Opinião
Balanço geral de 2021 e as expetativas para 2022
O ano de 2021 foi excelente para as start-ups brasileiras. O investimento em start-ups dobrou e chegou à marca de R$53 biliões: 2,6 vezes mais que em 2020, que registou investimentos de R$19,40 biliões.
Foram fechados 779 negócios, comparando com os 563 no ano anterior. Mais de R$72,4 milhões foram alocados a empresas de tecnologia de São Paulo por meio de plataformas de investimento coletivo como a CapTable, SMU, EqSeed, Kria, Beegin.invest, Organismo Brasil, Whishe, Clearbook, Efund Investimentos e Cluster 21.
O ecossistema brasileiro amadureceu e como resultado o volume de investimentos cresceu mais de 60 vezes desde 2011. As empresas de tecnologia e os investidores tornaram-se mais confortáveis em realizar aportes maiores. Em 2021, foram investidos US$ 9,4 biliões comparado com apenas US$ 147 milhões em 2011.
No Brasil, 10 empresas (entre os setores de ecommerce, media, fintech, segurança e logística) entraram para a lista de unicórnios em 2021: MadeiraMadeira, Hotmart, Daki e JOKR, Mercado Bitcoin, Unico, Frete.com, CloudWalk, Merama, Facily e Olist. No momento, o país possui o total de 24 unicórnios.
Segundo o relatório produzido pelo Distrito, com apoio do Bexs, as start-ups que mais se popularizaram e entraram para o rol de unicórnios vieram do setor de fintech, que captou US$ 3,7 bilhões em 176 rondas. Logo a seguir vieram as retailtechs (com US$ 1,3 bilião aportados em 87 transações) e as real estate (US$ 1,07 bilião em 32 rondas).
Também se destacaram as start-ups de saúde, que levantaram US$ 530 milhões ao longo de 69 negociações, e as de mobilidade, que receberam US$ 411 milhões em 20 transações. Considerando os US$13 bilhões investidos na América Latina no ano passado, 70% desse valor (US$ 9 biliões) foram para empresas do ecossistema brasileiro.
Em relação a fusões e aquisições, cerca de 83% de todas as start-ups adquiridas na América Latina estão localizadas no Brasil. Entre janeiro a novembro de 2021, houve 227 fusões e aquisições de start-ups no Brasil. “As empresas já entenderam que o crescimento orgânico pode não ser o suficiente para acompanhar a velocidade do mercado. Investir em aquisições é um meio muito mais eficiente de garantir mudanças como aumentar o número de serviços fornecidos ou implantar um novo modelo de negócio, além da própria cultura empresarial de inovação que as start-ups trazem”, afirma Gustavo Araujo, cofundador e CRO do Distrito.
O investimento proveniente de venture capital em start-ups nunca foi tão grande, tanto o valor médio de aporte, como o número de empresas que receberam algum investimento aumentou, totalizando 239 start-ups comparado com 195 em 2020. Em contrapartida o investimento vindo de fundos de private equity que investem em empresas mais maduras caiu 19%, resultado dos fracos indicadores económicos no Brasil. Todos sabem como é difícil e caro empreender no Brasil, país com uma estrutura tributária complexa, cenário económico instável e mão de obra qualificada escassa (principalmente quando se refere a profissionais de tecnologia). Somado a tudo isso, no ano passado a inflação foi superior aos 10% e a Selic chegou a 9,25%.
Em contrapartida, o Brasil possui uma curva de digitalização mais acelerada do que o resto do Mundo. Evoluiu em dois anos o que teria sido feito em dez anos. As empresas brasileiras sabem que precisam de inovar e já não possuem medo perante a inovação. Sabem que a falta de inovação significa estagnação. A agressividade nas negociações de M&As deve continuar, assim como a continuação das negociações entre start-ups maduras e start-ups incipientes. Apesar das incertezas num ano de eleições e Copa (que podem prejudicar um pouco a alocação de recursos), os ventos em terras brasileiras devem continuar favoráveis para as start-ups. A conferir.
Bom ano a todos!








