Banco do Brasil quer adoptar cultura de start-up aos 208 anos

A instituição bancária tenta colher, este ano, os primeiros resultados de um plano ambicioso, iniciado em 2016, para ser uma empresa mais inovadora.

O ano de 2017 começou com expetativas elevadas no Banco do Brasil. A instituição financeira tenta colher os primeiros resultados de um plano ambicioso, iniciado em 2016, para ser uma empresa mais inovadora.

Em junho do ano passado, o banco criou um laboratório em Silicon Valley. Dois grupos de funcionários da empresa, com cinco pessoas cada, foram enviados para esta região dos Estados Unidos conhecida pela grande concentração de gigantes da tecnologia, como a Apple e a Google.

No fim de fevereiro, o terceiro grupo embarcou para a Califórnia, tendo como missão atuar como start-up, com projetos próprios, além de entrar em contacto com a cultura inovadora da região.

“Queremos que o banco tenha essa leveza de start-up num corpinho de 208 anos”, diz Joaquim Venâncio, líder de produtos digitais do Banco do Brasil. Venâncio, que é considerado o “pai” do projeto, fez parte do primeiro grupo enviado pelo banco à Califórnia. Lá, ele e mais quatro colegas desenvolveram o protótipo de um sistema de emissão de acessos ao longo de três meses. “Testamos algo bem diferente do sistema do banco”, explica o executivo.

A ideia do Banco do Brasil é que os funcionários tenham a experiência de criar uma start-up. Cada membro das equipas enviadas, por exemplo, é considerado “sócio-fundador” de um projeto, que deve ser desenvolvido nos três meses da estadia.

Ao chegar ao Brasil, o grupo apresenta seu protótipo aos “investidores” – no caso, diretores do banco que podem apoiar a ideia do grupo e garantir que seja desenvolvida na instituição.

O grupo de Venâncio, por exemplo, continua a desenvolver o sistema de acessos. Em meados de fevereiro, eles terão um “pitch” com outros diretores e vice-presidentes do Banco do Brasil.

Se os projetos forem aprovados, serão “acelerados” – isto é, receberão investimento para a sua concretização. “Se quero ser como uma start-up, não posso ser hipócrita de achar que não preciso de passar pelo mesmo processo”, defende Alexandre Lima, gerente de projetos corporativos do Banco do Brasil e colega de grupo de Venâncio.

Segundo a dupla, que contou a sua experiência durante a Campus Party – evento de tecnologia realizado em São Paulo –, o sistema de emissão de acessos poderá ser usado no futuro em várias sedes do Centro Cultural do Banco do Brasil.

A plataforma, porém, não tem data prevista para ser lançada. O seu maior diferencial é a segurança, que evita a falsificação de acessos. “Levamos a segurança bancária para outro universo”, diz Lima.

O segundo grupo enviado pelo banco entre setembro e novembro de 2016 criou uma solução para “facilitar a divisão de contas”, ainda sem previsão de lançamento. As duas experiências bem-sucedidas levaram o Banco do Brasil a abrir, em dezembro de 2016, outro laboratório de inovação, mas em Brasília.

Já passaram por lá oito equipas. Alguns produtos mais simples criados no centro de Brasília já estão a ser usados pelos clientes. É o caso do gestor financeiro Minhas Finanças, o aplicativo de abertura de conta corrente Conta Fácil e o Pagar e Receber, que facilita transferências entre titulares de contas.

“Outras não deram certo. Faz parte do processo”, diz Lima. “Nos EUA, quem falhou é visto como alguém que aprendeu algo. Aqui, quem falha é um perdedor. Precisamos de mudar isso”.

Os funcionários trouxeram um pouco da cultura de Silicon Valley para o dia a dia no banco. As reuniões de projetos da start-up, por exemplo, duram no máximo uma hora.

Qualquer funcionário pode inscrever-se para criar uma start-up, no âmbito do programa lançado pelo Banco do Brasil.

 

Comentários

Artigos Relacionados