Opinião
A arte da autenticidade ou como podes chegar a líder
Nada de especial este meu escrito. Transmite de forma simples uma apresentação que tenho feito sobre liderança. Porque os tempos requerem líderes. E sobretudo verdadeiros líderes de pessoas.
Isto dito, e o escrito tem 10 pontos. Ou estrutura-se em 10 tópicos. Vamos a eles.
1 – Quem é aqui o líder? Isto é uma disputa de quem para com quem? Quem está envolvido? Todos estão envolvidos?
A questão fundamental, de forma simples, é que não há liderança alguma se tudo não começar no próprio líder. Autoconhecimento e autogestão. Depois disto, muita gestão própria. Muito espelho e muita gestão pessoal diária. É um ginásio que o líder transporta consigo. Passa, depois de muitos treinos, a conhecer os outros e porque são diferentes dele próprio. Os quês e os porquês dessas diferenças. Compreender o outro e aceitá-lo, conhecê-lo, respeitá-lo é fundamental. Só a partir daí é possível ousar geri-lo, liderá-lo. Então o caminho parece ser simples, embora complexíssimo na prática: líder em processo de autoconhecimento (avaliação), líder em processo de autogestão (treino, ginásio), líder a conhecer os outros (diferenças e idiossincrasias de cada um) e, finalmente, líder a gerir outros (é aqui que o líder se atira à piscina e aprende a nadar; nunca sem os trabalhos anteriores, mas, fundamental, aprender a nadar; e repetir sempre o processo, dia após dia).
2 – Que a versão do líder deve ser a sua melhor versão. Palavras mais que gastas e circulantes, em barda, nas redes sociais. O que significa isto? Que o líder deve ser fruto do seu esforço, muito esforço, sem por nunca em causa quem é e aquilo em que acredita. Fundamental para liderar quem seja. Se fores tu, todos conhecem o teu eu, relaxado ou em esforço, descontraído ou em ebulição. Mas és tu. Autenticidade acima de tudo.
3 – Depois, a importância da improvisação. Porque os líderes improvisam. E muito. E têm mesmo que aprender a improvisar. Ligar “no ar” este e aquele pontos e fazer sair alguma coisa de estruturado, mesmo que improvisado. Importante: sem mentiras.
4 – Os paradoxos. Muitos paradoxos. E as dependências dos contextos. Sabemos todos que o líder muda de opinião consoante a envolvente. Porque a envolvente faz parte da “coisa” que gere. Que dificilmente quando envolve pessoas há duas situações iguaizinhas. Que é muito complexo padronizar quando se está a falar de seres humanos. Por isso, e não apenas por isso mas porque efetivamente o contexto é mutável, o líder vive de e com paradoxos. Não são mentiras. São verdades hoje que amanhã podem não ser por causa da mudança de contexto. Sem mentiras, com clareza, com objetividade, com sentido humano e mesmo sabendo que, sendo humanos, erram. E se for caso disso, sabem retratar-se.
5 – Decisão, decisão, decisão. Ninguém que lidere o que seja escapa ao escopo e à dimensão decisional. Muitas vezes simples. Algumas vezes complexa. Outras dificílima. Mas é decisão e pede-se muito ao líder que decida. Em última análise, que decida mesmo. Sem retirar nunca espaço de decisão aos seus liderados. E sempre com uma verdade conexa: quem decide tem de se responsabilizar e dar a cara pela decisão. Sem capotes para sacudir águas.
6 – E na sequência, sendo responsáveis. Os líderes são responsáveis pelo que fazem. São responsáveis pelo que pedem para que seja feito. São responsáveis pelos seus erros. Mas organizacionalmente também responsáveis pelos erros das suas equipas. Sempre. Uso muito uma expressão: os líderes são os primeiros e os últimos na “cadeia alimentar”.
7 – Obrigatório não largar o humor, o “for fun” e a criança que existe dentro de cada um. Um bocadinho de Peter Pan não faz mal a nenhum líder. Como? Com genuinidade.
8 – Pedir ajuda. Os líderes não sabem tudo. Mas em equipa sabem mais. Muito mais. Pedir ajuda e pedir para que seja explicado, para que seja exaustiva ou ligeiramente explicado é fundamental. No fundo, pedir o apoio que é preciso. Porque o líder precisa de muito apoio.
9 – Agradecer muito. Agradecer sempre. Se um líder chega a um resultado chega porque tem uma equipa. Raramente sozinho. A aposta, a confiança na sua equipa são fundamentais. O agradecimento à sua equipa, sempre, imprescindível. E o pedir desculpa, que não menoriza ninguém, idem aspas.
10 – Finalmente, a proibição para qualquer líder. Está proibido de ler livros de autoajuda. Porque simplesmente não ajudam. A melhor ajuda, se querem saber, vem do espelho. Olhem-se ao espelho. Se estiverem por bem, o espelho dir-vos-á tudo. Tudo mesmo. Até quando não devem liderar.