Opinião

A relevância na escolha de uma instituição de Ensino Superior: uma decisão para o nosso futuro

Teresa Damásio, administradora do Grupo Ensinus

Escolher uma universidade é, talvez, uma das decisões mais decisivas que alguém pode tomar ao longo da sua vida académica e profissional. Não se trata apenas de escolher um local para estudar — trata-se de definir com quem queremos aprender, a que comunidade queremos pertencer, e em que ecossistema de conhecimento queremos crescer.

Seja para uma licenciatura, mestrado ou doutoramento, a primeira reflexão deve incidir sobre a missão, os valores e a política educacional da instituição. Estes pilares fundacionais são os que orientam toda a cultura académica e determinam o tipo de profissionais e cidadãos que a universidade pretende formar. Uma universidade que valoriza o pensamento crítico, a responsabilidade social e o rigor científico tem um impacto duradouro na formação de cada discente.

Em segundo lugar, deve-se ter muita atenção à sua política de internacionalização, pois vivemos num mundo cada vez mais globalizado e estamos inseridos na União Europeia. Tendo em conta a estratégia de internacionalização adotada pela Universidade, no momento da escolha, é importante verificar o que tem sido feito no Programa Erasmus+ e no âmbito do European Research Council, que é a instituição europeia que norteia toda a política de investigação no Ensino Superior.

Outro ponto crítico passa pela análise do sistema de qualidade da Universidade e se estão de acordo com a EUA – European University Association, no que concerne à Quality Assurance. Muitas vezes, os candidatos começam a sua análise pelo corpo docente. Ora, essa preocupação, embora legítima, deve surgir numa fase posterior. Em Portugal, a acreditação dos cursos é rigorosamente regulada por uma agência independente, que exige a presença de um corpo docente altamente qualificado — doutorados e pós-doutorados. Portanto, se o curso está ativo e acreditado, é porque reúne as condições exigidas por lei e de acordo com as boas práticas que são exigidas a nível nacional e internacional.

Assim, devem ser tidos em conta diferentes critérios no momento de escolha de uma universidade, analisando-os de forma transversal e holística. Nesse sentido, as instituições de ensino superior têm que seguir diferentes eixos estratégicos de forma a acrescentar mais valor à sua oferta académica. Como consequência, é importante analisar a relação que a universidade tem com o mercado de trabalho e o suporte que fornece no ingresso ao mercado de trabalho. Deve-se entender se trabalham com os estágios do Parlamento Europeu, das Nações Unidas, do Banco Mundial e se estão ativamente ligadas às grandes redes internacionais de recrutamento jovem, que acaba por consistir num mundo de grandes oportunidades para as carreiras europeias.

A relação com os alumni é outro reflexo da vitalidade e prestígio de uma instituição, pois uma universidade que mantém viva a ligação com os seus antigos alunos demonstra que a aprendizagem não termina no dia da graduação. Revela continuidade, pertença e compromisso com o sucesso das suas pessoas.

Por último, quem é o conselho estratégico desta instituição? Quem são os stakeholders? Importa saber, porque estes dizem muito sobre o posicionamento da universidade e do futuro de quem a escolhe.

Esta decisão é de facto um elemento complexo e que envolve muitos fatores, exigindo um grande grau de ponderação, sendo um investimento naquilo que queremos ser e nas ferramentas que desejamos adquirir para o conseguir.

Se o conhecimento é o maior Capital de uma sociedade, então, é importante percebermos onde o vamos adquirir, tal fator tolda todo o nosso pensamento crítico e o nosso futuro.

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Teresa Damásio

Teresa Damásio

Teresa Damásio é Administradora do Grupo Ensinus desde julho de 2016, que faz parte do Grupo Lusófona, o maior grupo de ensino de língua portuguesa no mundo. É também Administradora do Real Colégio de Portugal e do Grupo ISLA. Presidente do Conselho de Administração da Universidade Lusófona da Guiné-Bissau e Membro do Conselho de Administração do ISUPE Ekuikui II, em Angola. Presentemente, integra a Direcção da AEEP. Foi fundadora da Internacionalização do Grupo Lusófona, passou pela Assembleia da República como... Ler Mais..

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