Cirque du Soleil usa inteligência artificial para entrar numa nova era do espetáculo

A maior companhia circense do mundo está a analisar formas de integrar a inteligência artificial nos processos criativos, sem perder a ligação emocional tão característica dos seus espetáculos.

Durante quase 40 anos, os responsáveis por trás das criações do Cirque Du Soleil produziram mais de 50 espetáculos, que vão desde os mais oníricos como o Saltimbanco até aos dedicados às obras de artistas consagrados como The Beatles Love ou Michael Jackson: One.

No entanto, a maior companhia circense do mundo tem procurado expandir a sua presença, ao mesmo tempo em que usa a tecnologia para reformular a maneira como cria novos espetáculos.

“Estamos muito animados com o facto de que a tecnologia faz parte de quem somos e queremos ser mais enfáticos ao demonstrar essa relação”, afirma Nickole Tara, Chief Growth Officer do Cirque du Soleil, citada pela Fast Company. Na verdade, o Cirque du Soleil é, na sua essência, tanto uma empresa de tecnologia como uma experiência de entretenimento, argumenta Tara.

Há seis meses, o Cirque du Soleil entrou no mundo dos videojogos, com uma proposta ao estilo de jogo de simulação na plataforma Roblox. Desde então, acumulou quatro milhões de jogadas, com sessões médias de 13 minutos, o que, para os utilizadores do Roblox, significa uma eternidade.

Em fevereiro será lançado o headset de realidade virtual Vision Pro, da Apple, que contará com uma versão 3D licenciada do “Cirque du Soleil Worlds Away”, filme produzido por James Cameron (o diretor do famoso “Titanic”), em 2012.

“Este filme foi feito à frente do seu tempo”, diz Tara, acrescentando que “os filmes em 3D ainda não eram moda. Esse foi o pontapé inicial. Isto demonstra como o Cirque sempre se posicionou. Somos os primeiros a lançar as novidades – às vezes, muito antes de os consumidores estarem prontos para elas”.

Neste momento, a empresa está a estudar formas de incorporar a inteligência artificial no processo criativo. “As nossas equipas criativas têm usado a IA como uma ferramenta na sala de criação”, revela Tara. “Elas recorrem à tecnologia para fazer um painel de ideias de forma mais eficiente. Costumava levar um dia para produzir imagens, agora leva minutos”, explica.

A incorporação da IA, garante Tara, não significa que a empresa vai perder a ligação emocional que é tão crucial para o sucesso do Cirque du Soleil, mas sim que vai acelerar o processo criativo, sem deixar de fazer o espetáculo que os produtores imaginam.

“Um parceiro perguntou-me se consideraríamos a possibilidade de criar um espetáculo através de IA. Perguntei ao nosso guia criativo e aos diretores de produção responderam: ‘é claro que queremos fazer experiências com essa ferramenta’. Em última análise, você tem o controlo. Se algo não for realizado da maneira que acha que deve ser, basta redirecionar a interação”, frisa.

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