Opinião
“África oferece um terreno fértil para o sucesso de start-ups inovadoras”
Fadilah Tchoumba não tem dúvida que “com o apoio e os recursos adequados, os empreendedores africanos têm potencial para criar projetos impactantes e bem-sucedidos dentro e fora do continente africano”. A CEO da ABAN fala do potencial inovador e empreendedor de África.
A CEO da African Business Angel Network (ABAN), Fadilah Tchoumba, é uma das speakers do European Angel Investment Summit 2023 (EAIS), que vai decorrer em Bruxelas, na próxima semana, nos dias 10 e 11 de outubro. Em jeito de antecipação esta conferência anual organizada pela European Business Angels Network (EBAN), esta profissional, que também é gestora de fundos da Catalytic Africa e fundadora da Amzill, traçou ao Link to Leaders o perfil do ecossistema africano de start-ups e business angels, falou do talento e das capacidades tecnológicas do continente e de como países como o Nigéria, África do Sul, Egito e Quénia estão a ganhar tração.
Apaixonada por inovação e sustentabilidade no ecossistema empreendedor de África, defende o investimento dos business angels, ou não liderasse uma rede que está presente em todos os 54 países africanos do continente.
Fadilah Tchoumba salienta que “a noção de investimento dos business angels está a tornar-se mais popular entre os profissionais africanos, empreendedores de sucesso e fundadores. Este grupo de indivíduos – que possuem os meios, as competências e a apetência pelo risco – está ansioso por apoiar a próxima geração de empreendedores e investir em start-ups africanas para ajudar a acelerar o desenvolvimento económico de África”. Congratula-se também com o facto de a ABAN estar a testemunhar o surgimento da representação feminina, liderada por grupos pioneiros de business angels feminino.
Qual o papel da ABAN na promoção do empreendedorismo que é feito no continente africano?
A African Business Angel Network (ABAN) é a maior organização pan-africana de business angels em África. Fundada em 2015, representa um número crescente de grupos de business angels no futuro ecossistema africano de early-stage, fornecendo capital humano e financeiro vital para as start-ups africanas que criam empregos em todo o continente.
O continente africano acolhe um ecossistema de start-ups em rápido crescimento, com um número crescente de empreendedores que procuram financiamento para as suas ideias inovadoras. Esta necessidade está a ser satisfeita, em parte, pelo número crescente de business angels africanos locais que estão agora a investir de forma profissional e consistente nestas start-ups, fornecendo mentoria, aconselhamento, financiamento e ligações comerciais a empreendedores nas fases iniciais do seu desenvolvimento.
No ano passado, as start-ups no continente levantaram um montante divulgado de 5 mil milhões de dólares, dos quais 400 milhões foram uma contribuição direta de business angels locais. É real e está a acontecer! Os business angels africanos estão a desempenhar um papel importante no ecossistema africano de start-ups.
Com histórias de sucesso como Andela, Paystack, Flatterwave, Chipper, Wave e a mais recente AI InstaDeep, com sede na Tunísia, com um exit de 684 milhões de dólares – a noção de investimento dos business angels está a tornar-se mais popular entre os profissionais africanos, empreendedores de sucesso e fundadores. Este grupo de indivíduos – que possuem os meios, as competências e a apetência para o risco – está ansioso por apoiar a próxima geração de empreendedores e investir em start-ups africanas para ajudar a acelerar o desenvolvimento económico de África.
“Testemunhamos o surgimento da representação feminina, liderada por grupos pioneiros de business angels femininos (…)”
Desde 2015, ano de criação da ABAN, quais as maiores conquistas da rede até agora?
Até à data, existem mais de 5 mil business angels ativos em África, em comparação com apenas algumas dezenas em 2012. Juntamente com o aumento de business angels individuais, também assistimos a um aumento acentuado no número de grupos de business angels e sindicatos que são criados para distribuir o risco entre os membros e melhorar a performance do investimento, passando de apenas cinco grupos de business angels pioneiros em 2012, para mais de 150 grupos business angels em 54 países africanos atualmente.
A visibilidade e acessibilidade do investimento de business angels em África levaram a uma maior diversidade no perfil dos business angels no continente. Testemunhamos o surgimento da representação feminina, liderada por grupos pioneiros de business angels femininos como o Rising Tide Africa, com sede na Nigéria, o Dazzle Angels na África do Sul, a Female Future Angels, nas Maurícias, e DRC Impact Angels, na República Democrática do Congo.
O crescimento do número de redes de business angels reflete a concretização do objetivo estratégico da ABAN de desenvolver o ecossistema de investimento de business angels em África. Estamos empenhados em desbloquear a participação do investimento local no ecossistema africano de start-ups.
Em parceria com a Afrilabs, criámos e lançámos em 2021 a Catalytic Africa, um modelo de investimento inovador, que envolve business angels e hubs de inovação. Ao apoiar estes business angels africanos com subvenções correspondentes para cada investimento de capital bem sucedido feito numa start-up participante, a Catalytic Africa procura reduzir o risco de investimento e facilitar oportunidades de crescimento em todo o continente – dando início a projetos que são alimentados por fundos de business angels. Através da Catalytic-Africa, as start-ups têm a possibilidade de concretizar o seu potencial com oportunidades inovadoras de coinvestimento. Se um projeto for aprovado na análise da candidatura pelo Comité do Programa, receberá fundos correspondentes deste instrumento único de investimento, oferecendo inovação e desenvolvimento poderosos para empresas em fase inicial.
Como se posiciona a Catalytic Africa?
A Catalytic Africa tem sido uma plataforma inovadora para os empreendedores africanos, ligando 520 centros e 373 start-ups a 68 redes de business angels afiliadas da ABAN, com mais de mil investidores individuais. Concluímos 18 investimentos realizados em 12 países até ao momento – abrangendo Camarões, Botsuana, Nigéria, Tunísia, Quénia, África do Sul, RDC, Maurícias, Zâmbia, Tanzânia, Costa do Marfim e Senegal.
No nosso esforço para continuar a equipar os business angels com ferramentas de investimento relevantes e difundir o impacto dos business angels, a ABAN desenvolveu a primeira cópia de modelos de documentação legal de investimento para start-ups nos países da África Lusófona, em países espanhóis e portugueses e nos países africanos da OHADA. O objetivo é apoiar processos de investimento e de negociação e garantir que todas as transações estão em conformidade com as leis locais vigentes. Devido a esta conquista, 17 países africanos da OHADA são capazes de executar todos os investimentos iniciais – tal como os seus pares na África de língua inglesa ou árabe.
A ABAN lançou as suas redes Temáticas de Business Angels com a finalidade de facilitar o investimento em quatro setores-chave que acreditamos que serão fundamentais na próxima década. O lançamento destas redes temáticas é apoiado pela União Europeia através do projeto AEDIB NET para impulsionar o investimento na agricultura inteligente do ponto de vista climático, tecnologia limpa, cidades inteligentes e comércio digital no continente.
Em que mercados a ABAN está presente, quantos associados tem e quanto investiu?
Até à data, a ABAN está presente em todos os 54 países africanos do continente, com grupos de business angels estabelecidos em 33 desses países. Estamos espalhados por redes de 68 membros com mais de 1.400 investidores individuais.
“A Nigéria, a África do Sul, o Egipto e o Quénia têm estado na vanguarda do ecossistema africano de start-ups (…)”.
Olhando para o continente africano como um todo, qual considera ser o país emergente em termos de empreendedorismo? Aquele que tem condições de surpreender o mundo com a sua inovação?
A Nigéria, a África do Sul, o Egito e o Quénia têm estado na vanguarda do ecossistema africano de start-ups, particularmente nos setores das fintech e das tecnologias da saúde. O cenário tecnológico da Nigéria em cidades como Lagos é especialmente vibrante, impulsionado por uma grande população jovem e por uma classe média crescente. A África do Sul, o Quénia e o Egito também têm fortes centros tecnológicos em Joanesburgo, na Cidade do Cabo, em Nairobi e no Cairo.
No entanto, países mais pequenos como o Ruanda e o Gana também estão a ganhar tração. O Ruanda, por exemplo, fez progressos significativos na criação de um ambiente favorável aos negócios e concentrou-se em setores como a tecnologia e os cuidados de saúde. Em termos de capital financeiro, África tem registado um interesse crescente por parte de investidores locais e internacionais. O ecossistema tecnológico africano angariou milhões em investimentos nos últimos anos, com as fintech geralmente a liderarem o processo.
O capital humano é abundante, com uma grande e crescente população jovem que é cada vez mais instruída e conhecedora de tecnologia. Iniciativas como o African Institute for Mathematical Sciences (AIMS), Semicolon e Andela estão a contribuir para o desenvolvimento de talento nos setores tecnológico e outros. Assim, embora subsistam desafios, incluindo obstáculos infraestruturais e regulamentares, o potencial de África para a inovação e o empreendedorismo é significativo.
“(…) algumas start-ups africanas procuram investimento estrangeiro ou mesmo mudam-se para países com ecossistemas de start-ups mais maduros, o que pode resultar numa “fuga de cérebros” de talentos e ideias”.
Existe capital financeiro em África? E o capital humano? Pessoas talentosas?
As ideias nascidas em África têm cada vez mais meios para se desenvolverem e escalarem no continente, embora os desafios permaneçam. Vários países estão a promover ecossistemas de apoio às start-ups, incluindo o acesso a capital de risco, incubadoras de empresas e aceleradores. Além disso, estão a ser elaboradas políticas para facilitar o empreendedorismo, tais como processos de registo de empresas mais simples e incentivos fiscais.
No entanto, ainda existem obstáculos como o acesso limitado ao financiamento, questões de infraestruturas e, por vezes, restrições regulamentares. Como resultado, algumas start-ups africanas procuram investimento estrangeiro ou mesmo mudam-se para países com ecossistemas de start-ups mais maduros, o que pode resultar numa “fuga de cérebros” de talentos e ideias.
Além disso, embora o investimento estrangeiro possa fornecer o capital tão necessário, também pode levar a uma forma de colonização económica onde os interesses locais não estão representados. Há um debate contínuo sobre como equilibrar o envolvimento estrangeiro com a propriedade e o controlo locais.
Apesar disso, o potencial de desenvolvimento e expansão de ideias em África está a aumentar. À medida que o panorama de investimento local amadurece e os governos implementam políticas mais favoráveis às start-ups, a necessidade de procurar oportunidades de crescimento fora do continente poderá diminuir.
(…) há muitas mulheres investidoras de sucesso em África que estão a dar contribuições significativas para o crescimento económico do continente”.
Como é ser uma mulher investidora em África? Quais são os principais desafios para si e para a sua atividade?
Ser uma mulher investidora em África, como em qualquer parte do mundo, pode trazer oportunidades e desafios únicos. Especificamente em África, as mulheres investidoras podem enfrentar barreiras culturais e sociais que podem afetar o seu acesso ao capital, a redes e a recursos. No entanto, é também importante notar que há muitas mulheres investidoras de sucesso em África que estão a dar contribuições significativas para o crescimento económico do continente. É importante apoiar e capacitar estas mulheres para criar um cenário mais inclusivo e diversificado.
Na ABAN, compreendemos a importância da diversidade de género no ecossistema de investimento em early stage e compreendemos que as mulheres investidoras trazem para a mesa perspetivas e insights únicos. É por isso que temos sido muito ponderados no apoio às mulheres investidoras. Com o número crescente de mulheres investidoras no continente, não temos dúvidas de que o seu compromisso sem paralelo no financiamento a mulheres fundadoras contribuirá grandemente para colmatar o défice de financiamento de 42 mil milhões de dólares para as mulheres africanas.
“O desejo de resolver problemas, assumir riscos e provocar mudanças positivas é uma característica partilhada entre empreendedores de todo o mundo”.
A Fadilah estudou nos EUA e no Reino Unido, e agora trabalha em África. O que une e separa o empreendedorismo que se faz nestas geografias?
Tem sido um grande e único privilégio viver e interagir com os EUA, o Reino Unido e muitos países africanos. O empreendedorismo é um campo estimulante e dinâmico e, embora existam certamente semelhanças entre geografias, existem também algumas diferenças distintas entre os EUA, o Reino Unido e os países de África.
Um dos principais fatores que unem o empreendedorismo nestas geografias é o impulso para a inovação e a procura de oportunidades. Os empreendedores em todos os países e regiões procuram constantemente novas ideias, produtos e serviços que possam satisfazer as necessidades do mercado e criar valor. O desejo de resolver problemas, assumir riscos e provocar mudanças positivas é uma característica partilhada entre empreendedores de todo o mundo.
No entanto, também existem algumas diferenças notáveis. Nos EUA há uma forte ênfase no capital de risco e um ecossistema robusto de start-ups que apoia projetos de elevado crescimento e orientados para a tecnologia. Silicon Valley, por exemplo, é conhecido como um centro de inovação e empreendedorismo. O Reino Unido também tem um cenário próspero de start-ups, com foco em setores como fintech, indústrias criativas e manufatura avançada.
Em África, o empreendedorismo assume muitas vezes uma forma diferente devido a fatores socioeconómicos e culturais únicos. Muitos empresários em África são movidos pela necessidade de enfrentar desafios sociais e económicos, como o acesso aos cuidados de saúde, à educação e às necessidades básicas. Há um reconhecimento crescente do potencial do empreendedorismo para impulsionar o crescimento inclusivo e criar empregos em África. Como resultado, tem havido um aumento no empreendedorismo social e nos empreendimentos orientados para o impacto que visam fazer uma diferença positiva nas comunidades locais.
Outra distinção importante é a disponibilidade de recursos e sistemas de apoio aos empreendedores. Embora os EUA e o Reino Unido tenham redes bem estabelecidas de investidores, mentores e incubadoras, o acesso ao financiamento e ao apoio pode ser mais difícil em África. No entanto, estão em curso esforços para colmatar esta lacuna com o surgimento de redes de investidores business angels, fundos de impacto e organizações de apoio ao empreendedorismo em todo o continente.
No geral, embora existam semelhanças na mentalidade empreendedora e na procura de oportunidades, os contextos e desafios específicos de cada geografia moldam a natureza do empreendedorismo. É um campo estimulante e em evolução que pode beneficiar da aprendizagem e colaboração intercultural.
Como é que o trabalho da Catalytic Africa se interconecta com a ABAN?
A Catalytic Africa é uma solução de coinvestimento da ABAN em conjunto com a AfriLabs que angaria fundos de vários parceiros institucionais para adicionar a uma pool focada em start-ups em fase inicial em África. É o primeiro fundo de compensação africano e visa reduzir o risco do investimento em start-ups inovadoras no continente com quatro objetivos principais: aumentar o investimento feito por investidores business angels em start-ups africanas; fortalecer as redes de business africanos e os centros de inovação; financiar start-ups africanas com soluções digitais inovadoras e impacto mensurável; apresentar dados confiáveis do ecossistema, insights e relatórios de impacto para todas as partes interessadas.
O Catalytic Africa Fund é exclusivo para membros da rede ABAN, pois acreditamos que eles têm a capacidade certa para apoiar ainda mais o desenvolvimento de start-ups africanas. Até à data, 1.155.794 euros foram investidos por investidores locais afiliados da ABAN, o que desbloqueou 973.968 euros do fundo Catalytic Africa como subvenções correspondentes qualificadas, conduzindo a um montante cumulativo de mais de 2,1 milhões de euros investidos em start-ups africanas em 12 países.
“As ideias nascidas em África têm certamente potencial para se desenvolverem e escalarem dentro e fora do continente”.
As ideias nascidas em África têm meios para se desenvolverem e escalarem em África ou são absorvidas por outros?
As ideias nascidas em África têm certamente potencial para se desenvolverem e escalarem dentro e fora do continente. Na verdade, tem havido um reconhecimento crescente da importância da inovação e do empreendedorismo locais em África, e estão a ser feitos esforços para fornecer o apoio e os recursos necessários para que os empreendedores africanos prosperem dentro e fora do continente. Flutterwave, uma empresa fintech nascida na Nigéria, agora opera em vários países africanos, no Reino Unido, na América e na Europa. A mPharma, uma empresa de tecnologia de saúde nascida no Gana, opera na Nigéria, na Zâmbia e no Zimbabué.
Um dos desafios no passado foi o acesso limitado ao financiamento e às oportunidades de investimento para as start-ups africanas. No entanto, esta situação está a mudar gradualmente. Tem havido um aumento no número de investidores business angels, de empresas de capital de risco e fundos de impacto que se concentram especificamente no apoio aos empreendedores africanos. Além disso, governos, organizações de desenvolvimento e entidades empresariais também estão a reconhecer o potencial das start-ups africanas e a fornecer financiamento e apoio através de vários programas e iniciativas.
Existe um ecossistema crescente de incubadoras, aceleradores e organizações de apoio ao empreendedorismo em África que fornecem orientação, formação e networking e oportunidades para ajudar os empreendedores a desenvolver e dimensionar suas ideias. Estas organizações desempenham um papel crucial no desenvolvimento e apoio das start-ups africanas ao longo da sua jornada.
Além disso, a ascensão da tecnologia e das plataformas digitais abriu novas possibilidades para os empreendedores africanos alcançarem um público mais vasto e escalarem os seus negócios. A tecnologia móvel, em particular, tem sido um fator de mudança em África, permitindo que soluções inovadoras sejam fornecidas a comunidades anteriormente desfavorecidas.
Embora ainda possa haver alguns casos em que as ideias africanas são absorvidas ou replicadas por outros, há um forte impulso para garantir que os empreendedores africanos tenham os meios para desenvolver e dimensionar as suas próprias ideias no continente. Isto não é apenas importante para o crescimento económico e a criação de emprego, mas também para enfrentar os desafios e oportunidades únicos que existem em África.
Em última análise, o desenvolvimento e a expansão de ideias em África dependem de uma combinação de fatores como o acesso ao financiamento, ecossistemas de apoio, orientação e procura do mercado. Com o apoio e os recursos adequados, os empreendedores africanos têm potencial para criar empreendimentos impactantes e bem-sucedidos dentro e fora do continente africano.
“A África é abençoada por ter quer investidores locais quer internacionais”.
Que futuro prevê para o mercado de start-ups e investidores em África?
O futuro é muito brilhante, por falta de palavra melhor. As start-ups e os investidores em África estão preparados para uma revolução massiva no ecossistema de start-ups e investidores, e estes investidores estão na vanguarda desta jornada transformadora para impulsionar ainda mais esta revolução.
Com uma classe média em crescimento, maior acesso à tecnologia e um investimento de business angels dinâmico e espírito empreendedor, África oferece um terreno fértil para o sucesso de start-ups inovadoras. África é abençoada por ter quer investidores locais quer internacionais. Tanto os investidores locais como internacionais reconhecem o imenso potencial que o nosso continente tem e estão a desempenhar um papel fundamental no fomento da inovação no continente. Do meu ponto de vista, as start-ups e os investidores business angels estão a moldar o futuro da economia de África, impulsionando a criação de emprego e enfrentando outros desafios críticos que se abatem sobre o continente.
Agora é o momento de investir em África?
Sim, neste momento, África tem um imenso potencial de investimento inexplorado. O nosso continente é um continente de vastas oportunidades em processo de aproveitamento. Observemos a população jovem, os recursos naturais abundantes e os mercados consumidores e empreendedores em constante crescimento. Fundos de compensação como o Catalytic Africa desempenham um papel fundamental no investimento em África e ajudou a impulsionar tantas start-ups em todo o continente através de parcerias estratégicas com governos, agências de desenvolvimento e investidores privados, amplificando o impacto dos investimentos em setores chave como EdTech, agricultura inteligente para o clima, tecnologia limpa, comércio digital e cidades inteligentes, que são as principais áreas temáticas de investimento na ABAN.
Não só proporcionam um impulso financeiro, mas também atraem capital adicional para novos empreendedores e start-ups, promovendo a inovação e o desenvolvimento sustentável. Na verdade, estão a impulsionar mudanças positivas no cenário de investimento em África. Quer seja em setores como tecnologia, agricultura, infraestruturas ou energia, África oferece um cenário promissor para investidores business angels que procuram empreendimentos de alto crescimento e impacto e a ABAN está satisfeita por fazer parte desta jornada transformadora.
Versão em inglês:
What is the role of ABAN in the entrepreneurship that is done on the African continent?
African Business Angel Network (ABAN) is the largest pan-African organization of Angel investors in Africa. Established in 2015, ABAN represents the growing number of business angel groups in the African early-stage ecosystems’ future, providing vital human and financial capital to African startup companies creating jobs across the continent.
The African continent is home to a rapidly growing startup ecosystem, with an increasing number of entrepreneurs seeking funding for their innovative ideas. This need is being met in part by the growing number of local African business angels who are now investing professionally and consistently in these startups by providing mentorship, advice, funding, and business connections to entrepreneurs in the early stages of their startup development. Last year, startups on the continent raised a disclosed amount of $ 5 billion out of which $400,000 million was a direct contribution from local business angels. It is real and it is happening. African Business angels are playing an important role in the African startup ecosystem.
With the success stories such as Andela, Paystack, Flatterwave, Chipper, Wave, and more recent Tunisia-based AI InstaDeep exiting at $684million – the notion of business angel investing is becoming more popular among African professionals, successful entrepreneurs, and founders. This group of individuals – who have the means, skills, and risk appetite – are eager to support the next generation of entrepreneurs and invest in African start-ups to help accelerate Africa’s economic development.
Since 2015, the year ABAN was created, what are the network’s biggest wins so far?
To date, there are over 5,000 active business angels in Africa compared to a only few dozen in 2012. Along with the increase in individual business angels, we have also seen a sharp increase in the number of business angel groups and syndicates that are created to spread risk amongst members and improve investment performance, from just 5 pioneering angel network groups in 2012 to over 150 business angel groups across 54 African countries today.
The visibility and accessibility of angel investing in Africa have led to greater diversity in the profile of business angels on the continent. We have witnessed the emergence of female representation led by pioneering female business angel groups such as Rising Tide Africa, based in Nigeria, Dazzle Angels in South Africa, Female Future Angels in Mauritius, and DRC Impact Angels in the Democratic Republic of Congo. The growth in the number of business angel networks reflects the achievement of ABAN’s strategic goal of developing the Angel Investment ecosystem in Africa.
At ABAN we are committed to unlocking the participation of local investment in the African start-up ecosystem. In partnership with Afrilabs, we created and launched Catalytic Africa in 2021, an innovative investment model involving Business Angels and Innovation Hubs. By backing these African business angels with matching grants for each successful equity investment made in a participating start-up, Catalytic-Africa seeks to reduce the risk of investing and facilitate growth opportunities throughout the continent – kicking off projects that are powered by business angels’ funds and grant money alike! Through Catalytic Africa, start-ups have the chance to actualize their potential with innovative co-investment opportunities. If a venture passes an application review by the Programme Committee, it will receive matching funds from this unique instrument of investment in African ventures, offering powerful innovation and development for early-stage businesses on the continent.
How is Catalytic Africa positioned?
Catalytic Africa has been a groundbreaking platform for African entrepreneurs, connecting 520 hubs and 373 startups to 68 ABAN’s affiliated angel networks with over 1000 individual investors. We have concluded 18 investments made in 12 countries so far – covering Cameroon, Botswana, Nigeria, Tunisia, Kenya, South Africa, DRC, Mauritius, Zambia, Tanzania, Cote D’Ivoire and Senegal.
In our effort to continue to equip business angels with relevant investment toolkits and spread business angel impact, ABAN developed the first copy of investment legal documentation templates for start-ups in Lusophone African countries in Spanish and Portuguese and OHADA African countries, The aim is to support investment and deal-making processes for business and ensure that all transactions are compliant with prevailing local laws. Because of this achievement, 17 OHADA African countries are able to execute all start-up investments – just like their peers in English-speaking or Arabic-speaking Africa.
ABAN has launched its Thematic Angel networks aimed at facilitating investment into 4 key sectors we believe would be key in the coming decade. The launch of these thematic networks is supported by the European Union through its AEDIB NET project to drive investment into climate-smart agriculture, clean technology, smart cities, and Digital trade ventures on the continent.
In which markets is ABAN present, how many members do you have and how much has it invested?
To date, ABAN has a presence across all 54 African countries on the continent with established Angel groups in 33 of those countries. We are spread through 68-member networks with over 1400 individual Angel Investors.
Looking at the African continent as a whole, what do you think is the emerging country in terms of entrepreneurship? The one who has the conditions to surprise the world with his innovation?
Nigeria, South Africa, Egypt, and Kenya have been at the forefront of the African startup ecosystem, particularly in the fintech and health tech sectors. Nigeria’s tech scene in cities like Lagos is especially vibrant, driven by a large, youthful population and a growing middle class. South Africa, Kenya, and Egypt also have strong tech hubs in Johannesburg, Cape Town, Nairobi, and Cairo.
However, smaller countries like Rwanda and Ghana are also gaining traction. Rwanda, for instance, has made significant strides in creating a business-friendly environment and has focused on sectors like technology and healthcare.
In terms of financial capital, Africa has seen growing interest from both local and international investors. The African tech ecosystem raised billions in investment in recent years, with fintech usually leading the charge.
Human capital is abundant, with a large and growing youth population that is increasingly well-educated and tech-savvy. Initiatives like the African Institute for Mathematical Sciences (AIMS), Semicolon, and Andela are contributing to talent development in tech and other sectors. So, while challenges remain, including infrastructural and regulatory hurdles, Africa’s potential for innovation and entrepreneurship is significant.
There is financial capital in Africa? And human capital? Talent people?
Ideas born in Africa increasingly have the means to develop and scale within the continent, although challenges remain. Various countries are fostering supportive ecosystems for startups, including access to venture capital, business incubators, and accelerators. Moreover, policies are being crafted to facilitate entrepreneurship, such as more straightforward business registration processes and tax incentives.
However, there are still hurdles like limited access to funding, infrastructure issues, and sometimes, regulatory constraints. As a result, some African startups do seek foreign investment or even relocate to countries with more mature startup ecosystems, which can result in a “brain drain” of talent and ideas.
Additionally, while foreign investment can provide much-needed capital, it can also lead to a form of economic colonization where local interests are not adequately represented. There’s an ongoing debate on how to balance foreign involvement with local ownership and control.
Nevertheless, the potential for ideas to be developed and scaled in Africa is increasing. As the local investment landscape matures and governments implement more startup-friendly policies, the need to look outside the continent for growth opportunities may lessen.
What is it like to be a woman investor in Africa? What are the main challenges for you and for your activity?
Being a woman investor in Africa, like in any part of the world, can come with unique opportunities and challenges. In Africa specifically, women investors may face cultural and societal barriers that can affect their access to capital, networks, and resources. However, it is also important to note that there are many successful women investors in Africa who are making significant contributions to the continent’s economic growth. It is important to support and empower these women to create a more inclusive and diverse landscape. At ABAN, we understand the importance of gender diversity in the early-stage investment ecosystem and understand that women investors bring unique perspectives and insights to the table. That is why we have been very deliberate in supporting women investors. With the growing number of female angel investors on the continent, we have no doubt that their unparalleled commitment to financing female founders will greatly contribute to closing the $42 billion financing gap for African women.
Fadilah studied in the US and the UK, and now works in Africa. What unites and separates the entrepreneurship that is done in these geographies?
It has been a great and unique privilege to live and engage with the US, the UK and many African countries. Entrepreneurship is an exciting and dynamic field, and while there are certainly similarities across geographies, there are also some distinct differences between the US, the UK, and countries in Africa.
One of the key factors that unites entrepreneurship across these geographies is the drive for innovation and the pursuit of opportunities. Entrepreneurs in all countries and regions are constantly seeking new ideas, products, and services that can meet the needs of the market and create value. The desire to solve problems, take risks, and bring about positive change is a shared characteristic among entrepreneurs worldwide.
However, there are also some notable differences. In the US, there is a strong emphasis on venture capital and a robust startup ecosystem that supports high-growth, technology-driven ventures. Silicon Valley, for instance, is renowned as a hub for innovation and entrepreneurship. The UK also has a thriving startup scene, with a focus on sectors like fintech, creative industries, and advanced manufacturing.
In Africa, entrepreneurship often takes a different form due to unique socio-economic and cultural factors. Many entrepreneurs in Africa are driven by the need to address social and economic challenges, such as access to healthcare, education, and basic necessities. There is a growing recognition of the potential for entrepreneurship to drive inclusive growth and create jobs in Africa. As a result, there has been a rise in social entrepreneurship and impact-driven ventures that aim to make a positive difference in local communities.
Another important distinction is the availability of resources and support systems for entrepreneurs. While the US and the UK have well-established networks of investors, mentors, and incubators, access to funding and support can be more challenging in Africa. However, there are efforts underway to bridge this gap, with the rise of angel investor networks, impact funds, and entrepreneurship support organizations across the continent.
Overall, while there are similarities in the entrepreneurial mindset and the pursuit of opportunities, the specific contexts and challenges in each geography shape the nature of entrepreneurship. It’s an exciting and evolving field that can benefit from cross-cultural learning and collaboration.
How does Catalytic Africa’s work interconnect with ABAN?
Catalytic Africa is a co-investment solution by ABAN in conjunction with AfriLabs that raises funds from various institutional partners to add to a pool focused on early-stage startups in Africa. It is the first African matching fund and it aims to de-risk investment into innovative startups on the continent with 4 key objectives.
Increase the investment made by angel investors in African startups Strengthen African angel networks and innovation hubs Fund African startups with innovative digital solutions & measurable impact Present reliable ecosystem data, insights, and impact reporting for all stakeholders Catalytic Africa Fund is exclusive to ABAN network members as we believe they have the right capacity to further support the development of African startups.
To date, € 1,155,794 has been invested by local angel investors affiliated with ABAN and this has unlocked €973,968 from the Catalytic Africa fund as qualified matching grants, leading to a cumulative amount of over € 2.1 Million invested in African startups across 12 countries.
Do ideas born in Africa have the means to develop and scale in Africa or are they absorbed by others?
Ideas born in Africa certainly have the potential to develop and scale within and outside the continent. In fact, there has been a growing recognition of the importance of homegrown innovation and entrepreneurship in Africa, and efforts are being made to provide the necessary support and resources for African entrepreneurs to thrive within and beyond the continent. Flutterwave, a Nigerian-born fintech company now operates in various African countries, the UK, America, and Europe. mPharma, a Ghana-born health-tech firm, now operates in Nigeria, Zambian, and Zimbabwe.
One of the challenges in the past has been the limited access to funding and investment opportunities for African startups. However, this situation is gradually changing. There has been an increase in the number of angel investors, venture capital firms, and impact funds that are specifically focused on supporting African entrepreneurs. Additionally, governments, development organizations, and corporate entities are also recognizing the potential of African startups and are providing funding and support through various programs and initiatives.
Moreover, there is a growing ecosystem of incubators, accelerators, and entrepreneurship support organizations in Africa that provide mentorship, training, and networking opportunities to help entrepreneurs develop and scale their ideas. These organizations play a crucial role in nurturing and supporting African startups throughout their journey.
Furthermore, the rise of technology and digital platforms has opened up new possibilities for African entrepreneurs to reach a wider audience and scale their businesses. Mobile technology, in particular, has been a game-changer in Africa, enabling innovative solutions to be delivered to previously underserved communities.
While there may still be some instances where African ideas are absorbed or replicated by others, there is a strong push to ensure that African entrepreneurs have the means to develop and scale their own ideas within the continent. This is not only important for economic growth and job creation but also for addressing the unique challenges and opportunities that exist in Africa.
Ultimately, the development and scaling of ideas in Africa depend on a combination of factors such as access to funding, supportive ecosystems, mentorship, and market demand. With the right support and resources, African entrepreneurs have the potential to create impactful and successful ventures within and beyond the African continent.
What future do you foresee for the start-up and investor market in Africa?
The future is very bright, for lack of a better word. Startups and investors in Africa are poised for a massive startup and investor ecosystem revolution, and these angel investors are at the forefront of this transformative journey in propelling this revolution, even further. With a growing middle class, increased access to technology, and a dynamic angel investment and entrepreneurial spirit, Africa offers a fertile ground for innovative startups to thrive. Africa is blessed to have both local and international angel investors. Both local and international angel investors recognize the immense potential our continent has and are playing a pivotal role in fueling innovation in the continent. From my standpoint, startups and angel investors are shaping the future of Africa’s economy, driving job creation, and addressing other critical challenges befalling the continent.
Now is the time to invest in Africa?
Yes, as we speak, Africa has an immense untapped investment potential. Our continent is a continent of vast opportunities in the process of being harnessed. Look at the youthful population, abundant natural resources, and ever-growing consumer and entrepreneurial markets. Matching funds like Catalytic Africa play a pivotal role in catalyzing investment in Africa and has helped uplift so many startups all over the continent through strategic partnerships with governments, development agencies, and private investors, amplifying the impact of investments in key sectors such as EdTech, Climate Smart Agriculture, Clean Technology, Digital Trade, and Smart Cities, which are the key thematic areas of investment in ABAN. They not only provide a financial boost but also attract additional capital for budding entrepreneurs and startups, fostering innovation and sustainable development. They are actually driving positive change in Africa’s investment landscape. Whether it’s in sectors like technology, agriculture, infrastructure, or energy, Africa offers a promising landscape for angel investors seeking high growth and impactful ventures and ABAN is glad to be part of this transformative journey.