53% dos trabalhadores reportam aumento de stress, revela estudo da Deloitte

O Global Human Capital Trends 2024 da Deloitte constata que o stress tem aumentado nos trabalhadores e que estes temem que a tecnologia lhes roube os empregos.
Com o objetivo de identificar as principais tendências a nível de capital humano e recursos humanos no contexto empresarial, o Global Human Capital Trends 2024 revela que o aumento de stress em 53% dos trabalhadores inquiridos é uma realidade e que 28% temem que a tecnologia possa absorver os seus empregos.
Nesta edição, o estudo da Deloitte verifica que à medida que as mudanças tecnológicas e culturais estão a reestruturar o mundo do trabalho, o foco no fator humano assume-se como o principal elemento na criação de valor acrescentado para as empresas. Além disso, constata que os líderes, conscientes desta mudança, já estão a encetar esforços para transformar esta perceção em estratégias concretas que permitam alavancar o potencial humano.
A análise destaca também que, em vez de priorizarem as questões empresariais em detrimento dos resultados humanos, as organizações devem adotar uma abordagem de sustentabilidade humana como forma de melhorar os resultados para os trabalhadores, clientes e sociedade em geral.
A propósito desta pesquisa, Nuno Carvalho, partner da Deloitte, refere que “apesar de assistirmos a uma aceleração geral da utilização da tecnologia, muito potenciada na área da inteligência artificial, deverá existir uma consciência real da importância do papel que as pessoas têm nas organizações e na sustentabilidade das empresas. Essa poderá ser a chave para o sucesso das organizações, numa altura em que as abordagens tradicionais da forma como trabalhamos caem em desuso”. Acrescenta ainda que “é cada vez mais um fator crítico de sucesso apostar na sustentabilidade humana das organizações, dos mercados e da sociedade como um todo”.
No conjunto das suas conclusões, o Global Human Capital Trends 2024 identificou também oito tendências que mostram como uma combinação de resultados empresariais e humanos desempenha um papel importante no sucesso organizacional. São elas:
Valorização da sustentabilidade humana
O valor da sustentabilidade humana exige que as organizações se concentrem menos no quanto as pessoas beneficiam as organizações e mais no quanto a sua organização pode beneficiar as pessoas. Mais de metade das organizações (76%) reconhece a importância da sustentabilidade humana para o seu sucesso, mas apenas 46% afirmam estar a fazer algo para abordar esta questão.
Uso da transparência para criar confiança
Os trabalhadores deixam na sua atuação um rasto de dados que pode dar aos líderes uma visibilidade microscópica do funcionamento das organizações e dos seus colaboradores. Esta transparência de dados pode criar valor partilhado tanto para os trabalhadores como para as organizações, quando gerida responsavelmente. Mas também pode trazer riscos, como violações da privacidade ou da vigilância baseada em inteligência artificial.
Um olhar diferente para as métricas de produtividade
As métricas tradicionais de produtividade estão a perder a sua eficácia. 74% dos inquiridos afirmaram que procurar melhores formas de medir o desempenho dos trabalhadores para além da produtividade tradicional é muito ou extremamente importante. No entanto, apenas 40% afirmaram estar a fazer alguma coisa e apenas 17% consideram que a sua organização é eficaz na avaliação do valor criado por cada trabalhador para além das métricas tradicionais.
O défice na imaginação.
73% dos inquiridos afirmam que é importante garantir que a imaginação humana acompanha o ritmo da inovação tecnológica, mas apenas 9% estão a fazer progressos no sentido de alcançar esse equilíbrio. Trata-se de algo importate, uma vez que as organizações que abordam o problema do défice de imaginação têm quase o dobro da probabilidade de alcançar os resultados empresariais e humanos desejados. As organizações devem fazer do desenvolvimento de capacidades inerentemente humanas como a curiosidade, a empatia e a criatividade uma prioridade estratégica.
Espaços de criatividade, imaginação e exploração.
Através dos “digital playgrounds” os trabalhadores podem experienciar as possibilidades do novo futuro tecnológico para melhorar os resultados comerciais mais rapidamente. 65% dos inquiridos reconhece que a criação destes espaços é importante. No entanto, apenas 41% estão a fazer algo a esse respeito. O relatório indica ainda que as organizações que conseguem colmatar esta lacuna com sucesso têm 1,6 vezes mais probabilidades de atingir ou exceder os seus objetivos financeiros e de proporcionar um trabalho significativo aos trabalhadores.
Importância das microculturas no ambiente de trabalho
As organizações que adotarem o modelo de microculturas têm 1,8 vezes mais probabilidades de alcançar resultados humanos positivos e 1,6 vezes mais probabilidades de alcançar os resultados comerciais desejados. Quanto às perceções dos inquiridos, 60% dos diretores e 71% dos trabalhadores mais próximos do dia a dia do trabalho reconhecem a importância das microculturas mais do que os seus líderes seniores. Esta foi identificada como a tendência mais difícil de abordar, com apenas 12% a fazer o suficiente para obter progressos significativos.
Lacuna entre o saber e o fazer tem de passar pelos recursos humanos
72% dos inquiridos sabem que a mudança de paradigma é importante, mas 31% dos diretores executivos afirmam que esta mudança é uma das três mudanças mais difíceis de abordar na sua organização, e apenas 41% estão a fazer algo para progredir. O estudo confirmou que ao colmatar esta lacuna, as organizações têm 1,6 vezes mais probabilidades de alcançar os resultados comerciais desejados e 1,7 vezes mais probabilidades de alcançar resultados humanos positivos.
Evoluir a capacidade de liderança para impulsionar o potencial humano
O fator humano tem vindo a ganhar um novo ímpeto, sendo um dos principais focos das organizações, mas apesar dos líderes reconhecerem o seu papel na humanização das organizações, muitos continuam a basear-se em pressupostos ultrapassados. 30% dos executivos continuam a trabalhar de forma independente, ao invés de se focarem numa liderança mais integrada e multifuncional que permita alcançar melhores resultados e desbloquear todo o potencial humano. O estudo conclui também que apenas 10% da força de trabalho e 22% dos líderes concordam que as suas organizações estão a acrescentar valor para os colaboradores.