Arrendamento de imóveis: a nova aposta das start-ups chinesas

As start-ups chinesas descobriram um novo nicho de mercado: o arrendamento de imóveis a longo prazo.
Para contornar os elevados preços imobiliários praticados na China, as entidades locais estão a incentivar a população a recorrer ao arrendamento de imóveis em vez de comprarem. Uma sugestão que as empresas de capital de risco não deixaram escapar ao investirem milhões num sector que, apesar de altamente tradicionalista, atualmente está a ser alvo de uma revolução tecnológica. É caso de empresas de capital de risco como a Tencent Holdings, a Warburg Pincus ou a Sequoia Capital que estão a apostar em start-ups para conseguiram conquistar parte de um mercado que os especialistas estimam que em 2030 atinja os 664 biliões de dólares.
As iniciativas para incentivar o arrendamento de imóveis residenciais estão na origem de algumas mudanças importantes na política de propriedade privada chinesa e a criar oportunidades para diversas empresas. Por exemplo, a Ziroom empresa que já geriu cerca de 1,2 milhões de inquilinos, em nove cidades chinesas. Por isso, as start-ups estão a posicionar-se como os novos atores deste mercado. Estão a usar dados e tecnologia para determinar preços de arrendamento, selecionar os inquilinos e gerar perfis dos mesmos tão detalhados que incluem os seus hobbies e hábitos.
Ao contrário de plataformas como o Airbnb ou da sua concorrente chinesa Tujia, associadas, sobretudo, a arrendamento de férias, esta nova onda de start-ups chinesas dedica-se apenas a arrendamentos com a duração de um ano, na maioria dos casos.
Veja-se o caso da start-up You+, que transformou antigas fábricas em comunidades residenciais. Disponibilizam espaços compartilhados desde escritórios, a cozinhas, academias e cinemas. Têm como target inquilinos com idades abaixo dos 45 anos. Usam a aplicação You+ para fazer pagamentos e criar perfis online para participar em grupos com diferentes interesses desde a fotografia, a caminhadas ou culinária, por exemplo.
A You+ prevê estar a administrar 100 mil unidades, em toda a China, até meados deste mês.Tratam-se de unidades que podem ir de 30 a 50 metros quadrados e com preços entre 260 a 350 euros por mês.
“Somos melhores do que os gestores de imóveis tradicionais porque estamos a criar uma rede social”, afirmou publicamente Liu Yang, um dos cofundadores da You+. “Se replicarmos este modelo em grande escala, tornar-se-á um negócio lucrativo”, frisou.
Se tivermos em conta os números oficiais chineses que revelam que 190 milhões de trabalhadores chineses recorrem ao arrendamento, o que representa 77,6% das pessoas que moram longe de casa, parecem estar reunidas condições para que este universo de start-ups possa vingar.