Opinião

Como escolher o meu sócio?

João Roberto Magalhães, investidor em start-ups

No outro dia, recebi um telefonema de um amigo que estava começando um negócio na web e que me fez pensar bastante. Ele me contou sobre a sua ideia de negócio e como faria para executá-la.

Além de pedir opinião sobre o negócio, ele fez uma pergunta que me fez refletir. Perguntou se eu achava que ele deveria buscar um sócio e como ele poderia fazer para escolher a melhor pessoa.

Na hora, recomendei-lhe que pensasse sobre ter um sócio de TI e dei alguns conselhos, mas isso fez-me refletir sobre as minhas experiências anteriores de negócio. Afinal, começar uma sociedade é quase como começar um casamento.

Percebi que existem 4 tipos principais de sócios:

  • Sócio capitalista: É aquele sócio que investe dinheiro e espera apenas o retorno financeiro sobre o investimento. Esse sócio, normalmente, é importante num momento de viragem da empresa, em que um investimento poderia elevar a empresa a um outro patamar. Não recomendo buscar um sócio capitalista no início do negócio, a menos que seja estritamente fundamental.
  • Sócio por competência: Esse sócio é aquele que possui uma competência que você não possui. Normalmente, é mais barato contratar uma pessoa que possua uma determinada competência, do que dar um share da sua empresa a essa pessoa. Porém, se essa competência for fundamental para o sucesso do negócio, esse sócio pode ser crucial. No caso do telefonema do meu amigo, por exemplo, recomendei que ele buscasse um sócio de TI, por ser um processo core da sua empresa e ele não possuir conhecimento no assunto.
  • Sócio companheiro: Temos que dar especial atenção a esse tipo de sócio. É aquele sócio que buscamos por medo ou receio de começar um negócio sozinho. Muito comum em jovens e aventureiros de primeira viagem, normalmente o sócio companheiro é um amigo próximo que possui as mesmas competências que você e acaba não contribuindo tanto para o negócio. Claro que cada caso é um caso, e isso pode acabar sendo proveitoso para o negócio, mas aconselharia a evitar ao máximo esse tipo de sócio. Costumo brincar que esse sócio é aquele a quem precisamos dar as mãos para pular juntos, quando temos medo de pular sozinhos.
  • Sócio alavancador: Esse sócio é aquele que tem poder para alavancar o seu negócio, mesmo sem investir capital. Isso pode acontecer, por exemplo, quando o sócio tem nome e autoridade. Esse é um sócio que pode ser bem útil à empresa e a sua participação deve ser considerada. Vi muitos negócios que mudaram de patamar ao se associarem com empresas ou pessoas que são consideradas autoridade no assunto. Existem outros sócios alavancadores, como sócios que ajudam em expansão territorial, em otimização de processos e ferramentas internas e em incentivo fiscal, por exemplo.

Quando formos escolher um sócio, o primeiro passo é pensar: “Para que eu preciso de um sócio neste momento?”, e verificar em qual tipo ele se encaixa, tomando cuidado com o sócio companheiro.

O próximo passo é verificar se os valores desse sócio são compatíveis com os seus, pois essa é uma peça fundamental no sucesso da sociedade, e que pode gerar mais conflitos. “O que para mim é inegociável? E para o meu sócio? Ética? Respeito? Venda acima de tudo?”.

Tendo alinhado os valores, agora deverão ser alinhadas as expetativas com o negócio. Onde o seu sócio pretende chegar? Ele pretende vender a empresa quando ela estiver madura ou tê-la como uma vaca leiteira pelo resto da vida? E você, quais as suas expetativas? Qual é a faturação que te vai deixar confortável e feliz? E para o seu sócio?

Por último, deve-se alinhar o que acontecerá, se o negócio der errado. Quando estamos começando uma empreitada, tudo é muito fácil. Porém, se a empresa der errado, os relacionamentos complicam-se. Por isso, quanto mais conversado e amarrado estiver o contrato entre os sócios, mais próspera será a relação nesse caso.

Portanto, podemos concluir que o sucesso do negócio depende do esforço colocado pelos seus donos e pela sincronia entre eles, pois as pessoas fazem os negócios (como falo neste artigo). Por isso, conheça bem o seu sócio, converse e deixe claros os seus valores e intenções. Com isso, você terá maior probabilidade de criar um negócio de sucesso.

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João Roberto Magalhães

João Roberto Magalhães

João Roberto Magalhães é sócio proprietário da CBI of Miami e investidor em start-ups. Foi diretor da Escola de Negócios do IEG - Instituto de Engenharia de Gestão, no Rio de Janeiro. Foi Diretor Executivo da Escola de Negócios do Instituto de Engenharia de Gestão - IEG, tendo atuado no setor de Educação nos últimos sete anos. Engenheiro de Produção pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, fundou a sua primeira empresa aos 19 anos no setor da educação, tendo... Ler Mais..

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