresas/Corporates ou Multinacionais em 14 mercados diferentes. Em 2023, é nosso objetivo continuar a desenvolver esta iniciativa, penetrando em novos mercados, como Japão e Escandinávia, além daqueles em que já temos tido iniciativas.
Sabemos que a melhoria da nossa competitividade enquanto país passa pela internacionalização da nossa economia, o que passa necessariamente por ajudar as nossas start-ups a escalarem os seus projetos além-fronteiras. Esta é uma aposta estratégica. O esforço tem de ser conjunto. O ganho é de todos.