“É essencial um líder ser humanista, empático, flexível e resiliente”, defende Paulo Fernandes que, conjuntamente com Ricardo Nunes, fundou a start-up O Benefício.

O Benefício é uma start-up cofundada por Ricardo Nunes e Paulo Fernandes que se dedica ao desenvolvimento de produtos de edição limitada, alguns dos quais recorrendo à utilização de materiais e de conhecimento local. Está situada em Óbidos e e algumas das suas produções dão uma nova vida a materiais que, de outra forma seriam desperdiçados e desaproveitados.

Os responsáveis do projeto partilharam com o Link To Leaders as suas opiniões sobre temas ligados à atividade empreendedora.

O que é para si inovação?
Paulo Fernandes (P.F.): Defino inovação como o processo de criar ou introduzir algo novo, com o objetivo de melhorar ou resolver um problema existente ou simplesmente atender a uma necessidade de forma mais eficiente e eficaz. A inovação pode ser multidimensional e para nós é uma chave para o progresso do Benefício, que está cristalizada no nosso lema ” Ninguém sabe o que é, mas vai ser incrível”, obrigando-nos a procurar o novo e a inovar.

Qual a competência fundamental para exercer a liderança nos dias de hoje?
P.F.: É difícil definir uma competência, um líder é um ser humano e como todos os outros tem um conjunto de ferramentas ou competências que permitem exercer a sua função, para o caso, a função de líder. Mas diria que no momento em que vivemos, a competência fundamental para exercer a liderança é a capacidade de comunicação eficaz.

É importante que um líder se envolva e garanta a colaboração efetiva entre os membros que estão a trabalhar num projeto. É essencial um líder ser humanista, empático, flexível e resiliente.

Uma ideia que gostava de implementar?
Ricardo Nunes (R.N.): Estamos neste momento a implementar. O Portuguese Whisky Exchange (PWX) que é uma plataforma que permite que as destilarias de whisky utilizem tokens não fungíveis (NFTs) para gerir e distribuir a sua produção futura de barris (Cask) de whisky.

A PWX procura melhorar o processo de procura e compra de barris de whisky, fornecendo um mercado mais eficiente e flexível para que as pequenas destilarias possam vender os seus produtos diretamente ao consumidor final. Com o PWX as destilarias terão a liberdade de ampliar as suas operações e ter maior controle sobre a sua produção e distribuição. A data de lançamento deste projeto está para breve.

Que argumentos não devem faltar numa start-up para atrair investimento?
R. N.:  Aqui teremos de utilizar os argumentos clássicos e que passam por ter uma proposta de valor que se diferencia das existentes e que tenha pontos fortes únicos. Ter uma estratégia de crescimento clara e uma compreensão do mercado potencial e como a nossa solução se enquadra no mesmo.
Acreditamos que ter uma equipa forte também será fundamental, uma vez que a experiência é algo que acrescentará bastante valor. Também consideramos que é fundamental ter a capacidade de mostrar evidências dos avanços que o projeto tem ao longo do seu desenvolvimento.

Erros que as start-ups nunca devem cometer?
P. F.: Nós já cometemos alguns erros, mas o caminho de uma start-up é repleta de desafios e os erros fazem parte desse caminho. O mais importante, na nossa opinião, é estar preparado para enfrentar, solucionar e aprender com eles. De uma forma genérica, existem alguns erros que achamos que devem ser evitados: prever que tudo acontecerá rápido, não ter um objetivo claro ou uma estratégia sólida para o projeto, o que implica saber quem é o nosso público e o que precisamos para chegar a ele. Não ter a capacidade de adaptação rápida às mudanças de mercado e/ou tecnológicas.

Todas as start-ups cometem erros, todos diferentes em contextos e ecossistemas diferentes, mas o importante é seguir em frente. Costumo dar o exemplo da maratona: ao longo das três horas e tal de corrida vais cometer erros que te custam tempo, mas não podes parar, tens de seguir até ao objetivo que definiste – a meta. Não se trata de uma corrida ao sprint, mas de uma endurance e para isso é preciso paciência e resiliência.

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