As start-ups em que Amancio Ortega investe

A fortuna de Amancio Ortega não se cinge só à Zara e aos seus negócios imobiliários. O fundador da Inditex está interessado na inovação científica e tecnológica, e investe em algumas start-ups com grande potencial e impulsionadoras da investigação científica em Espanha.

Falar da Inditex é falar de Amancio Ortega, da Zara e da indústria têxtil. Se o fundador deste império se mantém nos primeiros lugares do ranking dos homens mais ricos do mundo, é graças em grande medida aos resultados financeiros que a empresa consegue ano após ano.

No entanto, a Inditex e Ortega são muito mais do que roupa. Esta empresa tornou-o no empresário que é hoje, mas o seu património, que atualmente ronda os 71.800 milhões de dólares (cerca de 64.031 milhões de euros), não depende em exclusivo dela.

Para descobrir como Amancio Ortega movimenta a sua fortuna, há que investigar porque o empresário espanhol é bastante mais discreto do que outros milionários do seu nível, dos quais se costuma saber como investem as suas fortunas.

O que se tem sabido são os seus investimentos imobiliários, através dos quais adquiriu alguns dos edifícios mais importantes de Espanha e do mundo, como no passado a Torre Picasso e, mais recentemente, a Torre Cepsa em Madrid, o número 70 da Park Avenue de Nova Iorque ou o Edifício Tiffany de San Francisco.

A sua imobiliária Pontegadea é uma das maiores de Espanha e através dela adquiriu imóveis numa dezena de países da Europa, América e Ásia.

Amancio Ortega, investidor de ideias tecnológicas e científicas

Mas os ativos imobiliários não são o único negócio do maior acionista da Inditex. Desde há algum tempo, Ortega tem-se interessado por um segmento muito diferente: o do empreendedorismo, concretamente o focado em ideias tecnológicas e científicas, a maioria das quais surgidas na Galiza.

Por enquanto, esta atividade representa uma pequena parte dos seus investimentos, mas o espanhol já está há algum tempo a investir em start-ups deste tipo, através da gestora de fundos de capital de risco Uninvest. A Inditex tem nela uma parte do capital (cerca de 6%, segundo El Confidencial), o que lhe permitiu injetar capital em cerca de uma dezena de projetos.

Esta gestora, também com sede na Galiza, injeta capital em empresas de base tecnológica ou científica que estejam em fase de prova de conceito, semente e arranque, e que se movimentem em âmbitos como a Nanotecnologia, Novos Materiais, Agro-food, Biotecnologia e Med-tech.

Até à data, a Inditex participou, através do seu braço investidor, nestas dez empresas:

  • Centauri Biotech. Start-up biotecnológica focada no desenvolvimento de células mãe para criar fármacos e tratamentos, com o principal objetivo de melhorar a saúde dos animais. Movimenta-se no campo da veterinária.
  • Genmedica Therapeutics. Empresa que surgiu a partir dos resultados de investigação de um grupo da Universidade de Barcelona que, através do uso da biotecnologia, desenvolve fármacos para combater a diabetes.
  • Vóptica. Esta empresa de Múrcia desenvolveu o primeiro simulador da visão baseado na ótica adaptativa compacta. Através dele é possível fazer uma caracterização completa da visão do paciente e oferecer-lhe soluções óticas personalizadas.
  • Situm. Esta é uma das poucas empresas do portefólio da Uninvest que não tem relação com a medicina. O seu produto é um geolocalizador para interiores, especialmente pensado para ser utilizado dentro de hospitais, centros comerciais, aeroportos, museus e espaços fechados semelhantes. Acaba de lançar uma nova versão compatível com exteriores e com menor consumo de bateria.
  • Algenex. Especializada no âmbito da biotecnologia, esta empresa produz medicamentos e vacinas, utilizando insetos e as proteínas recombinantes que geram.
  • Agrasys. Empresa de biotecnologia agrária que utiliza técnicas de melhoria genética e biotecnologia, para desenvolver novas variedades de culturas. O primeiro produto que desenvolveram é o Tritordeum, um novo cereal natural que nasce da combinação de um trigo duro com uma cevada silvestre, e que já comercializam em Espanha, Itália, Turquia, França, Suíça e Alemanha.
  • Nanogap. Empresa do setor da nanotecnologia, criada no ano de 2006 por investigadores da Universidade de Santiago de Compostela, dedicada à produção de nanopartículas com usos biomédicos, óticos e eletrónicos. Há talvez mais de um ano que estão a escalar parte da sua produção em Silicon Valley.
  • Galchimia. Dedicam-se há 15 anos à química de investigação. Tornou-se na empresa líder em Espanha em síntese de química orgânica. Agora enfrenta um ambicioso plano de expansão internacional que já lhes trouxe clientes da Europa, Estados Unidos e Israel.
  • Agrenvec. Empresa de biotecnologia agrária que se dedica, desde 2002, à produção de enzimas, utilizando vetores vitais (vírus modificados), que já estão a ser utilizados na indústria cosmética.
  • Gem-medica. Esta empresa biotecnológica catalã desenvolve fármacos para o tratamento da diabetes.

Além destas dez start-ups que constituem o portefólio atual da Uninvest, esta gestora desinvestiu em outros treze projetos. Este ano tem preparado um novo fundo para investir 40 milhões de euros em novos projetos científico-tecnológicos espanhóis, nos quais previsivelmente participará a Inditex.

Comentários

Artigos Relacionados