Brexit: a falta de esperança dos fundadores britânicos

Depois de ter sido emitido o artigo 50, que eventualmente vai colocar o Reino Unido fora da União Europeia, os fundadores britânicos são os mais pessimistas do ecossistema europeu de start-ups.

O cenário das start-ups na Europa nunca esteve tão forte. Este ano calcula-se que os investimentos neste tipo de empresas atinjam os 16,15 mil milhões de euros, o que se traduz num aumento de quase quatro mil milhões em relação a 2016.

Apesar desta tendência positiva, os fundadores de start-ups do Reino Unido estão pouco otimistas em relação ao futuro. Grande parte deste sentimento é atribuído ao Brexit.

Os dados são de um estudo feito pela instituição de investimento Atomico que, em colaboração com a conferência tecnológica finlandesa Slush, criou o relatório State of European Tech.

O objetivo da iniciativa foi tentar perceber as tendências e atitudes das pessoas face à atual realidade europeia. O resultado veio de mais de 3500 entrevistas a fundadores, investidores e outros membros do ecossistema de start-ups da Europa.

Questionados sobre o quão otimistas se sentiam em relação ao estado atual do cenário de start-ups do continente, 27% dos fundadores britânicos revelaram que se sentiam menos otimistas em relação a 2016. Neste campo, a média europeia foi de 6%, o que revela uma diferença considerável na esperança de crescimento do ecossistema. Tom Wehmeier, líder da pesquisa da Atomico e autor do relatório, explicou que “há uma diferença substancial em termos do nível de otimismo do Reino Unido relativamente aos outros países da Europa”.

A principal razão apontada pelo estudo é a realidade política vivida em cada país. Enquanto que 71% dos britânicos sentem que o Brexit foi o evento que teve mais impacto no setor tecnológico europeu, especialmente no que toca a recolher novos fundos e a recrutar novos talentos, os franceses são os mais otimistas: 71%  sentem-se mais otimistas depois da eleição de Emmanuel Macron. Wehmeier revelou que “há uma sensação de otimismo bastante maior na França pós-Macron, por causa do impacto que causou na injeção de um espírito de empreendedorismo renovado”, acrescentando que “há um forte comprometimento para construir um ecossistema tecnológico francês”.

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Rui Paiva, presidente executivo da WeDo Technologie