5 questões a Tomás Penaguião, partner da Bynd Venture Capital

O partner da Bynd Venture Capital Tomás Penaguião responde a cinco questões e deixa uma chamada de atenção aos fundadores: antes de um primeiro contacto, devem fazer o trabalho de casa e entender o foco de cada investidor e a respetiva tese de investimento.

Partner da Bynd Venture Capital, Tomás Penaguião juntou-se à equipa em 2016, logo que concluiu o Master em Management na Nova SBE. Desde então já esteve envolvido em mais de cinco mil projetos e mais de 35 novos investimentos. Nas respostas às questões lançadas pelo Link To Leaders identifica alguns dos erros que as start-ups não devem cometer.

O que é para si inovação?
Concetualmente, a inovação é a disrupção da norma através da exploração de novas ideias, produtos ou modelos de negócio. No entanto, no contexto das startups, muitas vezes a execução tem um papel mais importante no sucesso do seu negócio do que a inovação. Existem várias empresas bem-sucedidas que são simplesmente “cópias” de modelos de negócio que mostraram ter êxito noutras geografias. Assim, no universo do empreendedorismo, inovador não é, necessariamente, aquele que consegue inventar algo diferente e mudar uma indústria, mas aquele que consegue resolver um desafio do setor em que atua de forma mais eficiente e eficaz.

Qual a área de negócio com mais potencial em termos de investimento no futuro?
Na Bynd VC, acreditamos muito no papel que a tecnologia pode ter na disrupção de distintos setores. Duas áreas que nos parecem particularmente promissoras são a aplicação da blockchain a distintos casos de uso, como a identidade digital, pagamentos online ou a monitorização de cadeias de distribuição, e tudo o que esteja relacionado com a aplicação da tecnologia na promoção de um planeta mais sustentável – o chamado “climate tech” –, que vai desde alternativas à proteína animal, softwares para monitorização da pegada carbónica ou a digitalização do acesso à energia solar.

Qual a competência fundamental para exercer a liderança nos dias de hoje?
Numa liderança de qualidade, há duas componentes que devem andar de mãos dadas: a exigência para extrair o melhor de cada colaborador e, ao mesmo tempo, a capacidade de os apoiar e guiar no seu trabalho e no processo de decisão. É também fundamental conseguir passar os valores que definem a cultura de cada empresa – no caso da Bynd VC, estes são a integridade, o compromisso e o espírito empreendedor.

Que argumentos não devem faltar numa start-up para atrair investimento?
O processo de investimento deve ser tratado como mais uma área de negócio dentro de uma empresa e, para conseguir atrair investidores de qualidade, alguns passos devem ser seguidos.
O primeiro é estruturar a estratégia de levantamento de capital como um processo comercial, ou seja, montar um funil com vários potenciais investidores e definir a forma mais eficaz de os contactar.
O segundo passa por ter materiais profissionais e bem estruturados, com os dados bem apresentados e fundamentados, para partilhar com os investidores.
Por fim, o terceiro passo é ter um plano de negócios com a justificação da canalização do investimento e os resultados a atingir.

Outro ponto importante é tratar cada investidor de uma forma personalizada, já que nem todos investem nas mesmas fases de uma start-up, há investidores mais focados em determinados setores que outros, e cada um tem a sua forma de trabalhar com as empresas do seu portefólio. Assim, antes de um primeiro contacto, os fundadores devem fazer o trabalho de casa e entender o foco de cada investidor e a respetiva tese de investimento.

Erros que as start-ups nunca devem cometer?
Ao longo destes mais de 10 anos de atuação, temos observado alguns erros bastante comuns, sobretudo de fundadores que estão a lançar a sua primeira start-up. Um deles é o de diluir uma quota de capital substancial numa primeira ronda de investimento. Para os que estão neste processo de decisão, a nossa dica é que não diluam mais de 20-25% por ronda de capital.

Outros erros incluem atrasar a entrada no mercado porque querem desenvolver um produto mais robusto ou sofisticado, antes de ouvir feedback de potenciais clientes. Sem este feedback, não conseguirão fazer o market fit necessário e comprometerão o êxito do seu negócio a longo prazo.

Por último, vemos também que algumas equipas baixam os padrões de exigência na contratação dos primeiros colaboradores, esquecendo-se que estes serão determinantes para o estabelecimento da cultura da empresa e padrões de exigência.

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