Opinião

A resiliência na recuperação

Miguel Frade, presidente da direção da Associação Começar Hoje

Numa altura em que a pandemia Covid-19 ameaça entrar numa nova vaga, fala-se ao mesmo tempo na recente aprovação europeia do nosso Plano de Recuperação e Resiliência. E estas duas palavras descrevem bem a vivência na nossa sociedade, no último ano e meio – resiliência e recuperação.

Se por um lado é pedido aos empresários que sejam resilientes e consigam “fazer das tripas coração” para conseguirem recuperar o que perderam durante mais de 18 meses, por outro lado é pedido à sociedade em geral que tenha a resiliência necessária para resistir a esta pandemia que nos apanhou a todos de surpresa com o seu impacto.

Foco-me em especial, com este artigo, nos jovens, dado que estes são o foco da Associação Começar Hoje e do nosso trabalho. Num “vai e vem” constante nos últimos meses, os jovens ora tiveram de realizar toda a sua atividade académica em casa, ora foi-lhes possível de forma parcial e, posteriormente, de forma total continuar a frequentar a escola.

Este facto inerente ao contexto que vivemos, não permitiu a tão necessária igualdade de aprendizagens, cavando ainda mais o fosso entre os jovens com mais recursos e aqueles que não os têm.

Devemos sempre, enquanto sociedade, permitir que todos os jovens, sem exceção, possam desenvolver o seu real talento e potencial, pois apenas assim conseguiremos crescer e evoluir. Todos têm talentos, não interessando a sua origem.

A este ponto, junta-se o impacto económico que levou a que muitos estudantes do ensino superior, que estão a estudar fora da sua área de residência, sintam a necessidade de desistir dos estudos, segundo um inquérito realizado pela Federação Académica do Porto.

Se é verdade que muitos setores de atividade, como os eventos, restauração, hotelaria, tiveram um impacto gigante, não é menos verdade que no fim da linha são as pessoas que sentem de facto os impactos. E quando os impactos chegam aos jovens, da forma que enunciei acima, em minha opinião, é todo um futuro da nossa sociedade que está em causa.

A renovação de quadros, de funcionários e colaboradores em empresas e mesmo no próprio Estado, apenas se poderá realizar de forma correta, se tivermos bons profissionais, e bem formados (pessoal e profissionalmente).

Colocando em causa as aprendizagens, colocando em causa a possibilidade de conseguirem prosseguir os estudos, é colocar em causa o nosso futuro. É imperativo continuarmos a trabalhar, e de forma ainda mais afincada, no seu desenvolvimento, capacitação e motivação.

Nós, Associação Começar Hoje, assumimos esse compromisso desde a nossa génese, e hoje renovamo-la ainda com mais energia. Juntem-se a este nosso compromisso, e à nossa resiliência, para todos juntos recuperarmos melhor.

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