Começar uma start-up aos 60 anos. Porque não ?

Thomas Knauff tem 60 anos e é um empreendedor. As experiências empresariais que viveu aos 40 e 50 anos, e o que aprendeu nesse período, ajudaram-no a ser um inovador bem sucedido… mesmo aos 60.

Fundador e CEO da Energy Distribution Partners, Thomas Knauff  é um empreendedor em série:  fundou três empresas, todas elas apoiadas por private equity, e participou em mais de 79 ao longo da sua carreira. Do alto dos seus 60 anos, partilhou no site Entrepreneur algumas sugestões, e experiências, para quem, com a sua idade, continua a manter viva a veia empreendedora. Até porque, defende, tal como o discernimento e o vinho, também o empreendedorismo melhora com a idade. Escolhemos cinco das sua lições.

1. Procure investidores que conheçam a sua área de atividade

As três start-ups de Knauff atuam na área do retalho de gás, uma indústria onde criou empresas de alto crescimento investindo na compra de marcas locais. A última aquisição aconteceu há cinco anos e duplicou de tamanho no ano passado. As duas primeiras também foram bem-sucedidas mas foram vendidas pelos investidores assim que perceberam os benefícios da escala. Thomas Knauff  e os investidores tinham horizontes temporais diferentes para desenvolver essas empresas e essa foi uma aprendizagem importante, como refere o próprio, para financiar a sua mais recente start-up, a Energy Distribution Partners. Ou seja, procurou apenas parceiros que tomassem decisões de investimento numa perspetiva de crescimento de longo prazo, e não com base na pressão do curto prazo associada ao um ciclo de investimento de uma Venture Capital, por exemplo.

2. Acarinhe as finanças da sua empresa

Sem finanças, nada mais importa porque os recursos não estarão lá para fazer com que as coisas aconteçam. Por ter passado uma boa parte da sua vida do lado do investimento, Knauff conseguiu criar uma estrutura de financiamento única para a Energy Distribution Partners, com mais de 40 investidores numa sociedade limitada.

3. Aprenda tudo sobre operações de vendas

Tudo o que acontece numa empresa depende das vendas que alguém faz. E numa empresa baseada em aquisições é preciso ser-se especialmente cuidadoso para não interromper o ciclo de vendas existente.
Thomas Knauff exemplifica: antes de se tornar empreendedor, ocupou altos cargos de liderança nas principais empresas de gás norte-americanas e viu como estas compravam as concessionárias locais e como rapidamente perderem  20% do negócio, porque mudaram depressa demais o nome da empresa local para o da companhia que comprou.
Essa alteração mexeu com os clientes que, em grande parte, baseavam a sua decisão de compra no facto de negociarem com alguém que consideravam ser seu vizinho. Consciente destes riscos, evitou cometer esse erro na sua empresa e trabalhou para manter a dinâmica local, mantendo a empresa “mãe” longe dos holofotes.

4. Faça algo que reflita valores e motivações pessoais

Na sua cidade natal no Kansas, os comerciantes tinham o património de uma marca local, preferida pelos clientes. Quase todas elas foram eliminadas por grandes cadeias e essa foi uma realidade que impactou Thomas Knauff, porque, agora, muitas dessas cadeias multinacionais estão a recuar nos investimentos e a deixar a cidade sem lojas de retalho. No seu caso, deixou as empresas locais que a sua empresa comprou como negócios locais, uma opção que reflete os seus valores empresariais. Assumir esse compromisso, pode ajudar a manter o negócio no longo prazo. Tem uma rede de retalhistas que manteve o nome local das lojas e são também os gestores locais que decidem os preços praticados e a forma de atendimento ao cliente. A empresa patrocina as equipas locais e envolve-se nas atividades da comunidade.

5. Avalie a dinâmica organizacional
A dinâmica organizacional é fundamental para o sucesso de todos os projetos empresariais, mas muitos líderes descuram esta vertente como algo para ser tratado mais tarde. É por isso que os problemas persistem. Quando a empresa está espalhada por várias geografias é importante saber aplicar autoridade e trabalho de equipa em toda a estrutura.

Conselhos para jovens e “velhos” empreendedores
Aos jovens empreendedores, Thomas Knauff aconselha que não gastem muito tempo a tentar concretizar grandes negócios, nem se sintam obrigados a seguir as tendências de uma determinada indústria. Isto porque, muitas vezes, as maiores oportunidades até estão em indústrias de nicho menos conhecidas.
Para os mais velhos sugere que se mantenham enérgicos e renovados. Já não têm 30 anos para repetir erros, por isso, aproveitem a experiência acumulada para tomar as melhores decisões.

 

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