Opinião

Cuidar do bem-estar das nossas pessoas nunca foi um tema tão crítico

Alexandra Andrade, country manager da Adecco Portugal

Cuidar do bem-estar das nossas pessoas nunca foi um tema tão crítico. As organizações devem investir mais tempo e esforço para assegurar que as suas pessoas estão comprometidas e felizes.

Os desafios são grandes e com escolhas difíceis, sem nunca perder o foco no negócio. Consequentemente o stress mental tem vindo a aumentar. Mas quem será o grande responsável pelo nosso bem-estar? Os governos, empregadores ou os próprios indivíduos? Num mundo ideal, a preocupação seria compartilhada igualmente entre os três, mas na realidade, o equilíbrio não é perfeito. O que sabemos, no entanto, é que as organizações têm um papel crucial a desempenhar.

Durante algum tempo, acreditou-se que os programas de bem-estar passavam por investir em serviços ou benefícios baseados em conveniência, como ginásios e zonas de lazer; no entanto, essas ofertas não funcionam como parte de uma abordagem holística e carecem dos elementos-chave necessários para o sucesso a longo prazo. À medida que as empresas procuram renovar os programas de bem-estar corporativo, é importante adotar um modelo que seja sustentável e possa evoluir com o tempo.

O bem-estar não é só físico, é essencial cuidar da saúde mental, criar um ambiente de trabalho saudável e assegurar que o propósito das nossas pessoas está alinhado com o da organização.

A segurança psicológica deve ser uma prioridade no seio corporativo. Trata-se de oferecer um ambiente confortável e saudável, com lideranças próximas. Estas devem, cada vez mais, posicionar-se como motivadoras e inspiradoras, permitindo que a sua equipa arrisque e não tenha medo de falhar, porque a aprendizagem faz parte do processo. Construir um ambiente no qual as pessoas sentem que podem ser elas mesmas e expressar as suas ideias sem medo de julgamentos.

Quando as pessoas se sentem à vontade para pedir ajuda, partilhar sugestões informalmente ou desafiar o status quo sem receio de consequências sociais negativas, as organizações têm mais probabilidades de inovar rapidamente, de libertar os benefícios da diversidade e de se adaptarem bem à mudança.

Um ambiente corporativo onde prevaleça a colaboração e a recetividade é a aposta certa para uma estrutura emocionalmente segura e confortável, reduzindo assim, o risco de turnover e aumentando a produtividade. As pessoas sentem-se estimuladas a serem mais proativas e consequentemente impactam o negócio.

Para promover a segurança psicológica é necessário que os líderes a todos os níveis aprendam e demonstrem comportamentos de liderança específicos que ajudem os seus colaboradores a prosperar. O investimento em programas de desenvolvimento de liderança e a sua expansão podem equipar os líderes para incorporarem estes comportamentos e, consequentemente, cultivarem a segurança psicológica em toda a organização.

Os líderes podem desenvolver a segurança psicológica criando o clima, as mentalidades e os comportamentos certos nas suas equipas. Aqueles que o fazem melhor atuam como catalisadores, capacitando e habilitando outros líderes da equipa – mesmo aqueles que não têm autoridade formal – para ajudar a cultivar a segurança psicológica, modelando e reforçando os comportamentos que esperam do resto da equipa.

A liderança deve definir o tom da equipa, isto é, os comportamentos, o mindset e a atitude positiva, onde todo o grupo considere e valorize a participação de cada um. Basicamente todos devem ter espaço para ser ouvidos. Através das suas próprias ações, os líderes devem ser um exemplo e passar essa confiança às suas pessoas, orientando-as, desafiando-as e caso seja necessário, aconselhando-as.

A liderança pode fazer a diferença e para isso é preciso que esta seja um exemplo a seguir.

Definir expetativas claras e certificar-se que as suas equipas sabem exatamente o que é esperado delas em termos de trabalho e tempo vai evitar que elas trabalhem demais, ou que se sintam em falta. Permitir que as pessoas tenham liberdade para gerir o seu próprio tempo e equilibrar as suas responsabilidades de trabalho com as suas vidas pessoais cria um ambiente onde todos se sentem apoiados, respeitados e valorizados, logo mais felizes e produtivos. Isto é sem dúvida promover um equilíbrio saudável entre o trabalho e a vida pessoal.

Por isso, agora, mais do que nunca, é crucial priorizar o bem-estar e a segurança psicológica de uma forma sustentada.

Comentários
Alexandra Andrade

Alexandra Andrade

Alexandra Andrade é CEO da Adecco Portugal, com mais de 20 anos de experiência na área de Recursos Humanos, é licenciada em Sociologia, com especialização em Criminologia, tem um MBA e é coacher desde 2016. Iniciou a sua carreira em 2002 como Senior Consultant e passou por algumas empresas da área de Recursos Humanos. Em 2008 começou a sua carreira de liderança. Internacionalizou a sua carreira profissional, em 2017, no Grupo Adecco em Espanha como responsável pela marca Spring Professional,... Ler Mais..

Artigos Relacionados

José Crespo de Carvalho, presidente do ISCTE Executive Education
Sérgio Viana, Partner & Digital Experience Lead na Xpand IT