Opinião
Decidam, por favor

Uma das maiores capacidades do ser humano é a sua aptidão para, consciente ou inconscientemente, tomar decisões. Muitas decisões, poucas decisões, decidir não decidir, decidir bem ou mal, de forma consequente ou inconsequente, enfim, haverá decisões para todos os gostos, resultados para todos os feitos. Mas na base de qualquer uma dessas consequências ou resultados, está sempre uma decisão, ainda que a mesma seja de inação ou de recusa de decisão.
Decidir algo não é um processo tão fácil como se afigura e normalmente a capacidade de tomar boas decisões de forma constante e consistente marca a diferença entre aqueles que inevitavelmente terão mais sucesso nas suas opções face aos demais. Ninguém está protegido de errar, muito ou pouco, mas todos erramos nas decisões que tomamos.
São várias as teorias sobre a importância do erro no processo de aprendizagem e crescimento, normalmente postulando uma atitude positiva perante o mesmo e a necessidade de capitalizar os ensinamentos daí resultantes para melhores resultados no futuro.
Não é difícil concordar com estas teorias e julgo ser manifesta e genericamente aceite que só o processo de tentativa e erro constrói bons gestores e líderes. Afinal, ninguém nasce ensinado e há muitas situações nas quais apenas a experiência nos ajuda a construir referenciais de decisão futuros que permitem otimizar as soluções adotadas.
Analisando de forma genérica a realidade política, social e empresarial, é fácil entender que as decisões rodeiam toda a nossa vivência diária, sejam elas decisões informadas, decisões sustentadas em análise e avaliação de problemas, decisões de puro instinto sem qualquer fundamentação lógica ou até mesmo decisões em qualquer razão de ser, contrárias a qualquer experiência passada ou razoabilidade.
Em bom rigor não há uma regra definida que possa ser aplicada. Claro que em teoria deveremos sempre procurar sustentar as nossas decisões da melhor forma possível, mostrando todo um processo racional na criação e tomada das mesmas. Mas, olhando para alguns exemplos históricos, algumas das decisões que produziram consequências mais geniais e positivas foram completamente contrárias a qualquer lógica ou razão, tendo por base apenas um determinado instinto que, em certo momento, conduziu à grandeza dos seus efeitos.
Como optar então no processo decisório por uma via ou outra? Qual será a metodologia mais adequada para qualquer pessoa de quem se espera decisões? Não há resposta clara para essas perguntas. A única resposta que poderemos ensaiar será mesmo o evitar a decisão. Bem ou mal, com mais ou menos sucesso, a decisão está na base de todo o evoluir da vida e por isso o mais importante é nunca perdermos esta capacidade de conseguir decidir.
Decidam então, por favor, porque assim mantemos um caminho de evolução que nos abre sempre escolhas diferentes e novos desafios para o futuro. Sem decisores não há progresso, sem progresso a vida encolhe-se.