4 deveres do líder responsável do século XXI

Se em tempos uma liderança responsável se cingia a atingir os números pretendidos e a agradar aos acionistas, no séc. XXI é esperado mais. Christian Voegtlin, professor associado da Audencia Business School, em França, avançou com quatro pilares para a liderança deste século.

A figura do líder responsável tende a evoluir com os tempos e a acompanhar as mudanças culturais. Mas o que tornava um líder responsável no séc. XX será o mesmo no séc. XXI?

Christian Voegtlin, professor associado da Audencia Business School, em França, uma das mais antigas escolas de comércio do mundo, desenvolveu um estudo com o objetivo de dar resposta a esta questão.

Segundo o professor, “uma abordagem global que integre todos os departamentos de uma empresa, permite não só mudar o mundo e a sociedade, mas também reforçar a inovação e a rentabilidade. Cada vez mais é esperado que os líderes de empresa não se limitem a assumir os seus compromissos para com os acionistas da empresa, mas que respondam também para com a sociedade e o ambiente”.

Mas, afinal, quais são hoje os deveres do líder responsável? Baseando-se no estudo, Voegtlin avançou com os quatro pilares que tornam um líder responsável no século XXI, cita o Les Echos.

Prevenir acidentes e escândalos

Primeiro elemento-chave: ser capaz de fazer julgamentos éticos claros sobre as normas e os regulamentos em vigor. Para isso, é preciso que tome uma posição sobre os aspetos sociais e organizacionais, o que implica denunciar práticas consideradas não éticas, de forma a conseguir gerar impacto social.

Este perfil de líder vai muito além do que era considerada uma liderança ética e responsável, que se baseia na denúncia dos responsáveis pelas práticas antiéticas. Hoje é preciso estar virado para o futuro e atuar de forma proativa, antecipando e prevendo acidentes e escândalos. O desafio atual é que haja uma reflexão a longo prazo de toda a sociedade e do mundo.

Consultar todas as partes interessadas

Um dos aspetos mais referidos pelos gestores inquiridos no estudo foi a comunicação eficiente entre as partes interessadas da empresa. Embora seja desafiante conseguir uma total transparência, o líder deverá criar uma relação saudável com todos os interlocutores, com intervenção direta na empresa. Hoje já não basta ter uma atenção especial nas interações com os acionistas. O desafio passa por levar também em consideração os colaboradores, sindicatos, agentes locais, ONG e organismos profissionais.

Consegui-lo passa por criar um plano preciso e coordenado de veiculação de toda a informação que se relacione com o posicionamento da empresa para com cada uma das partes interessadas.  E atenção, o feedback de cada uma deverá ser também considerado no processo de decisão.

Promover a corresponsabilidade

Mas como garantir o sucesso deste novo modelo de liderança responsável? A resposta parece ser a da resolução dos problemas em conjunto.

Os líderes devem recorrer ao seu poder de influência, para levar ao diálogo e à procura de soluções favoráveis a todas as partes envolvidas, naquilo a que os investigadores chamam de “modelo de conexão social” da responsabilidade. Seguindo este modelo, todas as partes envolvidas na reflexão assumirão a responsabilidade por eventuais prejuízos causados por injustiças que resultem das decisões que tomaram em conjunto.

Modificar a forma de contratar na empresa

A liderança responsável e partilhada implica que todas as partes assumam papéis decisivos em conjunto, como, por exemplo, no processo de contratação de novos colaboradores. O desafio passa por conseguir compatibilizar os objetivos de cada uma das partes, recorrendo a uma lógica económica e social. Para que tal seja possível, é necessário que o líder detenha um elevado nível de conhecimento, elevada inteligência emocional e que aja em conformidade.

O estudo sugere que os líderes sejam incentivados, por exemplo, a participar em atividades promovidas por ONGs, para que lhes seja mais fácil compreenderem todas as partes. Nas empresas, aponta-se o desenvolvimento das mesmas competências através de políticas de recursos humanos que promovam a diversidade, a formação em gestão de conflitos, em autocrítica, entre outros.  Este círculo virtuoso ajudará a reforçar o envolvimento dos colaboradores com a empresa e a promover os comportamentos de cidadania.

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