As start-ups do campus da Google em Madrid angariaram 37,5 milhões em dois anos
O Campus da Google de Madrid já tem quase 30 mil membros, 36% dos quais são mulheres, e ajudou a criar mais de 2 mil postos de emprego deste a sua fundação. Os planos para o futuro são ambiciosos.
O Campus da Google de Madrid assume-se como um lugar de referência no ecossistema empreendedor espanhol. É o que mostra um relatório que a empresa publicou e que revela que, apesar de não ter terminado ainda dois anos de vida, conta já com cerca de 30 mil membros, entre empreendedores, engenheiros, programadores, desenhadores, investidores… “Duplicámos o número num ano e o balanço é muito positivo, não só pelo crescimento da comunidade, mas também pelo seu contributo para incrementar o empreendedorismo em Espanha”, diz Sofía Benjumea, diretora do Campus, uma iniciativa que arrancou em 22 de junho de 2015 com 1.800 membros.
Benjumea destaca que puseram todo o seu empenho para atingir um maior equilíbrio de género no Campus. “Graças a programas como Campus Meetup: Women e Women Welcome conseguimos aumentar a percentagem de mulheres de 30% em 2015 para 36% em 2016”. Para a diretora, é fundamental incrementar o empreendedorismo feminino. “Se queremos que a inovação seja para todos, necessitamos que a inovação venha também de todos”, continua. Benjumea menciona, por exemplo, o caso da Boom, uma start-up residente no campus da Google que criou uma aplicação para ajudar as mulheres a engravidar.
Desde a sua abertura, as start-ups do Campus Madrid criaram mais de 2.354 postos de trabalho (1.085 só em 2016). Em média, estas empresas têm quatro funcionários. “Se tivermos em conta que o total das start-ups dos seis Campus da Google espalhados pelo mundo criaram mais de 11 mil empregos, a contribuição de Madrid para o total é relevante”, diz Benjumea.
“Além disso, sabemos que mais de 240 start-ups deste Campus estão atualmente a contratar novos trabalhadores”, conta. A diretora acrescenta ainda que no próximo dia 20 de maio vão realizar a segunda edição da Campus Startup Job Fair, uma feira de emprego para atrair todos os interessados em trabalhar numa start-up, especialmente universitários. Na anterior edição, 700 pessoas marcaram presença no Campus Madrid e tiveram a oportunidade de conhecer as mais de 25 start-ups à procura de talento. Este ano são esperadas 1.000 pessoas e a participação de 30 start-ups.
Outro dado relevante é o financiamento conseguido pelas start-ups deste campus. Desde a sua abertura, captaram no total mais de 37,5 milhões de euros. “Só em 2016 conseguiram 20,7 milhões, o que corresponde a uma média de 100 mil euros por cada start-up residente”, destaca Benjumea, que apresenta o exemplo de algumas empresas. Duas delas fazem parte da comunidade do Campus Madrid, embora não sejam residentes. É o caso da Sourced, que conseguiu seis milhões de euros, e a Coverwallet, um projeto liderado por Iñaki Berenguer, que arrancou no campus e que em 2016 captou 10 milhões de euros.
Os outros exemplos de start-ups que, sim, são residentes, são os da Wooptix, que conseguiu um financiamento de 3,5 milhões, a Viwom (1,1 milhões) e a Woom, que fechou em 2016 uma segunda ronda de financiamento de 400 mil euros.
Benjumea realça também que, embora a maioria dos membros do Campus Madrid sejam espanhóis, a iniciativa da Google também conta com uma ampla representação internacional encabeçada por cidadãos da Venezuela, Estados Unidos, Itália, França e Colômbia. A maioria dos empreendedores, esclarece a responsável do centro, vêm de campos como a engenharia, o marketing e as vendas, e os setores mais habituais destas start-ups são B2B, dados e analítica, comércio eletrónico e dispositivos móveis.
Projetos para continuar a crescer
O Campus Madrid realizou desde a sua inauguração 1.362 eventos gratuitos e investiu mais de 300 horas em mentoria. Em 2016, o centro da Google focou-se em oferecer às start-ups oportunidades de formação e contactos. Sofía Benjumea destaca a iniciativa Campus Exper Summit, que permitiu que durante duas semanas que funcionários da Google de todo o mundo partilhassem o seu tempo e experiência com mais de 50 start-ups do Campus. “Por exemplo, graças ao que aprendeu numa destas sessões, Pere Codina, fundador da Kompyte, conseguiu, entre outros sucessos, aumentar a receita média por aquisição (ARPA) em 80%”, conta a responsável do Campus Madrid.
Esta assegura também que o objetivo para 2017 é continuar com as iniciativas que consideramque estão a ter maior impacto real, e que são aquelas que ajudam as start-ups a crescer depois de já terem lançado o projeto, dando-lhes uma atenção mais personalizada. “Temos a Campus residência, um programa para ajudar a crescer as empresas que já têm o seu produto lançado. Ajudaremos entre 7 e 10 start-ups durante seis meses, com mentoria personalizada. Serão empresas residentes durante esse período, para as ajudarmos a melhorar as suas métricas”.
Outra iniciativa da qual Benjumea está especialmente orgulhosa é a Campus Givers, que arrancou em finais de 2016 e que querem impulsionar muito este ano. É um programa que se realiza todas as sextas-feiras do mês e que é dirigido a start-ups embrionária de desenvolvimento que queiram conhecer experiências de empreendedores. Ironhack, YouShow, Valeet, Upplication, Leads Origins, Social Bets, Viwow, Cangobox e Datary já deram os seus conselhos. “Trata-se de devolver à comunidade o que eles receberam, com dicas muito práticas”.