BTS: As empresas num mundo em constante mutação

Realizou-se ontem, no Centro de Congressos do Lagoas Park, o Business Transformation Summit, um evento onde foram abordadas temas como a inteligência artificial e as mudanças no mundo laboral.

Em debate estiveram temas como os avanços exponenciais da tecnologia, a interação entre os humanos e a inteligência artificial e as transformações no mundo do trabalho.

A abrir o painel esteve Gerd Leonhard, future strategist e CEO da The Futures Agency, que discutiu os avanços exponenciais da tecnologia. O foco foi dado ao papel que a inteligência artificial vai ter num futuro próximo. Futuro esse que, segundo Leonhard, não é o futuro longínquo, mas sim o futuro daqui a cinco anos. Isto acontece porque os avanços exponenciais da tecnologia tornam difícil – se não impossível – desmistificar o que vamos ter daqui a 20 ou 30 anos. Mais, segundo o orador, ainda estamos na fase inicial da curva exponencial que dita este tipo de avanços.

Gerd Leonhard não acredita que a ideia transmitida por Hollywood, de que a inteligência artificial vai controlar os humanos, possa acontecer. Para o orador, o maior desafio não vai ser combater os robots, mas não nos tornarmos demasiado parecidos com “eles”. Por outro lado, o orador prevê que todos os trabalhos que possam ser digitalizados ou automatizados, como o dos motoristas, por exemplo, vão ser tomados pela inteligência artificial.

No caso das empresas, a tecnologia pode – e deve – ser usada para melhorar o serviço ao cliente. O futuro dos serviços passará por haver fluidez e pouca fricção, poupando tempo e facilitando a experiência dos seus utilizadores. Um bom exemplo disto é a Amazon Go, um supermercado onde não existem caixas registadoras.

A ideia principal que fica da palestra de Leonhard é que toda a tecnologia deve ter em conta os valores humanos.

Leia a entrevista a Gerd Leonhard.

Para desmistificar o papel dos robots na sociedade, Manuela Veloso, professora de ciências computacionais e head do setor de machine learning na Carnagie Mellon University e especialista em Inteligência Artificial, subiu ao palco.

A professora portuguesa mostrou alguns exemplos da tecnologia já desenvolvida, mostrando o quão longe estamos do futuro pitoresco de Hollywood.

Manuela Veloso referiu que o futuro das máquinas passa por pedir ajuda aos humanos em certas tarefas, colmatando as suas limitações. Segundo a professora, a interação entre humanos e a inteligência artificial passará por:

Robots:
1. Plano baseado nas suas ações, e nas ações dos outros;
2. Pedir ajuda proativamente;
3. Aprender com as respostas dadas pelos humanos.

Humanos (que controlam a inteligência artificial):
1. Ordenar tarefas;
2. Executar pedidos feitos pelos robots, quando necessário;
3. Dar a informação pedida pelos robots.

Leia a entrevista a Manuela Veloso.

A fechar o painel esteve Laura Overton, fundadora e CEO da Towards Maturity, uma empresa que tem como objetivo melhorar a indústria do L&D (Learning and Development/ Aprendizagem e Desenvolvimento). Afastando-se do debate sobre a inteligência artificial, Overton mostrou algumas das grandes tendências para as empresas do futuro, com base no que as organizações mais bem-sucedidas estão a fazer hoje em dia.

Numa altura em que os quadros das empresas estão a pedir mais produtividade, lucro, transformação e crescimento em mercados cada vez mais competitivos, é preciso usar a tecnologia como auxilio a esta mutação. Dados apresentados pela oradora mostram que estamos a usar duas vezes mais tecnologia do que há cinco anos.

Algumas das principais práticas que separam as empresas mais bem-sucedidas das restantes passam por:

– 92% analisa os problemas do negócio antes de recomendar uma solução;
– Encorajam duas vezes mais os seus funcionários a aprender com os erros;
– Três vezes mais provável de perceber proativamente como é que os seus colaboradores aprendem;
– Gestores têm cinco vezes mais probabilidade de apoiar quem quer aprender.

Segundo Overton, os principais agentes na transformação de um negócio são os departamentos de recursos humanos e de L&D.

Leia a entrevista a Laura Overton.

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