Business angels ou investidores de fundos de capital de risco?

Imagine o cenário perfeito em que tem a possibilidade de receber dinheiro de um destes dois tipos de investidores, qual deles escolheria? Antes de responder algo como “qualquer um, só preciso do dinheiro”, tenha em consideração algumas das diferenças entre eles.

É um dilema algo complicado. Mas, antes de mais, o que é um business angel? Segundo a Federação Nacional de Associações de Business Angels (FNABA), um investidor deste género é alguém que, sozinho, “investe uma pequena parte da sua fortuna ou poupança em projetos liderados por uma forte equipa de empreendedores”. Por outro lado, um investidor de um fundo de capital de risco não investe o próprio dinheiro, investe o dinheiro do fundo que representa. Como João Paulo Rodrigues, CEO da Xhockware, refere numa entrevista: “os business angels irão ajudá-lo a começar, mas serão os venture capitals que o levarão até à meta”.

Por norma, os investidores de fundos de capital de risco têm, em relação aos business angels, menos tempo disponível. Isto acontece porque têm vários projetos ao mesmo tempo que não são necessariamente os projetos que mais os apaixonam, mas ao representarem um fundo têm a obrigação de se manter a par do que é feito em cada uma das start-ups em que investiram.

Os business angels, normalmente descritos como pessoas reformadas e/ou antigos empreendedores que pretendem ajudar a geração que os sucede, têm tempo para se dedicar ao projeto que elegeram para investir. Esta diferença pode ser crucial na fase early stage da sua start-up, em que precisa de um mentor que o guie e aconselhe sobre determinados assuntos. Numa fase posterior, em que já definiu o conceito e as matrizes do seu negócio, um fundo de capital de risco pode servir as suas necessidades.

Outra diferença é a pressão exercida por estes dois tipos de investidores aos fundadores e trabalhadores das start-ups em que investiram. Os investidores de fundos de capital de risco têm a pressão de quem financiou o fundo para ter bons resultados. Parte desta pressão vai ser diretamente exercida nas start-ups que receberam dinheiro. Os business angels não têm este problema. Tendo investido o próprio dinheiro, os business angels não sofrem nenhum deste tipo de pressão, visto não terem a necessidade de sair ou vender a sua parte do negócio cedo.

Por último, resta-nos falar das experiências anteriores de cada um destes investidores. Por norma, os business angels tentam focar-se nas áreas em que são especialistas. Ter alguém ao seu lado que, para além de investir dinheiro, é capaz de o guiar e aconselhar em tempos difíceis é, provavelmente, uma grande mais valia. Os investidores de fundos de capital de risco geralmente não conseguem oferecer este tipo de expertise, apontando os seus investimentos às empresas que aparentam ter maiores probabilidades de serem sucedidas.

No fundo, os business angels são uma grande ajuda na fase embrionária da sua empresa e, a não ser que encontre um investidor deste género com os “bolsos bastante fundos”, mais tarde ou mais cedo vai ter de recorrer a um fundo de capital de risco.

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