CGI “abraçou” a equidade de género com debate na Biblioteca de Belém
A consultora CGI reuniu na Biblioteca de Belém, em Lisboa, nomes ligados a várias áreas de negócio, desde a academia ao setor dos seguros, para debater a importância da equidade de género. As opiniões foram unânimes: ainda há muito para fazer, mas cada vez mais nos preocupamos com o tema.
A CGI organizou na semana passada um evento para celebrar o Dia Internacional da Mulher. Sob o mote #EmbraceEquity, a consultora tecnológica reuniu, na Biblioteca de Belém, em Lisboa, oradores de várias organizações e de diferentes áreas profissionais, para uma conversa informal sobre os temas da equidade e da igualdade, o papel das mulheres na sociedade atual e os desafios com que ainda se deparam nos cargos de liderança.
Os conceitos de igualdade e equidade são muitas vezes confundidos. Mas afinal o que significa equidade e em que é que difere de igualdade?
Para responder a esta e a outras questões, a CGI convidou Elise Racicot, embaixadora do Canadá em Portugal, Ana Fontoura, CRS diretor da Fidelidade, Naíde Müller, professora da Faculdade de Ciências Humanas (FCH), da Universidade Católica Portuguesa, Fernando Custódio, vice-presidente Consulting Services da CGI, Iolanda Veiga, consultora CGI e membro da Associação de Mulheres Cabo-verdianas na Diáspora em Portugal, e Inês Santos, também consultora da GCI.
“Igualdade pode querer dizer que todos somos iguais, mas não é necessariamente o caso. Dentro das nossas famílias, equipas ou ao nosso redor existe uma grande diversidade. Deve-se incluir a diversidade, mas dar o apoio necessário para que todos tenham as mesmas oportunidades. Há pessoas que precisam de mais ou de menos, dependendo da situação de onde vêm”, começou por explicar Elise Racicot.
A embaixadora do Canadá em Portugal referiu ainda que “equidade significa que, para quem vem de uma situação mais precária, com mais dificuldade, com menos acesso a educação, com uma situação económica mais difícil, tem necessidade de ter um empurrãozinho para ter a mesma oportunidade”. E que “ao nosso redor há exemplos claros desta realidade e da importância de uma sociedade que deve permitir as mesmas condições para todos”.
Inês Santos, consultora da tecnológica de origem canadiana, corroborou as afirmações de Elise Racicot e acrescentou que “hoje para efetivamente existir igualdade tem de existir equidade. Temos de reconhecer que nem todos somos iguais, que a nossa realidade não é a realidade dos outros e que é necessário criar meios para que todos tenhamos acesso às mesmas oportunidades. Basearmo-nos que conseguimos chegar todos ao mesmo ponto não é real porque não partimos todos do mesmo local e a meta não é igual para todos”.
Naíde Müller, professora da FCH, reforçou que a questão da igualdade e da equidade “tem muito a ver com questões de cultura e de distribuição do poder. Normalmente quem chega a cargos de poder bloqueia a progressão na carreira de outras pessoas e isto é muito visível nas universidades”. Na sua opinião, a mulher ainda está muito associada aos cuidados e às tarefas domésticas.
Ana Fontoura, CRS diretor da Fidelidade, falou da sua carreira de 40 anos e da necessidade de “termos de continuar esta luta [pela igualdade de géneros] para termos mais mulheres a chegarem aos lugares de board”.
“Tenho 40 anos de carreira, vivi no Brasil e vivi aqui. Quando comecei a trabalhar não se falava neste tema. Há 40 anos ter um emprego era um orgulho e hoje já não é assim. Houve uma evolução brutal. No caso da minha empresa somos mais mulheres do que homens. Nunca vi qualquer discriminação relativamente a género, a raça”, explicou, referindo que “as empresas não se podem dar ao luxo de não olhar para estes temas”.
“A nova gente que entra para as empresas é muito, muito exigente. Quer saber qual o propósito da empresa, o que faz pela comunidade, quantas mulheres tem… Questionam coisas que não eram tema. A exigência por parte da juventude faz com que as empresas evoluam e cheguem ao equilíbrio porque precisamos de todos, de homens e mulheres”, frisou.
Fernando Custódio, vice-presidente Consulting Services da CGI, foi “a visão masculina do tema”, como referiu. “Não somos todos iguais em género, raça, em oportunidades de vida, porque vimos de meios diferente, mas há uma coisa que a equidade nos diz: todos temos o direito de chegar ao mesmo ponto, o que depende de cada um e das caraterísticas de cada um”, frisou.
“Equidade para mim é a sociedade chegar ao ponto de dar as mesmas oportunidades, independentemente das nossas diferenças”, acrescentou, referindo que “a diversidade é fundamental porque precisamos de ter visões distintas dos temas”.
“A experiência que tenho ao trabalhar com colegas do sexo feminino sempre foi muito enriquecedora e eu hoje tenho a opinião clara de que as mulheres são mais focadas. Quando vão para uma reunião vão mais bem preparadas – é óbvio que estou a generalizar e vale o que vale”, concluiu.
Durante o evento, ficámos ainda a conhecer o trabalho da Associação de Mulheres Cabo-verdianas na Diáspora em Portugal (AMCDP). Iolanda Veiga, membro desta associação, falou dos objetivos do projeto ao apoiar as mulheres cabo-verdianas na sua integração em Portugal quer ao nível laboral e sociocultural, quer ao nível familiar.
“A AMCDP trabalha para promover a valorização das mulheres cabo-verdianas em Portugal e combater a desigualdade e a discriminação social, fomentar a integração social e apoio à família, criar instrumentos de apoio para as mulheres vítimas de violência doméstica e para sensibilizar essas mulheres para os seus direitos e deveres para com a sociedade”, revelou Iolanda Veiga, fazendo ainda referência aos eventos socioculturais que realizam com o propósito de salvaguardar e expandir a cultura de Cabo Verde, bem como de promover a igualdade de género. É disso exemplo o grupo de batucadeiras que ganhou projeção mundial com a participação num videoclip da cantora Madona.