As profissões mais ameaçadas pela revolução digital

Menos de 10% dos empregos são ameaçados pela robótica, a inteligência artificial e as tecnologias ligadas à internet. No entanto, quase um em cada dois tem fortes possibilidades de ser transformado, prevê o Conselho de Orientação para o Emprego francês.

Robótica, inteligência artificial, Internet dos objetos ou ainda o Big Data. O Conselho de Orientação para o Emprego (COE) francês avaliou o impacto destas tecnologias, muito em voga, no mercado de trabalho. Quantos serão os empregos destruídos? Quantos empregos se manterão, mas terão tendência a evoluir para a automatização ou robótica? Quais são as profissões que irão desaparecer ou mudar?

A estas questões, o COE, organismo de reflexão colocado sob a autoridade do primeiro-ministro francês, responde de forma pouco alarmante: menos de 10% dos empregos estão “expostos”, porque  “apresentam caraterísticas que os tornam vulneráveis”.

Tal como a Organização de Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) que referiu que 9% dos empregos serão ameaçados, o COE descarta o cenário negro de que vamos ver robôs ou de que os programas informáticos irão substituir os humanos no seu local de trabalho: “Só uma pequena parte dos empregos terão um índice de automatização elevado”, conclui o organismo, apesar de estes “menos de 10%” representarem 1,49 milhões de empregos. Se fizermos uma extrapolação para a percentagem da população ativa da OCDE, o valor subirá para os 2,6 milhões.

Esta diferença mostra a dificuldade para compreender bem o fenómeno. Se nos debruçarmos sobre o estudo do COE, que foi mais longe na análise, os empregos mais relevantes, por serem os mais representativos em volume, são vários, embora muito pouco qualificados e manuais. A liderar o ranking, encontramos os técnicos de manutenção (320.215), os operários qualificados das indústrias transformadoras (95.545) e também os não qualificados da manutenção (86.000).

Para chegar a estes números, o COE utilizou os dados do último inquérito da Dares (Ministério do Trabalho francês) sobre as condições de trabalho. A partir de uma estimativa dos empregos “expostos” e da descriminação por empregos, o estudo mediu a proporção de empregos abrangidos pelo trabalho.

Resultado: quase um emprego em dois é suscetível de evoluir sob o efeito da robotização e do software.

Os funcionários de limpeza são ainda os mais significativos em volume, à frente dos condutores de veículos e dos empregados domésticos e donas de casa.

“A hipótese de uma destruição massiva de empregos está longe de estar demonstrada”, conclui o COE. Mas está claro que as inovações em curso vão originar uma profunda transformação dos empregos existentes. Será preciso, por outro lado, calcular bem os novos empregos suscetíveis de serem gerados por estas mudanças tecnológicas, defende o organismo, citado pelo Les Echos.

O COE acredita que o “potencial de criação é real, mas difícil de quantificar”. É preciso debruçarmo-nos sobre as criações de empregos diretos, com um potencial “significativo” no digital e “mais moderado” na robótica. Os efeitos indiretos, ligados aos ganhos de produtividade e às inovações dos produtos, são ainda mais difíceis de calcular.

Comentários

Artigos Relacionados