A ascensão das comunidades EBAN: uma evolução setorial e transfronteiriça dos business angels na Europa

À medida que o business angel se profissionaliza cada vez mais na Europa, surge uma tendência clara: as abordagens generalistas estão a dar lugar a estratégias setoriais. “Investe naquilo que conheces” é um conselho comum entre alguns dos business angels mais experientes e bem-sucedidos.

Os business angels estão a estreitar o seu foco, alinhando-se com setores onde não aportam apenas capital, mas também conhecimento profundo, redes de contacto e credibilidade. Esta mudança reduz o risco e aumenta a criação de valor—beneficiando tanto investidores como start-ups.

Capital inteligente num ecossistema fragmentado

No atual ecossistema fragmentado de start-ups, a vantagem competitiva reside no capital inteligente — a capacidade de identificar e apoiar a equipa certa, no espaço certo, no momento certo, com o tipo certo de apoio. No entanto, esta evolução traz também desafios.

O fluxo nacional de negócios não é suficiente

Os investidores setoriais enfrentam frequentemente um paradoxo: o mercado nacional pode não gerar oportunidades de investimento suficientes para corresponder à sua tese. Por exemplo, um  business angel focado em desporto ou no setor espacial pode descobrir que as oportunidades de qualidade no seu país são escassas, demasiado prematuras ou demasiado tardias.

A solução? Expandir-se além-fronteiras. Mas isso é mais fácil de dizer do que de fazer.

A complexidade do business angel transfronteiriço

Investir além-fronteiras envolve hoje várias complexidades: legais, fiscais, regulatórias, culturais e operacionais. Ao contrário das empresas de capital de risco, que têm equipas e consultores para apoiar a expansão internacional, análise de mercado e redes transfronteiriças, os business angels individuais muitas vezes não têm os recursos necessários para navegar sozinhos nestas questões complexas. Isto cria uma lacuna no ecossistema — uma lacuna que as comunidades EBAN estão particularmente bem posicionadas para preencher.

Comunidades EBAN: reduzir atritos, aumentar o impacto

As comunidades EBAN criam ambientes estruturados e baseados na confiança que conectam business angels em toda a Europa e além. Ajudam a reduzir os atritos no investimento transfronteiriço, oferecendo:

• Fluxo de negócios partilhado: Acesso a start-ups qualificadas alinhadas com teses setoriais, independentemente da geografia.

• Conhecimento setorial e networking: As comunidades trazem know-how profundo e contactos internacionais.

• Pontes de conhecimento local: Membros de cada país ajudam a navegar nas nuances legais, regulatórias e culturais.

• Co-investimento transfronteiriço: Estruturas e melhores práticas para sindicação eficiente.

• Agrupamento temático: Comunidades organizadas por setor ou tema de impacto, e não por geografia.

Exemplos recentes incluem EBAN Sports e EBAN Space & Defence, que demonstram o crescente impulso deste modelo.

O 28.º Regime: facilitar a próxima fase

A Europa aproxima-se de um quadro unificado para o investimento transfronteiriço, muitas vezes referido como o “28.º regime”—uma infraestrutura legal e fiscal harmonizada que simplificará transações entre Estados-membros.

Para os business angels setoriais, este regime não é apenas um marco político, mas sim um facilitador prático. Permitirá olhar além-fronteiras em busca das melhores start-ups e atuar sobre essas oportunidades com maior facilidade e confiança.

Em conjunto, o 28.º regime e as comunidades EBAN, orientadas por setores e transfronteiriças, constituem a base para a próxima evolução do investimento em fases iniciais na Europa: inteligente, conectado e internacional desde o primeiro dia. Isto permitirá às start-ups crescer mais rapidamente e de forma mais eficiente, apoiadas por capital que traz valor estratégico e acesso a mercados.

Não se trata apenas de mais negócios — mas de negócios nelhores

No final, o objetivo não é simplesmente fazer mais negócios, mas fazer melhores negócios. Comunidades setoriais, potenciadas por redes transfronteiriças de confiança, permitem aos investidores encontrar start-ups que se alinham com a sua tese e acrescentam valor estratégico.

Quando os business angels atuam como mais do que apenas capital — como mentores, facilitadores e campeões —, as start-ups ganham vantagem competitiva. Num mercado global, altamente competitivo, essa vantagem pode fazer toda a diferença.

Como copresidente da EBAN Sports, incentivo os BANs e todos os membros EBAN interessados em desporto a juntarem-se à comunidade, na esperança de trazer valor ao ecossistema EBAN e fomentar a inovação e o investimento em fases iniciais na Europa em start-ups de tecnologia desportiva.

Versão em inglês

The Rise of EBAN Communities
A Sector-Specific, Cross-Border Evolution of Angel Investing in Europe

As angel investing becomes increasingly professionalised across Europe, a compelling trend is emerging; generalist approaches are giving way to sector-specific strategies. “Invest in what you know”, a common advise by some of the most experienced and successful business angels. Angel investors are narrowing their focus, aligning with sectors where they contribute not only capital, but also deep expertise, networks, and credibility. This shift reduces risk and enhances value creation—benefiting both investors and start-ups.

Smart Capital in a Fragmented Landscape

In today’s fragmented start-up ecosystem, competitive advantage lies in smart capital—being able to identify and support the right team, in the right space, at the right time, with the right kind of backing. However, this evolution also brings challenges.

National Deal Flow Isn’t Enough

Sector-specific investors often face a paradox: their national market may not generate sufficient deal flow to match their investment thesis. For instance, an angel focused on sport or space may find that quality opportunities in their country are either too few, too early, or too late.

The solution? Go cross-border. But that’s easier said than done.

The Complexity of Cross-Border Angel Investing

Cross-border investing today comes with a host of complications: legal, tax, regulatory, cultural, and operational. Unlike venture capital firms, which have teams and advisors to support international deployment, market analysis, and cross-border networks, individual angels often lack the resources to navigate these complexities alone. This creates a gap in the ecosystem—one that EBAN communities are uniquely positioned to fill.

EBAN Communities: Reducing Friction, Increasing Impact

EBAN communities create structured, trust-based environments that connect angels across Europe and beyond. They help reduce friction in cross-border investing by offering:

• Shared deal flow: Access to qualified start-ups aligned with sector-specific theses, regardless of geography
• Sector expertise & networking: Communities bring deep know-how and international contacts
• Local knowledge bridges: Members from each country help navigate legal, regulatory, and cultural nuances
• Cross-border co-investment: Frameworks and best practices for efficient syndication
• Thematic clustering: Communities organised by sector or impact theme, rather than geography

Recent examples include EBAN Sports and EBAN Space & Defence, which demonstrate the growing momentum behind this model.

The 28th Regime: Enabling the Next Phase

Europe is moving closer to a unified framework for cross-border investment, often referred to as the “28th regime”—a harmonised legal and tax infrastructure that will simplify transactions across member states.

For sector-specific angels, this regime is not merely a policy milestone—it’s a practical enabler. It will allow them to look beyond borders for the best start-ups and act on those opportunities with greater ease and confidence.

Together, the 28th regime and EBAN’s sector-driven, cross-border communities form the foundation for the next evolution of early-stage investing in Europe: smart, connected, and international from day one. This will empower start-ups to scale faster and more efficiently, backed by capital that brings strategic value and market access.

Not Just More Deals—Better Ones

Ultimately, the goal isn’t simply to do more deals—it’s to do better deals. Sector-specific communities, powered by trusted cross-border networks, enable investors to find start-ups that fit their thesis and add strategic value.

When angels act as more than just capital—serving as mentors, connectors, and champions—start-ups gain a competitive edge. In a global, highly competitive market, that edge can make all the difference.

As Co-Chair of EBAN Sports, I encourage BANs and all BAN members interested in sport to join the community, with the hope that it will bring value to the EBAN ecosystem and foster innovation and early-stage investment in Europe across sports tech start-ups.

Sobre o autor

Juan Fuentes (Espanha) é Diretor do Global Sports Testing Lab, sediado em Valência pelo GSIC (Global Sports Innovation Center) Powered by Microsoft, um hub global de inovação desportiva financiado pela gigante tecnológica. Juan Fuentes é também business angel transfronteiriço e mentor de start-ups, com vários anos de experiência em desenvolvimento internacional de negócios na Europa, Médio Oriente e Ásia. É membro do FIBAN, consultor na Factory Sports Tech VC (Noruega) e membro do conselho no Danish Start-up Group.

Com mais de nove anos de experiência como responsável de expansão da LaLiga no MENA e Norte da Europa, a sua expertise na indústria do desporto combina-se com uma abordagem agnóstica, tendo também trabalhado no MENA para a Embaixada de Espanha ajudando empresas espanholas a expandirem-se globalmente, e na APAC em investigação económica e análise de investimento para o Oxford Business Group. Com investimentos em seis países, foi ainda mentor no acelerador TechStars US. É docente e investigador nas suas áreas de especialidade em várias universidades, incluindo a Harvard Business School, a Stockholm School of Economics e a European Sports Business School.

A publicação deste artigo insere-se na parceria entre o Link To Leaders e a EBAN, rede europeia de investidores em fases iniciais.