Opinião
Naturalmente tecnológicos, mas primeiro humanos.
O nosso contexto diário é inegavelmente, e cada vez mais, assoberbado por tecnologia. É-o em praticamente todos os aspetos das nossas vivências diárias, principalmente no contexto profissional. Aqui, a automatização de processos já não se restringe apenas à utilização de novas ferramentas que nos ligam uns aos outros mais eficazmente ou que incrementam a eficiência de processos outrora manuais.
Neste momento, tecnologias como inteligência artificial, machine learming e blockchain estão a posicionar-se para eliminar quase totalmente certas tarefas que são agora essenciais no nosso dia a dia. Não tenho dúvidas que o meu filho irá encontrar um mercado de trabalho cujas exigências base serão totalmente diferentes daquelas que eu encontrei no início da minha carreira.
De facto, em alguns setores esta revolução já se iniciou ou até se instalou totalmente, estando neste momento dar os seus primeiros passos noutros setores, tipicamente mais conservadores. A área de recursos humanos é um deles e apesar de haver uma miríade de temáticas de relevo que poderiam ser aqui abordadas, o meu foco será a área do recrutamento.
Embora ainda não com a preponderância vista noutros setores, as tecnologias de inteligência artificial e machine learning já estão a ser utilizadas nos processos de recrutamento diariamente. Basta pensarmos em ferramentas que utilizamos no nosso quotidiano como Talent CRMs e os respetivos softwares que possam estar conectados a estes, ferramentas que já incorporam e aplicam princípios de automação digital.
Dentro do recrutamento existem mais campos nos quais a implementação destes tipos de tecnologias está a crescer a olhos vistos. Exemplo disto mesmo são as abordagens inovadoras de anúncios de emprego direcionados a públicos específicos, targeted ads, tal como já se faz no mundo da publicidade digital. O engagement que obteremos por parte dos candidatos será maior e a comunicação feita pelas empresas será mais eficiente, apenas referindo algumas das vantagens mais diretas.
Todas estas ferramentas irão certamente evoluir num sentido que as irá aproximar, criando assim soluções integradas e holísticas para os desafios específicos da área do recrutamento. É impossível prevê-lo com 100% de certeza, mas tudo indica que no futuro iremos cada vez mais dar primazia a soluções que conjuguem a presença digital dos candidatos e empresas em redes sociais, com novos formatos de interação entre estes interlocutores, e as ferramentas de backoffice utlizadas diariamente pelas empresas.
Esta «ascensão» dos processos automatizados parece trazer consigo a inevitável substituição de pessoas por máquinas. Mas a meu ver este não será o caso, pelo menos não na área do recrutamento, que apesar de poder beneficiar grandemente desta prometida progressão da tecnologia, nunca poderá estar completa sem a sua vertente humana.
Nos tempos que se avizinham, o grande desafio para as empresas não está em incorporar estas novas tecnologias e tendências cada vez mais digitais, isso vai ser fácil. É quase natural na nossa geração, certamente será inteiramente natural na próxima. Aquilo que será mais desafiante é a forma como as empresas irão manter o foco no seu recurso mais importante: as pessoas.
Este equilíbrio entre aquilo que temos vindo a chamar da transformação digital, um fenómeno que se irá manter em permanência, e a valorização da vertente humana é, já na atualidade, absolutamente imprescindível para as empresas. A evolução do nosso contexto laboral é aquilo que será o fator preponderante para distinguir as boas empresas, agora e no futuro.
Esta será a área determinante para que as empresas mantenham a capacidade de atrair talento. E se atualmente já é uma vantagem na atração de talento em mercados crescentemente competitivos, no futuro será vital para a sobrevivência das empresas.
Acredito que cada vez mais somos naturalmente tecnológicos, mas não deixamos de ser, sempre e em primeiro lugar, humanos. A fórmula de crescimento sustentado para qualquer empresa que pretenda entrar e ser bem-sucedida na era da transformação digital é inevitavelmente de unir estas duas vertentes.
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Regional Managing Director na IT People Innovation, Constança Santos lidera atualmente o desenvolvimento de negócio da empresa na região norte. Com este foco, fortaleceu o gosto pelo trabalho com pessoas dentro das áreas de outsourcing e nearshore de IT, onde a retenção e desenvolvimento do talento é vital e está presente no dia a dia. Licenciada em Gestão de Sistemas de Informação Multimédia e com um MBA, acumula já cerca de 15 anos de experiência nesta área, onde os desafios humanos exigem tanta inovação quanto os tecnológicos. Foi na IT People Innovation que encontrou a cultura encorajadora e a estratégia coesa para enfrentar estes desafios diários com novas abordagens.








