Blockchain pode solucionar problemas globais, defende professora da Singularity University

Anne Connelly, professora da Singularity University, defende o uso da tecnologia blockchain para solucionar problemas globais, por exemplo, como aqueles que os refugiados enfrentam na obtenção de documentos.
Numa das suas viagens, Anne Connelly, especialista em blockchain e professora da Singularity University, perdeu o seu passaporte. Ela sabia que, se não o encontrasse, não poderia viajar. “Apesar de estar pessoalmente no aeroporto, eu precisava daquele pedaço de papel para provar a minha identidade”, diz.
Connelly encontrou o documento e sabe que poderia facilmente conseguir um novo passaporte no seu país de origem. “Mas para muitas pessoas, não é tão simples”, afirma a especialista, citada pelo Business insider. “Existem mais de 65 milhões de refugiados e pessoas deslocadas em todo o mundo e muitos deles vivem em acampamentos durante meses ou até anos. Em muitos casos, não possuem qualquer documento de identidade que prove a sua origem e possam migrar para outro país”, alerta Connelly.
Durante o ExO World 2020, seminário online organizado pela OpenExO em parceria com a Singularity University, Anne Connelly destacou como o uso do blockchain pode ajudar a resolver este e outros desafios globais, tornando a relação entre bancos, governos e pessoas mais descentralizada, aberta e eficiente.
“Ao longo da história, as transações financeiras entre duas pessoas eram feitas com base na confiança. Isso culminou no que são hoje os ‘provedores de confiança’, tais como órgãos governamentais e os bancos”, explica a especialista. “Mas apesar de ter funcionado muito bem até agora, essas instituições estão deixando de ser tão confiáveis”, frisa.
Para Connely, “a descentralização permite-nos redesenhar a sociedade sem a necessidade de intermediários. E a tecnologia blockchain possibilita isso”. O blockchain funciona como um registr de vários tipos de transações espalhados por vários computadores. Esse sistema, embora público, é protegido por criptografia. De acordo com Connely, o blockchain tem potencial para quebrar inúmeras barreiras burocráticas. “Se pensar em qualquer tipo de transação, existe sempre uma instituição intermediária, seja um empresa, um governo ou algum tipo de entidade”, diz.
“Com a remoção de intermediários, o acesso à identidade digital em blockchain, por exemplo, poderia ser aberta a qualquer pessoa de qualquer lugar do mundo, em qualquer dispositivo conectado à internet. As pessoas do mundo todo teriam mais liberdade”, conclui.