Entrevista/ 5 questões a Daniel Braga, cofundador da Spinner Dynamics e da GermIrrad

“O pior erro que uma start-up pode cometer é o medo de falhar, o medo da validação pelo mercado”, assegura Daniel Braga, cofundador da Spinner Dynamics e da GermIrrad.
Recentemente, a Germlrrad ganhou o Prémio de Inovação, categoria criada pela ANJE – Associação Nacional de Jovens Empresários (ANJE), no âmbito da parceria entre o Prémio Jovem Empreendedor e o projeto Born from Knowledge (BfK), da Agência Nacional de Inovação (ANI). A Germlrrad resulta da parceria entre o Instituto de Engenharia Eletrónica e Informática de Aveiro (IEETA) da UA, a Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto e a SpinnerDynamics, uma start-up tecnológica sediada em Arouca e focada no desenvolvimento de soluções de engenharia.
Promovido por Liliana Correia, Daniel Braga, Bruno Teixeira, Sérgio Tavares, o projeto consiste num robô autónomo para desinfeção de espaços públicos, através de radiação ultravioleta e soluções químicas inócuas e que tem como objetivo de promover a desinfeção sustentável e eficaz de ambientes complexos como o sector da saúde e sector da saúde e agroalimentar, através do desenvolvimento de soluções de desinfeção, contínua, automatizada e eficiente, recorrendo a inteligência artificial no apoio à decisão do sistema.
Daniel Braga, cofundador da Spinner Dynamics e da GermIrrad, partilhou com o Link to Leaders a forma como encara a inovação e deixa sugestões de erros que as start-ups não devem cometer.
O que é inovação para si?
A meu ver, a inovação contempla dois pontos absolutamente vitais. Por um lado, a geração de valor acrescentado de novas ideias e por outro um impacto positivo e transformador gerado pela mudança. Não basta apenas gerar novas ideias, e aqui, diga-se ideias como produtos, serviços, metodologias, processos, etc., mas, para que estas ideias realmente se traduzam em inovação é imperioso que resultem em valor acrescentado para os diferentes intervenientes. Enquanto desenvolvíamos a tecnologia GermIrrad, e aliás continuando futuramente, este foi um pensamento que sempre esteve connosco a cada decisão, questionando-nos, “Como trazer valor e a quem com esta opção?”, “Esta opção resulta em maior eficácia de desinfeção?”, “Conseguimos reduzir o custo com desinfetantes e o impacto ecológico destes?”.
Inovação envolve mudança, seja de processos, de metodologias, entre outras. E esta mudança deve resultar num impacto positivo. Este impacto é sentido de formas diferentes por diferentes entidades ou pessoas, seja do ponto de vista económico, com valor acrescentado, ou redução de custos, ou em impactos mais holísticos, difíceis de quantificar, mas que são hoje tão ou mais importantes que os impactos económicos diretos, como os sociais e ecológicos.
“Alguém curioso procura constantemente formas melhores de fazer as coisas, e de motivar pessoas”.
Qual a competência chave para exercer a liderança hoje em dia?
Liderança requer um conjunto muito grande de competências, mas eu diria que hoje em dia é fundamental ser alguém curioso, com uma mente aberta e disponível para aceitar opiniões e modos diferentes de atuar. Alguém curioso procura constantemente formas melhores de fazer as coisas, e de motivar pessoas. Desta forma também não se criam rotinas contraproducentes baseadas na máxima “Sempre fizemos assim”.
Uma ideia que gostaria de implementar?
No contexto da tecnologia GermIrrad há várias ideias interessantes a implementar, envolvendo a simbiose de processos de desinfeção híbrida físico-química, monitorização de espaços, ou processos (no caso da aplicação na indústria agroalimentar), com inteligência artificial para um rastreio efetivo e rápida tomada de decisão. Mas a ideia de que eu mais gostaria de ajudar a implementar prende-se com o potencial empreendedor dormente na população mais jovem no nosso país. A ideia de criar makerspaces combinados com mentoring de gestão e negócios abertos a jovens em idade do ensino secundário, creio que traria muitas futuras ideias de valor e pessoas preparadas para enfrentar os desafios que se anteveem.
Que argumentos não devem faltar numa start-up para atrair investimento?
Uma start-up é por sua natureza uma empresa jovem, sem grande histórico, com elevado potencial, mas também risco. Como tal, um plano de negócio aliciante é claro algo muito importante, mas dada o pouco histórico diria que não é o mais fundamental. O argumento mais importante é mesmo uma equipa competente criativa e altamente motivada, com isso especialmente visível nos seus líderes.
“(…) O pio erro que uma start-up pode cometer é o medo de falhar (…)”.
Erros que as start-ups nunca devem cometer?
O pior erro que uma start-up pode cometer é o medo de falhar, o medo da validação pelo mercado. Embora o primeiro feedback sobre os produtos ou serviços desenvolvidos não seja definitivo e absoluto sobre a viabilidade do mesmo, pode dar indicações valiosas sobre o caminho a seguir, sobre aquilo que realmente tem valor e sobre os pontos que podem ser melhorados. Não tirar partido desta informação só se traduz em mais tempo a navegar em total escuridão.