Blockchain: indústria da música pode ser a próxima a sofrer alterações
Um projeto novo pretende trazer mais transparência, dar mais poder e aumentar os ganhos dos artistas. Tudo isto será feito através da blockchain.
No universo da tecnologia, uma das palavras do momento é blockchain. Há quem diga que, quando finalmente for colocada em prática de uma forma mais abrangente, o impacto causado será maior do que o que a internet teve nos anos 90.
E tal como na década de 90, onde grande parte da população não acreditava no potencial da internet, há quem diga que o mesmo vai acontecer com o mundo das criptomoedas e da blockchain.
Apesar dos céticos à introdução das moedas digitais num mercado mais abrangente, são raras as pessoas que argumentam contra o potencial da blockchain – tecnologia que está na base da divisa digital bitcoin.
Grandes setores tradicionais e que estão estabelecidos há dezenas de anos, como os bancos, farmacêuticas e seguradoras, vão potencialmente ser alvo de uma grande inovação introduzida pela blockchain, de forma a facilitar processos, diminuir gastos e trazer mais confiança aos clientes. (Leia o nosso guia sobre a blockchain).
No caso da indústria da música, a blockchain poderá ter um papel importante para anular o intermediário entre as bandas e os fãs, ou seja, as distribuidoras. Quantas vezes já surgiram histórias de artistas que tiveram problemas com as editoras discográficas com que assinaram contratos? Os mais comuns passam por conflitos associados a dinheiro, já que muitas vezes os artistas não recebem os valores a que têm direito.
Haver mais transparência e confiança é a ideia por trás da blockchain. Uma rede onde tudo o que é processado é visível e passível de ser modificado (se houver uma maioria absoluta a votar nas alterações). Com este conceito, podemos modernizar indústrias onde muitas coisas acontecem à porta fechada, dando-lhes mais transparência.
E é aqui que a blockchain pode ajudar – através dos chamados smart contracts. Estes “contratos inteligentes” permitem que a tecnologia intervenha para assegurar que são cumpridos todos os parâmetros. Ou seja, se no contrato estiver estipulado que o artista ganha 60% das receitas e a editora discográfica 40%, sempre que entra dinheiro a divisão é feita automaticamente.
No estado atual da indústria, se os artistas quiserem ter visibilidade junto de grandes audiências, têm de se submeter às condições pré-estabelecidas por plataformas como o Spotify, a Google Music ou a Apple Music.
A OPUS é uma start-up que está a tentar contornar este problema, através da tecnologia blockchain. Pretende atacar três grandes problemas inerentes à atividade: a partilha de receitas, a censura e a transparência.
Esta nova plataforma de streaming afirma que os artistas vão poder ganhar 98% das receitas conseguidas. Isto só acontece, explica a start-up, porque a plataforma está inserida numa rede de blockchain e por não haver um servidor central, o que significa que não existem custos de armazenamento.
E mesmo que não seja um artista, pode ganhar dinheiro com a plataforma. A OPUS dá acesso a uma característica única no mundo das plataformas de streaming: poder criar playlists e ganhar dinheiro com as pessoas que a utilizam.
Leia ainda o potencial que a tecnologia blockchain tem no mundo do cinema.