“Atualmente os talentos tech são “bens” globais”, afirma empreendedor do Egipto

Muhammad Abu Elgheit, fundador e CEO da TechieMatter, esteve no Web Summit para apresentar o seu projeto e ao Link To Leaders falou dos desafios que se colocam aos empreendedores egípcios e das oportunidades que o Egipto tem para quem quer criar o seu próprio negócio.

“O Egito é um mercado de muitas oportunidades para os fundadores criarem os seus próprios negócios e resolver problemas. Há muito desafios ali, porque o Egito tem muitos problemas”, explicou ao Link To Leaders Muhammad Abu Elgheit, fundador e CEO da jovem start-up TechieMatter, que este ano fez parte da comitiva egípcia que marcou presença no Web Summit para apresentar o seu projeto e fazer networking.

O empreendedor, que há dois anos criou a plataforma de recrutamento de talentos na área de tecnologia, a TechieMatter, salientou que no seu país o ecossistema de start-ups começou por volta de 2011, e que um dos desafios com que os fundadores se têm deparado tem a ver com a “regulamentação e com os processos governamentais que podem ajudar os empreendedores a começar os seus próprios negócios, ou fechar os negócios se não estiverem a funcionar”.

Muhammad Abu Elgheit destacou que “o Egipto tem ideias e soluções suficientes em fintech, em transportes, em blue ocean, em alta tecnologia”, mas que precisa de mais ideias em regtech (Regulatory Technology).

Outro dos desafios que o mercado enfrenta, acrescentou, é que é preciso espalhar mais conhecimento sobre os empreendedores na comunidade egípcia para encorajar qualquer pessoa que tenha uma ideia, para que não tenha medo de falhar, de começar o seu próprio negócio, de ganhar experiência e, quem sabe, construir o próprio unicórnio. “Só que temos de espalhar a cultura de construir start-ups por todo o país”.

Aliás, lembrou que do mercado egípcio já saíram alguns unicórnios. “Temos muitas empresas que começaram com fundadores egípcios, ou que começaram no Egipto, e que expandiram para os EAU (Emirados Árabes Unidos) e agora são unicórnios como a Swvl, entre outras. Temos vários unicórnios, mas para ser unicórnio tem de se estar presente em muitos mercados. É, por isso, que não estão apenas restritos a um país como o Egito. Expandem para os Emirados e para a Europa também”.

Dois anos a recrutar talentos globais
A TechieMatter é uma plataforma de recrutamento de talentos na área da tecnologia, fundada há dois anos, e que promete “mudar a forma como se contratam talentos”. Tem investimento de venture capitalists de Silicon Valley e do Médio Oriente.

Com um escritório no Cairo e outro na Arábia Saudita, já reúne centenas de empregadores de muitos países. “Contratamos para qualquer função, como product designer, product management, developers, data analist, data scientis… e já estamos presentes em 10 países”, esclarece o fundador do projeto. O seu modelo de trabalho passa também por aconselhar os empregadores, “dar-lhes ferramentas, boas recomendações e bons techies.

Muhammad Abu Elgheit frisou também que um dos principais desafios que enfrenta enquanto empreendedor são as pessoas, os empregadores em concreto, que não entendem como gerir tech. “A necessidade de talento tech aumentou globalmente, mas o conhecimento de como lidar com os tech talents, de como os reter e dar-lhes um pacote competitivo muitas vezes não é entendido. Atualmente os talentos tech são “bens” globais. Podem viver em Portugal, mas trabalhar para uma companhia noutra parte do mundo”, lembrou.

O responsável de TechieMatter revela que uma das suas tarefas é indicar aos empregadores como podem oferecer o que chama de “Zero Cost Benefits”, e que pode ser, por exemplo, o trabalho remoto, seguros…

A internacionalização é um projeto em curso para a TechieMatter que quer estar presente em mais mercados e contratar candidatos de vários países. “Não estamos restritos a uma área geográfica e, na realidade, encorajamos o trabalho remoto e a exportação de talentos.  Estamos, inclusive, a explorar diferentes hubs e a ver como podemos implementar a nossa solução nesses hubs. Estamos a analisar o mercado europeu e a ver como podemos entrar. É um plano que temos”, confidenciou Muhammad Abu Elgheit.

E lembrou que uma das vantagens de contratar talentos é que não estamos limitados, “desde que sejam bons, podem trabalhar com qualquer empresa, em qualquer fuso horário, desde que haja um matching com o empregador”.

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