Cirurgião cria o que pode ser a solução para longos dias no escritório

Durante as últimas décadas trabalhadores de todo o mundo têm experimentado os mais variados tipos de cadeiras de escritório na esperança de aliviar a agonia que é estar tantas horas sentado a uma secretária. Um cirurgião americano parece ter criado a solução.

Já todos estamos cientes de que temos de nos levantar mais vezes da secretária e de que convém estarmos menos tempo sentados no escritório. Mas é tão mais fácil ficar sentado em frente ao computador com os ombros para a frente e as costas curvadas… A questão é que este tipo de postura nos tira anos de vida.

De acordo com um estudo de 2018 do Centro de Controlo e Prevenção de Doenças (CDC) dos EUA, um em cada quatro americanos permanece “plantado” por mais de oito horas por dia, o que contribui para dores nas costas, no pescoço e na cabeça, enquanto suga a energia.

Há muito tempo que, além das tradicionais cadeiras de secretária, há no mercado cadeiras ativas, ou seja, que convidam ao movimento ou pretendem incentivar posturas mais amigas da coluna vertebral. No final da década de 1970 surgiram as cadeiras com suporte para os joelhos, que se dizia reduzirem as dores nas costas. Alguns anos depois veio a moda das bolas de exercício, que fortaleciam a coluna enquanto ajudavam a consumir calorias. Depois foi a vez dos bancos que oscilavam e promoviam benefícios semelhantes.

A seguir dizia-se que estar sentado era problemático, pelo que as pessoas passaram a estar em pé em frente às secretárias. No entanto surgiram evidências em contrário: um estudo de 2017 publicado no American Journal of Epidemiology e que acompanhou mais de 7300 trabalhadores durante 12 anos concluiu que quem permanecia em pé por longos períodos tinha o dobro das probabilidades de risco de doenças cardíacas. A solução parece, então, estar longe de ser encontrada… ou não.

Quando Turner Osler fez a transição da sala de operações para um escritório, em que ficava sentado 60 horas por semana a fazer pesquisa bioestatística, as cadeiras da moda que experimentou deixaram-no com dores e uma grande insatisfação. Foi então que decidiu adaptar as melhores partes de cada uma delas num conceito próprio, um banco/cadeira que apelidou de QOR360 Active Stool (e que custa a partir de 375 dólares, o equivalente 345 euros).

Como funciona a QOR360 Active Stool
Tal como as cadeiras com suporte para os joelhos, o QOR360 Active Stool coloca os joelhos abaixo dos quadris, mas sem os dobrar. Além disso, coloca as duas articulações num ângulo obtuso, o que ajuda a aumentar a circulação nas pernas e a diminuir a tensão muscular. Tal como as bolas de exercício, a tecnologia patenteada de assento ativo RedRocker exorta ao movimento constante.

Enquanto algumas cadeiras de escritório levam ao movimento “90-90-90”, em que quadris, joelhos e tornozelos ficam a 90 graus, a cadeira de Osler não o faz de propósito. Isto porque “não há evidências de que o 90-90-90 tenha algum benefício”, diz Alan Hedge, Ph.D., professor emérito de ergonomia da Universidade Cornell, em Nova Iorque.

Ainda assim, quem tem um QOR360 Active Stool não deve colocar já de parte as antigas cadeiras de escritório. É que, “no início, as pessoas podem sentir fadiga nas costas e nos ombros, porque têm de usar grupos musculares que podem estar um pouco fracos devido a uma nova postura”, declara Ron Snarr, Ph.D., professor assistente de saúde e cinesiologia na Georgia Southern University.

Ou seja, o QOR360 Active Stool não é uma solução instantânea: Osler refere que pode levar algumas semanas para se sentir confortável, e que alternar entre dois tipos de cadeiras também tem dores associadas. Ou seja, a evolução pode ser um processo lento e doloroso. É questão de experimentar!

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